Há dois caminhos, o da vida e o da morte. Grande, porém, a diferença entre ambos.
O caminho da vida é o seguinte: primeiro amarás a Deus, teu criador, e depois a teu próximo, como a ti mesmo; e tudo que não queres seja feito a ti, não o faças a outrem.
O ensinamento contido nestas palavras é o seguinte: bendizei aos que vos amaldiçoam e orai por vossos inimigos; jejuai pelos que vos perseguem. Com efeito, qual a vossa recompensa se amais os que vos amam? Não é isso que os pagãos fazem? Quanto a vós, amai os que vos odeiam e não tereis inimigos.
Afasta-te das paixões da carne e do corpo; se alguém te esbofeteia na face direita, volta-lhe também a outra e serás perfeito; se alguém te pede para andar uma milha, caminha duas com ele; se alguém toma o teu manto, dá-lhe também a túnica; se alguém tomou o que é teu, não lho exijas de volta, pois não o podes. Dá a todos que te pedem e não reclames (o que deste). Pois o Pai quer se dê parte a todos nos dons que se recebem. Feliz o que dá, conforme o mandamento, pois não será punido. Ai de quem recebe! Se alguém recebe por ter necessidade, será absolvido; aquele que não tem necessidade, porém, dará contas do motivo e do fim para o qual recebeu. Posto na prisão, será examinado sobre sua conduta e não sairá enquanto não devolver o último quadrante.
Mas também foi dito, sobre este ponto: molhe-se de suor a esmola nas tuas mãos, até que saibas a quem a dás.
Eis agora o caminho da morte. É, antes de tudo, mau e cheio de maldição: assassinatos, adultérios, maus desejos, fornicações, furtos, idolatria, práticas de magia, bruxaria, roubos, falsos testemunhos, hipocrisia, duplicidade, fraude, orgulho, malícia, arrogância, avareza, desonestidade no falar, inveja, insolência, presunção, ausência de temor de Deus. Caminho dos perseguidores dos homens de bem, dos inimigos da verdade, amantes da mentira, ignorantes da recompensa da justiça, dos que não aderem ao bem nem ao julgamento justo; dos que estão despertos, não para o bem, mas para o mal; que estão longe da doçura e da paciência, amam a vaidade, são gananciosos, não têm piedade do pobre e não se preocupam com os aflitos, desconhecem o seu próprio Criador, assassinos de crianças e corruptores da imagem de Deus; afastam o indigente e oneram os oprimidos; advogados dos ricos e juízes iníquos dos pobres, pecadores em tudo. Livrai-vos, filhos, de toda essa gente!
Do Livro: ANTOLOGIA DOS SANTOS PADRES, Paginas seletas dos antigos escritores eclesiásticos – CIRILO FOLCH GOMES, OSB
Última atualização do artigo em 3 de março de 2025 por Arsenal Católico