Em união com aquela dor com que sobre Vós tomastes as minhas culpas, causa de minha dor e arrependimento, e com que satisfizestes por meus pecados, ó Jesus, Senhor Nosso, e em comunhão com todos os que fazem verdadeira penitência e querem verdadeiramente unir-se a Vós, confesso em Vossa presença, Senhor, todas as minhas culpas, as que por malícia cometi, as boas ações que omiti, os pecados que pratiquei de propósito, ou por negligência, e que Vós bem conheceis em número, peso e medida; dos quais todos com lágrimas de dor por amor de Vós me pesa, meu Deus,; pesa-me dos dias que perdi em Vos ofender; dos que perdi em deixar de Vos louvar, desprezando-Vos a Vós, meu sumo Bem, e induzindo o próximo a pecar contra Vós.
Aceitai benigno, ó Senhor, o sacrifício que Vos faço dos anos, que me restam desta miserável vida. Dos que perdi no pecado, peço-Vos, Senhor, perdão, que não desprezais um coração contrito e humilhado.
Meus dias declinam e passaram sem fruto, e não me é dado revivê-los, mas Vós, Senhor, fazei que os chore na amargura da minha alma.
Senhor, o abismo da minha miséria clama pelo abismo da Vossa infinita misericórdia: não embargue a Vossa cólera os efeitos da Vossa misericórdia, e não se esgote a fonte da Vossa inesgotável comiseração, diante de nossos pecados, Vós, que de tudo e nenhuma coisa aborreceis das que haveis criado, Vós, que esqueceis os pecados dos homens por amor de sua contrição e arrependimento.
É de Vossa bondade, meu Deus; perdoar os pecados: compadecei-Vos de mim, Senhor, enquanto é tempo de perdão, e concedei-me, enquanto posso emendar-me, que trabalhe pela minha salvação, para que não caia sobre mim, no dia supremo do nosso juízo, a sentença da eterna condenação.
Fazei, ó Deus meu, que eu abandone os hábitos pecaminosos, e pratique obras de vosso agrado e complacência; e que o zelo, que até hoje tenho empregado em pecar, o aplique de ora em diante, ajudado de Vossa graça, em cumprimento dos Vossos preceitos afim de que, onde a culpa imperou, transborde e supere a Vossa divina graça.
Rogo-Vos, igualmente, por Vosso amor e da Santíssima Virgem, Vossa Mãe, pela intercessão de todos os Santos e Bem-aventurados, me tenhais por perdoado de todas as culpas e negligências, e tudo quanto por ignorância tenho de mau praticado; não me chameis a contas em meio de minhas iniquidades, nem façais em vossa cólera protrair o meu pecado até ao termo final da minha vida.
Lembrai-Vos, Senhor meu Jesus Cristo, que não é de Vossa bondade perder nenhum daqueles, que Vos foram entregues pelo Pai Onipotente, mas antes compadecer-Vos e perdoar, a nenhum condenar, mas a todos salvar, que para esse fim Vos enviou o Pai à terra, não para julgardes o mundo, mas para que houvéssemos a vida de Vós; para que fosseis por nós e não contra nós. Senhor, o que havemos perdido por nossas culpas, Vós no-lo restituístes; o que por elas desmerecemos, Vós o merecestes; o que nos faltou
a nós, Vós o preenchestes.
Aproveitai-me, Senhor, agora e na hora da morte, a inteira e superabundante satisfação que operastes com a Vossa dolorosíssima Paixão e Morte, com o Sangue que derramastes na cruz, com a renovação incruenta da Vossa Paixão, no Santo Sacrifício da Missa, oferecido todos os dias pela salvação dos fiéis, no qual Vós sois quem oferece, sois a quem se oferece, e sois o que se oferece para o fim de alcançar-me a mim, que nada mereço, a paz e a glória, que por Vossa dolorosíssima Morte e Paixão nos conquistastes.
Vossos olhos, Senhor, puderam ver a minha iniquidade, mas Sois bondoso e cheio de misericórdia acima do que merecemos por nossa maldade; por isso não me haveis de contar entre os condenados à pena eterna, que Vos não quero perder, meu sumo bem e derradeiro fim; não risqueis meu nome do livro da vida, mas reservai-me o quinhão que por Vossas infinitas dores alcançastes aos fiéis, Vossos co-herdeiros na mansão eterna.
Mova-Vos, Senhor, contemplando as nossas fraquezas, piedade e comiseração conosco, Vós que conheceis a nossa miséria e nos não deixastes sem razão nesta terra de exílio. Poupai-me, que sou obra do Vosso amor; não fique para mim sem fruto Vossa dolorosa Paixão e o precioso Sangue, que por mim derramastes na cruz.
Ó Deus, que operais a santificação dos pecadores, concedei-me que, purificado das manchas do pecado, e com o espírito esclarecido Vos conheça, e, conhecendo-Vos, incessantemente de coração Vos busque, e possa, finalmente, depois de um trânsito feliz na morte, encontrar-Vos no céu, ó meu Jesus, onde com Deus Pai e o Espírito Santo viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. Amen.
MAGNIFICAT – Devocionário para uso comum e particular dos fiéis no convento e no século – Pe João Batista Lehmann, 1942.
Última atualização do artigo em 13 de março de 2025 por Arsenal Católico