A Paixão do Senhor: O Senhor instituiu o Sacramento da Eucaristia

Tinha chegado à hora em que Jesus Cristo, Nosso Senhor, Sumo e Eterno Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, ofereceria o Corpo e o Sangue em sacrifício. Com isso reconciliaria a humanidade com Deus. O Corpo e Sangue que seriam sacrificados na cruz ficariam perpetuamente entre nós, sob a aparência de pão e de vinho, a fim de ser nosso sacrifício limpo e agradável a Deus.

Jesus Cristo está realmente no Sacramento da Eucaristia, fornecendo a cada um, o seu Corpo como verdadeira comida e o seu Sangue como verdadeira bebida. Por amor, Jesus deixou o alimento que fortalece a nossa esperança, desperta a nossa memória, acompanha a nossa solidão, socorre as nossas necessidades. A Eucaristia é testemunho de salvação e realização das promessas contidas na Nova Aliança. Preocupado com o futuro da Igreja e às portas da paixão e morte, não fazia outra coisa senão rezar e ordenar tudo de modo que nunca faltasse o Alimento eucarístico até o final dos tempos.

Os a póstolos estavam todos atentos, para ver o que aconteceria na nova cerimônia. O Senhor vestiu a túnica que tinha tirado, sentou-se outra vez à mesa e, como se fosse começar uma nova ceia, mandou os apóstolos reclinarem com Ele.

Vistes o que Eu fiz convosco. Chamais-me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou; se Eu, pois, sendo Mestre e Senhor, vos lavei os pés, vós ficais obrigados a fazer o mesmo, com caridade e humildade, por difícil que vos pareça e ainda que vos desprezem. Porque Eu dei-vos o exemplo, para que, como Eu vos fiz, assim façais vós também; porque o servo não é mais que seu senhor, nem o enviado é maior do que aquele que o enviou. Se compreenderdes bem estas coisas, sereis felizes se as praticardes (Jo 13, 12-17).

O Senhor não perdia nenhuma ocasião para demonstrar a Judas a tristeza que causava a traição, queria mostrar que não partiria enganado para a morte, mas porque queria: Disse-vos que sereis felizes, mas não digo de todos, porque conheço bem os que escolhi: De qualquer forma há de cumprir-se a Escritura: o que come à minha mesa há de me trair. Digo isto agora e com tempo, antes que aconteça, para que, quando o virdes cumprido, acrediteis no que vos disse que sou (Jo 1 3, 18-19).

Todos olhavam surpreendidos, notando no seu rosto e na sua atitude que faria algo grande e fora do comum. O Senhor tomou o pão ázimo, daqueles que tinham sobrado da primeira ceia, levantou os olhos ao céu para seu Pai, para que vissem que d’Eie vinha o poder de realizar uma obra tão grande. Deu graças por todos os benefícios que tinha recebido e, especialmente, por aquilo que naquele momento realizava por todos. Sagrou o pão com palavras novas, afim de preparar os apóstolos para a grandiosa novidade. Partiu o pão de modo que todos pudessem comê-lo e consagrou-o com as suas palavras. O Pão converteu-se no seu Corpo, continuava com aparência e sabor de pão, mas agora era o seu próprio Corpo que estava presente. As palavras com que consagrou o pão davam a entender claramente qual era a comida que lhes dava: Tomai e comei, isto que vos dou é meu Corpo, o mesmo que há de ser entregue na cruz por vós e pela salvação do mundo. Deu a cada um o pão consagrado e todos o tomaram e comeram. Sabiam o que realmente estava acontecendo, porque o Salvador disse com palavras bem claras.

Havia sobre a mesa um cálice de vinho misturado com um pouco de água. Tomou o Senhor o cálice em suas mãos, deu graças ao Pai, santificou com uma nova benção, consagrou-o com suas palavras e aquele vinho converteu-se no seu Sangue. Aquele mesmo sangue que corria pelas suas veias, estava realmente presente também naquela taça . As palavras com que tinha consagrado o vinho foram tão claras que os apóstolos entenderam bem o que lhes dava a beber: Bebei todos deste cálice, porque este é o meu Sangue com o que confirmo a Nova Aliança; o mesmo Sangue que derramarei por vós na cruz para que vos sejam perdoados os pecados.

O Senhor pretendia que o Sacrifício perdurasse na Igreja até o final dos tempos, por isso também deu o poder de consagrar o Vinho e o Pão aos apóstolos, e que esse poder fosse transmitido até sua volta, quando julgará o mundo. Ordenou expressamente que quantas vezes se celebrasse o sacrifício, o fizessem em sua memória. Deixava entre os homens um legado valiosíssimo: o seu Corpo e o seu Sangue, e todos os tesouros da graça que mereceu com a Paixão. Deste modo, perpetuava sua presença entre nós.

O Pão eucarístico está destinado ao sustento dos homens que vão como peregrinos pelo mundo. É tão grande e forte o fogo do seu amor, que faz os homens santos. As palavras divinas devem ser recebidas com fé e com todo o agradecimento, porque foi o próprio Senhor quem disse: Tomai e comei, isto é o meu corpo. Bebei todos deste cálice que é o meu sangue.

Como poderemos retribuir o grande benefício? Com todo afeto do coração, dizendo: Veja Senhor, este é o meu corpo; ofereço na dor, na doença, no cansaço, na fadiga e na penitência; este é o meu sangue, ofereço para sua glória; esta é minha alma que quer obedecer em tudo a sua vontade.

A Paixão do Senhor, Luis de La Palma, 1624.

Última atualização do artigo em 13 de março de 2025 por Arsenal Católico

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