(Detalhe) Oração - Anna Blunden - "For Only One Short Hour", 1854, Public Domain - Wikimedia Commons

Para quem ando eu trabalhando, e defraudando a minha alma dos bens da vida? (Ecl. IV, 8).

A vida do homem compõe-se de ações particulares que se prendem umas às outras como elos duma cadeia. O último, liga o tempo com a eternidade.

O valor que essas ações têm na presença de Deus, depende da intensidade de bom espírito e reta intenção de que estão animadas; se carecem de bom espírito; são como o vidro ou o chumbo, de nenhum valor; se são feitas com má intenção são como palha que o fogo do inferno há de consumir.

A maior parte das nossas obras de si indiferentes, como o comer, o beber, o passear, pode a reta intenção elevá-las e como que divinizá-las.

Perante Deus não há obras grandes ou pequenas. A ação mais insignificante feita por amor de Deus, adquire um valor imenso e torna-se digna da recompensa eterna e infinita. Que felicidade a nossa podermos fazer meritórias por meio da reta intenção, ainda as mais pequeninas ações! Ou comais, ou bebais, tudo o que fizerdes, fazei-o para glória de Deus (1).

A vida daquele cujas ações particulares estão animadas deste espírito divino, é uma cadeia de ouro! Mas como é pobre e inútil a cadeia da vida, se não tem nenhuma referência a Deus! como é miserável, se toda ela é composta de chumbo ou vidro, com exceção dos raros elos de ouro, que se encontram aqui e além!

Jovem cristã, pergunta-te com frequência: Para quem ando eu trabalhando? Será o amor próprio o móvel das minhas ações e omissões? Será o desejo de riqueza, de gozos, de ser louvada dos homens? Neste caso tudo o que fazes é terreno, vão e sem merecimento. Que desgraça tão irreparável! Sim: estás defraudando a tua alma do bem e da recompensa eterna do céu.

Começa pois, a dar à tua vida um rumo sobrenatural. Acostuma-te a levantar o coração ao céu, antes de começares a trabalhar. Acaso não terá Deus direito sobre cada um dos atos da tua vida? Custa tão pouco renovar a miúdo a reta intenção! E que novo caráter ela imprime às obras de cada dia! Como ela revigora o fervor, o espírito de sacrifício e a caridade!

Que ambiente tão salutar penetra no coração, quando tem a animá-lo este pensamento: tudo por Deu, tudo para a maior glória de Deus.

Oh vida celestial! cada dia dos teus vale mais do que mil de uma vida mundana e terrena!

Se Deus dispôs que os teus dias sejam breves, consola-te: esta vida tão rápida tornar-se-á longa, se a souberes consagrar a Deus.

Porque num número tão reduzido de dias terás fornecido uma longa carreira (2).

E se houveres de viver largos anos, quantos tesouros poderás acumular, começando desde já a viver bem, e a encher os dias de boas obras!

A Virgem Prudente, Pensamentos e Conselhos acomodados às Jovens Cristãs, por A. De Doss, S.J. versão de A. Cardoso, 1933.

(1) 1 Cor. X. 31.
(2) Sab. IV, 13.

Última atualização do artigo em 13 de janeiro de 2025 por Arsenal Católico

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