ADOREMOS a Cristo Rei dos séculos! Cristo entrou no mundo como Rei. Como Rei do mundo, sacrificou-se na Cruz. Como Rei de todos os homens, deles e de todas as gerações espera que lhe rendam as homenagens que lhe são devidas.
1. Em primeiro lugar é a homenagem da união com Ele, que lhe devemos. “Eu sou a luz do mundo”; com estas palavras se nos apresenta. Quem não segue esta luz, anda nas trevas. “Eu sou o caminho” – outra palavra do mesmo Cristo. Quem não anda neste caminho, cairá no abismo. “Eu sou a Vida”. Quem não tem parte nesta Vida, fica morto. “Eu sou a porta única”, que abre para o rebanho de Deus. Quem não entra por esta porta, não verá o Pai. “Eu sou a verdadeira vide”. O ramo, uma vez separado da vide, será cortado e atirado ao fogo. Ele é o único Rei de Sião, o único Salvador, o único Juiz. “Só n’Ele há salvação. Do céu abaixo, nenhum outro nome foi dado aos homens pelo qual nos cumpra fazer a nossa salvação”. (Act. 4. 12). Quem deliberadamente se separa de Cristo, será condenado eternamente. Ou com Cristo ou contra Cristo, eis o dilema, em face do qual devemos tomar nossa decisão.
2. A fé é que Cristo Rei exige dos seus súbditos. Não é possível ser de Cristo, sem convictamente n’Ele reconhecer Deus verdadeiro. Desta fé, deste reconhecimento de Jesus cumpre fazer depender tudo. Aos judeus que perguntaram que obras deviam praticar, para ter o agrado de Deus, responde Jesus: “A obra de Deus é esta, que acrediteis naquele a quem enviou”. (Jo. 6. 29). Não muitas obras são, portanto, exigidas: mas uma só, a obra da fé em Jesus Cristo. Esta fé é que santifica. “É esta a vontade daquele que me enviou: que de tudo quanto ele me deu, nada eu perca, mas ressuscite-o no último dia.” (Jo. 6. 39). Negar esta fé é a desgraça eterna, como se depreende das palavras do Evangelho: “O Pai ama o Filho e tudo tem posto na sua mão. Aquele que crê no Filho, tem a vida eterna; o que, porém, não crê no Filho, não verá a vida, mas sobre ele permanecerá a ira de Deus.” (Jo. 3. 35). “Quem não crê, será condenado.” (Mar. 16. 16).
3. Cristo exige dos seus súbditos uma vida inteiramente ligada à graça. “Em verdade te digo, quem não renascer da água e do Espírito Santo, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne, é carne; e o que é nascido do espírito, é espírito. Não te admires de te haver dito: precisais nascer outra vez.” (Jo. 3, 5 – 7). Em verdade, vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós”. (Jo. 6. 53). “Aquele que crer e for batizado, será salvo”. (Marc.16. 16). Sem a vida da graça não há salvação, sem a união com Cristo não é passível uma vida na graça. “Eu sou a videira, vós sois as varas. O que permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem m.im nada podeis fazer. Se alguém não permanece em mim, será lançado fora, como a vara e secará; e o enfeixarão e meterão no fogo para arder.” (Jo. 15. 5).
4. Cristo quer de nós confiança e amor. “Confiai, sou eu, não temas.” (Marc. 6. 50). “Tem confiança, meu filho, teus pecados te são perdoados”. (Math. 9. 2). “Tem confiança filha tua fé te salvou”. (Math. 9. 22). “Tende confiança, eu venci o mundo.” (Jo. 16). “Tudo que pedirdes em meu nome eu o farei.” (Jo. 14. 14). “Em verdade, em verdade vos digo: se vós pedirdes a meu Pai alguma coisa em meu nome, ele vo-la dará. Vós até agora não pedistes nada em meu nome. Pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa.” (Jo. 6. 23). “Como meu Pai me amou, assim vos amei também. Permanecei no meu amor.” (Jo. 15. 9).
