São Pedro, o primeiro Papa

Benjamin West, o primeiro sermão de São Pedro na cidade de Jerusalém [croped] , domínio público, Wikimedia Commons

Quem é que não conhece a vida de S. Pedro, daquele pescador da Galileia, escolhido por Nosso Senhor para ser o primeiro dos Apóstolos? S. Pedro, forte na fé, dedicado a seu divino Mestre a ponto de querer defende-lo com a espada! São Pedro que, fraco na tentação, negou seu Mestre, mas pela contrição se levantou e por Jesus foi nomeado chefe de sua Igreja! Não é tanto a vida de São Pedro que hoje se nos apresenta, mas mais o seu pontificado.

Na primeira vocação do Apóstolo, Jesus o olhou e disse: Tu és Simão, filho de Jona; serás chamado “Cephas” que quer dizer Pedro, isto é, pedra (Jo. I, 42). Esta mudança de nome é significativa. Jesus mesmo deu a explicação deste nome quando em Cesareia Philippe, disse ”Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus: tudo que ligares na terra, será ligado nos céus; e tudo que desligares na terra, será desligado nos céus.” (Math. 16).

Nestas palavras Jesus anuncia entre outras coisas: que Pedro é a rocha inabalável, que serve de fundamento à Igreja, na mesma recebe o supremo poder e a ele são entregues as chaves do céu.

Depois de sua gloriosa Ressurreição, depois da pesca milagrosa, depois do repasto misterioso na praia do lago Genezareth, Jesus dirigiu-se a Pedro, perguntando-o: “Simão, filho de Jona, amas-me mais do que estes?” Ele respondeu-lhe: “Sim, Senhor; sabeis que vos amo.” Jesus disse-lhe: “Apascenta meus cordeiros.” (Jo. 21 ). Com estas palavras Pedro foi por seu divino Mestre instituído pastor do seu rebanho.

Assim S. Pedro o compreendeu e pelos Apóstolos foi reconhecido Chefe da Igreja. Logo depois da Ascensão de Jesus Cristo, Pedro propôs a eleição dum substituto de Judas. Na festa de Pentecostes Pedro tomou a palavra e falou com tanta convicção e poder que no mesmo dia três mil Judeus pediram o batismo. Foi Pedro também o primeiro que com grandes milagres confirmou a verdade da fé que pregava. Ao pobre paralítico que, sentado na porta do templo lhe pediu esmola, disse o Apóstolo: “Prata e ouro não possuo, mas o que tenho te dou: Em nome de Jesus de Nazaré levanta-te e anda.” No mesmo momento o paralítico se levantou e andou. Além deste, Pedro operou ainda muitos milagres. Doentes que tocavam a orla do seu manto ou se colocavam na sua sombra, ficaram curados. As autoridades do templo quiseram proibir a Pedro a pregação da nova doutrina. Este, porém, respondeu: “É preciso obedecer a Deus de preferência aos homens.” Assim Pedro pregou o Evangelho com toda franqueza, não temendo cárcere e açoites. Foi ele também o primeiro dos Apóstolos que pregou aos gentios, como prova a conversão de Cornélio.

É difícil resumir em poucas palavras o que o grande Apóstolo fez pela propagação da santa fé. Atravessou toda a Palestina, pregou e fez milagres estupendos onde quer que chegasse. Curou instantaneamente a Enéas da paralisia de que sofria havia oito anos, chamou à vida a Tabitha, ordenou sacerdotes e sagrou bispos. Fixou residência em Antioquia, onde permaneceu durante sete anos. Preso por ordem de Herodes em Jerusalém, foi por um anjo libertado da prisão. Depois disto dirigiu-se a Roma, a sede da idolatria. De lá mandou missionários para a França, Espanha, Sicília e Alemanha. Nove anos depois, sendo expulso de Roma, voltou para Jerusalém onde pouco tempo ficou, para procurar outra vez a capital do império. Em Roma vivia um grande feiticeiro chamado Simão, que fazia guerra à Igreja de Cristo. Tendo ele muito prestígio entre os romanos e sendo protegido de Nero, marcou um dia em que, para comprovar a verdade da sua doutrina, na presença de todo o povo se ia elevar ao céu. Chegou o dia determinado e Simão de fato subiu aos ares. Pedro fez o exorcismo, e ordenou aos maus espíritos que se afastassem e Simão caiu de uma altura considerável, fraturando as pernas.

Este fato abriu os olhos de muitos que em seguida vieram pedir o sacramento do batismo. Mas serviu este fato também para que se desencadeasse uma furiosa tempestade contra a jovem Igreja.

O imperador Nero atiçava todas as paixões contra os cristãos. Pedro conservara-se algum tempo escondido da sanha do tirano e projetara a fuga de Roma. Saindo da cidade – assim conta a lenda – teve uma visão. Viu diante de si seu divino Mestre. “Senhor, para onde ides?” perguntou-lhe o Apóstolo. “A Roma, para ser crucificado outra vez”, respondeu Jesus, e a visão desapareceu. Pedro compreendeu o sentido das palavras e voltou para trás. Foi preso e levado ao cárcere mamertino onde se achava também S. Paulo.

A prisão durou oito meses. Neste tempo S. Pedro converteu os carcereiros Martiniano e Processo que com mais quarenta e oito neo-cristãos sofreram o martírio.

Condenado à morte, S. Pedro foi, como seu divino Mestre, cruelmente açoitado e em seguida levado à colina vaticana para ser crucificado. Estando tudo pronto para a execução, S. Pedro pediu aos algozes que o pregassem na cruz com a cabeça para baixo, porque se achava indigno morrer como seu divino Mestre.  Assim morreu o primeiro Papa da Igreja católica. No lugar do suplício foi mais tarde edificada a Basílica de S. Pedro. Os restos mortais do Príncipe dos Apóstolos e primeiro Papa se acham na mesma Basílica.

REFLEXÕES

Demos graças a Deus que nos chamou ao grêmio de sua santa Igreja. Levante a heresia a cabeça contra ela; pugnem contra ela a maldade e a mentira, nada poderá contra o rochedo de São Pedro. Por mais que se enfureçam, jamais cantarão vitória. A Igreja triunfará e seus inimigos perecerão nas ondas.

Rezemos pelo Papa, o legítimo sucessor de S. Pedro e representante de Cristo sobre a terra. Que o Senhor o conserve, o vivifique e dê-lhe felicidade sobre a terra e não o deixe cair nas mãos dos seus inimigos. Deus onipotente e eterno, compadecei-vos do vosso servo. Conduzi-o em vossa bondade pelo caminho da salvação, para que com a vossa graça deseje o que vos agrade e trabalhe com as suas forças para cumprir vossa vontade.

Na Luz Perpétua, Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus para todos dos dias do ano, apresentadas ao povo cristão por João Batista Lehmann, Sacerdote da Congregação do Verbo Divino, Volume I, 1928.

Última atualização do artigo em 16 de fevereiro de 2025 por Arsenal Católico

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