QUAIS SÃO OS PECADOS CONTRA O SEGUNDO MANDAMENTO?
Os pecados contra o segundo mandamento são: jurar falso, jurar sem necessidade, blasfemar, rogar pragas e não pagar suas promessas.
I. O NOME DE DEUS. O JURAMENTO
O segundo mandamento manda-nos respeitar o santo nome de Deus. A Santa Escritura diz: “O nome de Deus é santo e terrível.” Antigamente os judeus escreviam este nome nos seus livros com letras de ouro e nunca ousavam pronunciá-lo fora da benção solene dos sacerdotes. Nesta ocasião o sacerdote pronunciava o nome de Deus três vezes. O sacerdote dizia:
“Deus, vos abençoe e vos guarde.
Deus faz brilhar seu rosto sobre vós e vos seja favorável.
Deus dirija seu rosto sobre vós e vos dê a paz.”
Fora desta benção os judeus diziam: “O Senhor,” mas não ousavam dizer, “Deus”.
Nós que vivemos no Novo testamento do amor de Deus, podemos pronunciar o nome do Senhor.
É muito bom pronunciar muitas vezes o nome de Deus, mas com respeito, por exemplo em orações jaculatórias: “bendito seja Deus” ou “Louvado seja Jesus Cristo.”
Mas não é bom pronunciar o nome de Deus atoa, por exemplo na raiva gritar “Jesus,” ou “por Deus”. Isto é pecado venial. Ninguém joga futebol com o retrato de seu pai ou com a imagem de um Santo. Assim a nossa língua não deve jogar levianamente com o nome do Pai do Céu.
Jurar falso é pecado mortal contra o segundo mandamento.
Jurar é tomar Deus por testemunha da verdade das nossas palavras.
Jurar é uma coisa boa e santa. Todos os padres por exemplo devem jurar que crêem na doutrina da Santa Igreja Católica, e que ao povo não ensinarão doutrina falsa.
O juramento é falso quando chamamos a Deus por testemunha de uma mentira. Jesus estava diante do tribunal de Caifás para ser condenado à morte. São Pedro estava perto da porta com alguns soldados, inimigos de Jesus. Os soldados diziam a Pedro: “Tu também estavas com aquele homem.” Pedro respondeu por duas vezes que não conhecia a Jesus. Era mentira: Pedro conhecia a Jesus muito bem. Diziam: “Sim, tu estavas com ele: Pois até a tua pronuncia é de Galileu.” (Nazareth fica na Galileia). Então Pedro jurou que não conhecia a Jesus. Pedro chamou a Deus como testemunha da sua mentira. Pedro jurou falso.
Toda a sua vida, São Pedro fez penitência deste pecado mortal. O juramento também é falso, quando não fazemos o que temos prometido com juramento.
O conde Rodolfo jurou ficar sempre fiel ao imperador Henrique IV. Porém não ficou fiel. Era um juramento falso. A mão de Rodolfo tinha levantado jurando, foi-lhe cortada na batalha.
Issac tinha dois filhos. O mais velho chamava-se Esaú, o mais moço Jacob. Um dia Jacob estava fazendo um prato de lentilhas. Esaú voltava cansado da caça e lhe disse: “Dá-me desta comida.” Jacob respondeu: “Se me vendes o teu direito de filho mais velho.” Esaú jurou que dava a seu irmão o seu direito de filho mais velho. Esaú jurou sem necessidade: pois por causa de um prato de lentilhas não convinha chamar a Deus como testemunha.
Quem jura fazer uma coisa má, não deve cumprir este juramento; pois Deus não aceita tal juramento, que é pecado mortal. Jurar sem necessidade é pecado contra o segundo mandamento.
Quase só temos necessidade de jurar, quando a autoridade eclesiástica ou civil pede o juramento. A autoridade eclesiástica pede um juramento por ocasião da primeira comunhão solene e em outras ocasiões. Por ocasião da primeira comunhão juramos que ficaremos fieis à religião católica.
A autoridade civil pede o juramento às testemunhas nos tribunais, e em outras ocasiões. Mas é pecado jurar na conversa sobre coisas sem importância. Quem sempre diz a verdade nem precisa jurar. Neste caso todos acreditarão na sua simples palavra, só, sem juramento. Jurar sem necessidade é pecado mortal.
II. BLASFEMAR, ROGAR PRAGAS E NÃO PAGAR PROMESSAS.
A blasfêmia é o maior pecado mortal contra o segundo mandamento.
Na cidade de Jerusalém havia o templo do verdadeiro Deus. Todos os outros povos adoravam deuses falsos, deuses de madeira ou de pedra.
Em Jerusalém governava um rei muito bom, chamado Ezequias. O rei pagão dos Assírios veio com muitos, muitos soldados. Ele quis tomar a cidade santa e queimar o templo de Deus. O rei pagão gritou ao povo de Jerusalém: “Entregas a cidade. Não confieis no vosso Deus. Os outros povos também têem confiado nos seus deuses. Mas nenhum destes deuses os livrou da minha mão. Também o vosso Deus não vos livrará da minha mão.”
O rei pagão escreveu as mesmas blasfêmias numa carta a Ezequias, o bom rei de Jerusalém. Ezequias tomou a carta com as blasfêmias, levou-a para o templo de Deus, levantou-a ao alto e rezou assim:
“Senhor dos exércitos, Deus de Israel, só Vós sois o Deus de todos os impérios, pois fizestes o céu e a terra.