5. Cristo exige de nós a observação dos seus mandamentos. “Se guardardes os meus preceitos, permanecereis em meu amor; assim como também eu guardei os preceitos de meu Pai e permaneço no seu amor. Eu vos tenho dito estas coisas, para que a minha alegria esteja em vós, para que a vossa alegria seja completa.” (Jo. 15. 10). “Se me amais, guardai os meus mandamentos.” (Jo. 14. 15). “Quem observa os meus mandamentos, permanece em Deus e Deus nele.” (I. Jo. 3. 24).
6. Cristo exige a união com sua Igreja. Ela é seu reino e, unida a Ele, é a verdadeira vida. Nela depositou sua doutrina e sua graça. Por isso: “Quem não prestar ouvido à Igreja, tem-no por um gentio e um publicano.” (Math. 18. 17). “Permanecei em mim e eu ficarei em vós. Assim como a vara não pode dar fruto de si mesma, se não permanecer na videira, do mesmo modo também vós, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira e vós as varas. O que permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não permanece em mim, será lançado fora, como a vara e secará e o enfeixarão e meterão no fogo, para arder.” (Jo. 15. 4- 6).
7. Cristo exige definição clara diante do mundo e coragem no combate contra o mundo. “Todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. E o que me negar diante dos homens eu o negarei diante de Deus Pai que está nos céus.” (Math. 10. 32). “Se o mundo vos aborrece, sabei que, primeiro do que a vós, me aborreceu ele a mim. Se vós fosseis do mundo, amaria o mundo o que era seu; mas porque vós não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos aborrece.” (Jo. 15. 18). “Estas coisas vos tenho dito, para que vos não escandalizeis. Lançar-vos-ão das sinagogas; e vem a hora, em que qualquer que vos mate, julgará prestar serviço a Deus. Eles vos farão isto, porque não conhecem o Pai, nem a mim: Mas estas coisas vos tenho dito para que, quando chegar a hora, vos lembreis que eu vo-las disse.” (Jo. 16. 1 – 4).
8. Cristo exige completo afastamento dos erros do mundo. “Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós com a capa de ovelhas e por dentro são lobos rapaces. Pelos seus frutos os conhecereis.” (Math. 7. 15). “Caríssimos, não creiais em todo o espírito; mas experimentai os espíritos, se são de Deus; por que muitos falsos profetas têm saído no mundo. Nisto se conhece o espírito de Deus. Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne, é de Deus. E todo o espírito que divide Jesus, não é de Deus; e este é o anticristo, do qual ouvistes que vem e agora já está no mundo. Vós, filhinhos, sois de Deus e vencestes a esses, porque maior é o que está em vós, do que o que está no mundo. Eles são do mundo; por isso falam do mundo e o mundo os ouve. Nós somos de Deus. Aquele que conhece a Deus, nos ouve; quem não é de Deus, não nos ouve; é nisto que conhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro.” (I. Jo. 4. 1 – 6).
9. Cristo exige o estabelecimento do seu Reino em todo o mundo. “O que vos digo às escuras, dizei-o às claras; e o que vos digo aos ouvidos, publicai-o sobre os telhados”. (Math. 10. 27). “Por isto ide, ensinai a todas as gentes, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a observar todas as coisas que vos tenho mandado. E estai certos de que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”. (Math. 28. 19).
***
Sendo, pois, tão fundados os direitos de Cristo, tão elevadas suas atribuições, tão nobres seus ideais, tão justas suas exigências, seu Reino tão necessário e salutar ao mundo inteiro, não é então dever nosso cooperar com ele? Não é dever nosso, trabalhar pela realização do seu Reino em toda a parte, em nossos corações? – na família, na sociedade, no mundo inteiro?
Como isto se fará? Pela nossa sujeição a Cristo pela fé, pela confiança e pelo amor! Adoremo-lo no Santíssimo Sacramento. Recebamo-lo muitas vezes na santa Comunhão. Conformemos a nossa vida aos seus mandamentos! Façamos o que estiver ao nosso alcance, para que chegue a reinar sobre as nações!
Na Luz Perpétua, Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus para todos dos dias do ano, apresentadas ao povo cristão por João Batista Lehmann, Sacerdote da Congregação do Verbo Divino, Volume II, 1935.