II Domingo da Quaresma (Mat. 17, 1-9)
1. Naquele tempo, tomou jesus consigo Pedro e Tiago e João, seu irmão, e levou-os à parte a um alto monte:
2. E transfigurou-se diante deles. E o seu rosto ficou refulgente como o sol: e as suas vestiduras tornaram-se brancas como a neve.
3. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias falando com Ele.
4. E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é nós estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos: um para ti, um para Moisés, e um para Elias.
5. Estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem resplandecente os envolveu. E eis que (saiu) da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu Filho dileto, em quem pus toda a minha complacência: ouvi-o.
6. E ouvindo isto, os discípulos caíram de bruços, e tiveram grande medo.
7. Jesus, porém, aproximou-se deles, e tocou-os, e disse-lhes: Levantai-vos e não temais.
8. Eles então, levantando os olhos, não viram ninguém, exceto Jesus.
9. E quando desciam do monte, Jesus ordenou-lhes dizendo: Não digais a ninguém o que vistes até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos.
O DOGMA E A MORAL
Na ocasião da transfiguração do Salvador, uma nuvem luminosa estendeu-se sobre a sua cabeça, e desta nuvem, que simboliza o Pai Eterno, saiu uma voz que disse: Este é o meu Filho amado, no qual tenho posto a minha complacência: escutai-o.
Escutar Jesus: é o grande dever de todos os homens.
Escutá-lo, para conhecer compreender e amar esta bela e sublime doutrina que sai de seus lábios divinos.
1. O DOGMA, que ensina o que devemos crer.
2. A MORAL, que nos prescreve o que devemos fazer.
I. O DOGMA CATÓLICO
O dogma dá a resposta completa e nítida às perguntas que todo homem faz instintivamente:
Que sou eu?
Donde venho?
Para onde vou?
Com base de tudo figura a existência de Deus, Criador do mundo e dos homens.
O homem vem de Deus; ele é, pois, uma criatura dependente de Deus.
O que é ele?
Um composto substancial de uma alma espiritual e de um corpo material.
Deus cria a alma para cada um, no momento em que os pais fornecem a parte material – o corpo.
O homem reúne, desse modo, em sua pessoa, o mundo visível e o invisível.
Para onde vai ele?
O homem tem um destino sem fim, cuja condição feliz ou infeliz será determinada pelos seus méritos ou deméritos, pois a sua alma é livre: está obrigada a cumprir o seu dever, é responsável e imortal.
O homem não faz só esta marcha para a eternidade, mas permanece sob a direção da Providência.
Deus não abandona os seres criados por Ele.
A estes ensinamentos que a simples razão pode encobrir, a Religião junta outros revelados por Deus.
Deus, um em sua natureza; trino em suas Pessoas.
O homem, elevado por Deus a uma ordem sobrenatural, a graça, donde decaiu pelo pecado original.
A humanidade estava, pois, em estado de decadência.
Pela Redenção, o Filho de Deus veio levantar a humanidade.
Para isso, incarnou-se, para merecer a salvação dos homens, no seio da Virgem Maria.
Ele se fez o Legislador dos homens; fundou a Religião nova e definitiva, com a Igreja, à qual encarregou de conservar e de explicar esta Religião, de administrar os sacramentos, como canais das graças que quer transmitir a seus filhos.
Tal é o sumário do dogma que devemos crer.
II. A MORAL CATÓLICA
É a parte prática da Religião… é o caminho a trilhar.
São os obstáculos a evitar; são os meios a empregar.
A moral católica considera como base de todos os deveres o primeiro mandamento: Amar a deus sobre todas as coisas.
É este mesmo amor que regula os deveres para com o próximo: Amar ao próximo por amor de Deus.
A lei da justiça é: “Não faças a outros o que não queres que te façam”.
A moral católica ajunta a esta lei de justiça a seguinte lei de caridade: “Faze aos outros o que queres que te façam”: isto é: ama ao próximo como a ti mesmo, é, para amá-lo sempre e apesar de tudo, ama-o por amor de Deus.
Vem, em terceiro lugar, os deveres para conosco.
Estes deveres estão fundados sobre o princípio que não somente somos criaturas de Deus, mas somos seus filhos, e que devemos ficar dignos deste título.
Devemos respeitar a nossa alma, como a imagem de Deus.
Devemos respeitar o nossos corpo, como o templo de Deus, pois Ele o é verdadeiramente pela comunhão eucarística.
Deste modo, sobre as virtudes naturais que a religião recomenda, vêm ajuntar-se outras que são próprias do cristão.
III CONCLUSÃO
Vejam como a Religião é simples e como é bela.
É Deus manifestando-se aos homens, fazendo-se adivinhar em suas obras, e fazendo-se ver pela revelação.
Deus quer que tenhamos uma idéia de sua grandeza, de seu amor, e, para isso, manifesta-nos o que Ele é, pelo dogma.
E como Deus não é simplesmente Criador, mas, sim, Pai de bondade, que quer a salvação de seus filhos, Ele nos manifesta o que devemos fazer e o que devemos evitar para agradar-lhe, e no fim da vida receber a recompensa eterna. – É a moral.
Admirável, suave conjunto, a que chamamos Religião.
Esta Religião é o farol da nossa inteligência, e é o estímulo da nossa vontade, para que, pelo espírito e a vontade, seja o objeto de nosso amor.
A religião é tão mal compreendida, tão ignorada… e eis porque é tão pouco amada e tão mal praticada.
Procuremos conhecê-la e havemos de amá-la; e amando-a, havemos de praticá-la com prazer e consolação.
Comentário Dogmático, Padre Júlio Maria, S.D.N., 1958.
Última atualização do artigo em 8 de março de 2025 por Arsenal Católico