Ouvi, Senhor, e vêde as blasfêmias deste pagão contra o Deus vivo.”
Naquela noite desceu um anjo de Deus sobre o exército dos Assírios e matou cento e oitenta mil soldados, que tinham blasfemando contra Deus.
E na outra manhã, muito cedo, o rei fugiu com os soldados, que lhe restavam e, voltando à sua terra, foi morto por seus próprios filhos.
Blasfemar é dizer palavras injuriosas contra Deus ou contra os Santos. Deus disse a Moisés: “Leva o blasfemador para fora do exército, e todos que o ouviram porão as mãos sobre sua cabeça e todo o povo o matará à pedradas.” Agora a lei civil não castiga o blasfemador, mas um castigo muito maior o espera no inferno.
Em Nápoles um cristão e um judeu jogavam os dados. O judeu perdia e, por isso, dizia muitas palavras injuriosas contra Jesus Cristo. De repente seu rosto se contraiu horrivelmente com grandes dores. Mas o ímpio judeu blasfemava ainda mais. De repente caiu para trás: estava morto.
Rogar pragas é pecado contra o segundo mandamento.
Rogar pragas é pedir a Deus algum mal contra si mesmo ou contra outros.
O rei Davi fugiu da sua capital perseguido por seu mau filho Absalão. Semei rogou pragas a Davi: Semei pediu que Davi morresse de uma morte sangrenta. Rogar pragas é pedir a Deus algum mal para o próximo. Depois Davi teve Semei no seu poder, mas perdoou-lhe e não lhe fez mal algum. Devemos perdoar as pragas que nos rogam. Mas anos depois, Salomão, o bom filho de Davi, mandou matar Semei. Semei morreu da morte sangrenta, que tinha pedido para Davi. Davi não morreu da morte sangrenta. A praga pega naquele que a roga.
Alguns pedem a Deus um mal contra o próximo. Porém Deus nunca manda este mal por causa de tal pedido. Se Deus permite que o mal aconteça é porque assim já estava determinado antes de rogada a praga. Se rogarmos uma praga contra o nosso próximo, a praga pega nunca no próximo, a praga sempre se volta contra nós.
Santo Inácio pediu a um fidalgo uma esmola. O fidalgo disse a Santo Inácio: “Eu quero ser queimado vivo, se tu não mereces a fogueira.” Santo Inácio não morreu na fogueira. Mas pouco tempo depois este fidalgo estava preparando fogueiras para uma festa. O fogo pegou por acaso numa barrica de pólvora, esta explodiu e o homem morreu das queimaduras. A praga pega naquele, que a roga, quer nesta vida quer na outra.
Pela língua que um homem fala, conhecemos de que povo ele é. A língua do demônio é a praga: quem fala esta língua feia, é do povo do demônio e pertence ao demônio.
É uma ofensa contra Deus, pedir-lhe que cumpra os nossos desejos pecaminosos por vingança.
Não cumprir suas promessas é pecado contra o segundo mandamento.
É bom às vezes prometer a Deus uma obra boa. Podemos ajuntar uma condição à nossa promessa dizendo por exemplo: “Prometo dar uma esmola aos pobres, se minha mãe doente ficar boa.”
Assim, Jacob prometeu a Deus a décima parte dos seus bens, se votasse á casa paterna são e salvo. Voltou e pagou.
Nunca devemos prometer uma coisa má.
Quem promete uma coisa má, peca e não deve pagar a promessa; pois Deus não aceita uma promessa assim.
Jephte prometeu matar e oferecer em sacrifício o primeiro, que saísse da sua casa e se encontrasse com ele. Esta promessa era pecado, porque é pecado matar gente. De fato, a filha de Jephte saiu primeiro e Jephte a matou. Foi outro pecado, porque aquela promessa não era aceita por Deus.
Se alguém promete não trabalhar no sábado, faz pecado. Pois Deus mandou descansar nos dias santos e trabalhar nos outros.
Se tal pessoa de fato não trabalha no sábado, faz mais um pecado. Pois a promessa não foi aceita, e ele não deve cumpri-la.
Por isso não devemos prometer uma coisa menos decente. Não devemos prometer alguma coisa, que é contra a reverência na igreja, por exemplo tirar as velas dos castiçais no altar, para pôr outras, deitar dinheiro dentro do sacrário.
Nunca se devem prometer coisas ridículas, por exemplo, vestir-se para um baile com os vestidos da imagem de Nossa Senhora.
Nunca devemos prometer coisas impossíveis ou quase impossíveis, por exemplo ir de joelhos até a uma igreja, distante algumas léguas, dar à igreja uma quantia maior que a que temos. Em geral, não convém prometer o que em pouco tempo não podemos cumprir.
Se a nossa promessa não determinamos o tempo de pagar, devemos pagar quanto antes.
Coisas boas para prometer são: velas ou outras coisas ou dinheiro para a Igreja; assistir a uma missa; encomendar uma missa; receber a santa comunhão nas festas ou primeiras sextas feiras de nove meses seguidos, ou todos os dias duma semana, ou ir sempre à doutrina.
Se alguém morre sem pagar suas promessas, seus filhos não são obrigados a pagá-las. Neste caso é melhor pagar antes da morte ou pedir despensa ao padre, que nos vem confessar.
Explicação do Pequeno Catecismo, Pe. Jacob Huddleston Slater, Doutor em Teologia e Filosofia Escolástica, 2ª Edição, 1924.
Última atualização do artigo em 25 de dezembro de 2024 por Arsenal Católico