Pecados contra o Primeiro Mandamento de Deus

De dois modos, se ofende a virtude da religião, ou dever de culto ordenado pelo Primeiro Mandamento: pecado por excesso, pecado por defeito.

1º – Pecado por excesso – Classificam-se nesta categoria de pecados, a idolatria e a superstição. São desvios nos modos de cultuar a Divindade e constituem o que se chama vida pagã.

2º – Pecado por defeito ou irreligião – Nesta outra categoria, entram – a) os sacrilégios, conspurcando as coisas santas; – b) os incrédulos ou ateus, que negam a Deus; – c) os indiferentes, que o desconhecem. Estas duas classes de pecados contra o dever de culto é que são objeto da presente lição.

PRIMEIRA CATEGORIA – PECADOS POR EXCESSO

1º – Idolatria – A idolatria consiste em prestar às criaturas o culto devido somente a Deus.

– Idolatria por ignorância – é a situação dos infiéis e dos pagãos, julgando que seus ídolos são verdadeiramente deuses;

– Idolatria verdadeira – É o pecado dos que conhecem a Deus, e, contudo, adoram ídolos: isto sucedeu muitíssimas vezes, entre os judeus;

– Idolatria fingida – É o caso dos que, ficando amedrontados com as ameaças de suplícios perseguidores, se prostravam exteriormente diante dos ídolos, sem prestar, no entanto, nenhum culto interior. Foi o pecado de alguns primeiros cristãos que ofereceram sacrifício aos ídolos, para se forrarem aos tormentos. Por isso, são conhecidos por “lapsi”, ou seja, Ser lapso ou relapso, que quer dizer ter caído novamente no pecado de idolatria ou de heresia.

Excetuando-se a que provém de ignorância, toda idolatria é pecado grave. No Antigo testamento, era proibida no preceito fundamental do Decálogo, e reprimida com penas extremamente severas. Com a Lei Evangélica, nos primeiros séculos da Igreja, tinham a idolatria por falta das mais pesadas. Impunham-lhe penitência pública, que durava até o fim da vida. Os “lapsi” só eram absolvidos na hora da morte, ou quando houvesse outra perseguição.

Contudo, é claro que a idolatria fingida, sendo provocada pelo temor, é menos culpada do que a idolatria verdadeira, oriunda da perversidade do coração.

2º – Superstição – Considerada de modo geral, a superstição é um desvio do sentimento religioso, é uma compreensão errônea, falha, do culto e da sua prática.

Superstições são: as observâncias vãs, a divinação, a magia, hipnotismo e as formas menos antiquadas do espiritismo e do modernismo.

SEGUNDA CATEGORIA – PECADOS POR DEFEITO

1º – Sacrilégio – É a profanação de uma coisa sagrada, atentando a este caráter de sagrada.O sacrilégio é pessoal, real ou local;

a) pessoal, quando se bate em pessoa consagrada a Deus, ou se comete, com ela, o pecado de luxúria;

b) real, quando se profanam objetos sagrados. O roubo, o emprego, para funções comuns, de vasos ou paramentos sacros; atentados contra as relíquias dos santos, contra os bens eclesiásticos: a administração, ou recepção, dos sacramentos, indignamente: são sacrilégios reais. Acrescente-se ainda, a simonia (derivado de Simão o mágico, que ofereceu dinheiro aos Apóstolos para que lhe vendessem o poder de comunicar os dons do Espírito Santo), que foi a praga da idade Média. Consistia em confiar bispados e benefícios, a validos que melhor pagassem; em comprar ou vender relíquias;

c) local, quando se desrespeita um lugar consagrado (igreja, capela, cemitério), com a prática de atos ofensivos da santidade do lugar, indecências, etc.

O sacrilégio é pecado grave, por natureza. É o que se infere, logicamente, porque tratar sem delicadeza uma coisa sagrada, é injuriar ao possuidor a quem está consagrada a coisa, isto é, Deus.

Todavia, a gravidade da culpa dependerá de três circunstâncias:

a) a santidade da pessoa, da coisa, ou do lugar, que se profana. Por exemplo, se o objeto sagrado se usa no culto divino, só de modo indireto, é menos grave o sacrilégio;

b) da própria irreverência, conforme o ultraje foi maior ou menor;

c) da intenção do profanador. A culpabilidade deste varia, de acordo com o grau de consciência que ele vier da malícia do ato.

2º – Incredulidade – Incrédulos são os que não têm fé nos dogmas religiosos, os negam, e, às vezes, os combatem, quer por seus descritos, quer por seus atos. É a espécie mais prolífera da época atual. Por isso mesmo, são bastante conhecidos, eles, e suas artimanhas. Aliás, encontra-se, não raro, na vida que levam, a fonte do seu ódio gratuito, e de suas negações interesseiras. Isso tudo dispensa qualquer descrição aqui, da sua mentalidade e da sua tática.

3º – Indiferença – o incrédulo não dá, a Deus, o culto devido, porque não tem fé em Deus; Atreve-se, até, a combatê-lo; é irreligioso. O indiferente não é assim: não faz caso. Não quer examinar a questão mais importante de todas, a do destino: é a indiferença teórica. Ou então, vai vivendo como se Deus não existisse. Olvida-o. Não se preocupa com ele. Por preguiça ou descuido, não reza. Ou então, envergonha-se de parecer católico. Cora. É vítima do respeito humano. Não ouve missa. Não se desobriga dos deveres religiosos. Tudo isso, é indiferença prática.

CONCLUSÃO PRÁTICA

1º – Muito importa conhecermos perfeitamente as regras por que se pauta o culto que devemos a Deus. Assim, evitaremos as superstições ridículas que provocariam mofa e risos dos ímpios, ou escandalizariam os fracos, ou proporcionariam ensejo aos ataques dos perversos.

2º – Impor-se a regra inquebrantável de nunca assistir a sessão alguma de espiritismo, nem de hipnotismo e semelhantes.

3º – Ter um respeito muito grande a todas as coisas e pessoas consagradas a Deus.

(in Doutrina Católica – Manual de instrução religiosa – part. II, Cônego A. Boulenger)

Este texto foi útil para você? Compartilhe!

Deixe um comentário