Salve Rainha, explicada ao comum dos fiéis, com que, nas suas aflições, poderão invocar a proteção da Santíssima Virgem
Salva, Rainha,
Bendita, venerada sejais, gloria vos seja dada por todas as criaturas no Céu e na terra, Esposa do Rei Onipotente, Mãe do Rei da glória, que reinais e deveis reinar sempre, como soberana, em nossos corações;
Mãe de misericórdia;
Mãe no afeto, Mãe no cuidado, Mãe nos desejos e na diligência por nossos proveitos verdadeiros e substanciais, e Mãe compassiva, que em suas entranhas se dó de nossos extravios, de nossas faltas, e da nossa miséria.
Vida, doçura;
Por cuja intercessão, por cujo socorro muito especialmente, é que nós podemos viver a vida do espírito em serviço do Senhor, e por cujo amparo e benefício é que em muitos casos conservamos e dilatamos até a vida do corpo. – Cujo nome é suave a nossos Corações, e em cujo patrocínio é doce e suavíssima a nossa confiança.
Esperança nossa.
De cuja compaixão para conosco e alto valimento com o bendito Filho, é que nós, tão fracos, tão pouco dignos de nos apresentarmos ante o seu trono, podemos esperar e esperamos que ele se dignará de nos olhar com piedade.
Deus vos salve.
Bendita, venerada sejais, glória vos seja dada por todas as criaturas no Céu e na terra.
A vós bradamos,
Os expulsos, os lançados, por severo mas justo juízo, em razão da culpa, da mimosa pátria, do lugar de inocência, de delícias, de completa bem-aventurança.
Filhos de Eva;
Procedidos, por natureza, da mulher que dando ouvidos ao espírito de engano, nos envolveu na massa infeliz da corrupção; da mulher, por quem nos vieram tamanhos danos e prejuízos, de que só por vós nos chegou remédio; da mulher, a que só a vós pertence mudar o nome, dando-nos, em lugar de mãe pouco lembrada da nossa ventura, mãe eficazmente solícita e amorosa.
A vós suspiramos,
Enviamos, pedindo ajuda e favor, as vozes mal formadas e intercadentes, por que usam explicar-se os corações anciosos.
Gemendo e chorando,
Entre gemidos e pranto; que nos não cabe outra coisa à vista de tantos males e apuros de que é cheia, de que é tecida a pobre vida humana.
Neste vale de lágrimas,
Neste mísero desterro, neste mofino mundo, nesta terra de tormento e dor, a que fomos condenados em razão da desobediência e soberba.
Eia pois advogada nossa;
Ouvi pois nossos brados, atendei nossos suspiros, gemidos e lágrimas; – ó defensora e intercessora nossa!
Esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei.
Ponde em nós vossos olhos compassivos e cheios de piedade.
E depois deste desterro.
E quando com o fim de nossa vida tiver fim a morada neste vale de miséria e amargura, a que nos trouxe a cupa;
Nos mostrai a Jesus,
Fazei-nos ver, face a face, Jesus, cuja presença e clara vista é o sumo da glória que sobretudo desejamos.
Que é bendito fruto do vosso ventre.
Jesus, que é o abençoado fruto do vosso ventre, onde, por obra maravilhosa do Espírito Santo, foi concebido, tomando a nossa natureza.
Ó clemente, ó piedosa, ó doce!
Remédio, benefício, dom grandioso, que anciosamente desejamos alcançar, e que não cessamos de esperar de quem, como vós sois, tão doce e benigna para os pobres e pequenos, tão compassiva com os desgaçados, tão clemente para desculpar os pecadores.
Sempre Virgem Maria.
Maria, que ainda que desposada com José e verdadeira Mãe de Jesus, conservastes sempre pureza incontaminada e perfeita inteireza.
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
Sim, intercedei sempre, pedi por nós ao divino Esposo e ao bendito Filho, ó Imaculada Mãe de Jesus, que é Deus verdadeiro e verdadeiro Homem.
Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Afim de que, por virtude de vossa intercessão e rogativas, nos dê o Senhor muito da sua graça, e dela ajudados sejamos tão conformes em pensamentos, palavras e obras á sua lei, que por isso mereçamos o que Jesus Cristo prometeu aos que o amarem, seguirem e servirem com fidelidade e perseverança; isto é, a coroa da glória em bem-aventurada eternidade.
Amen.
Assim seja, que por vossa intercessão piedosa alcancemos a divina graça, e mereçamos a eterna recompensa.
Novas Horas Marianas ou Ofício da SS. Virgem Maria, J. I. Roquette, 1888.