Donde me vem então esta ventura!
Aqui estou na Vossa presença, ó meu Jesus Sacramentado! Reconheço-Vos por esse mesmo Salvador que me amou até se imolar outrora por mim na cruz e encerrar-se depois nesta prisão de amor. Quê! entre tantos outros que usaram convosco menos ingratidão e mais amor de que eu, tivestes a bondade de me escolher para Vos fazer companhia neste santo asilo. Arrancando-me do meio do mundo, me destinastes a viver aqui numa união contínua convosco, para conservar-me mais sobre o seguro de ir um dia Vos amar no Vosso reino eterno. Amável Senhor meu, graças Vos tributo por todos estes favores. Donde me vem então esta ventura?… Oh! que ditoso de mim por haver deixado o mundo! sim, antes quero exercer o último dos empregos na Vossa casa que habitar nos mais soberbos palácios dos homens. Recebei-me, pois, entre os Vossos servos, ó meu bom Senhor; permiti fique eu convosco toda a minha vida, e não me repulseis como o merecera; sofrei que, no meio de tantas virtuosas almas que Vos servem fielmente nesta morada, Vos possa eu também servir, dos pecadores o mais miserável. Muitos anos passei longe de Vós; mas agora que me abristes os olhos para ver a vaidade do mundo e a minha loucura, não quero mais separar-me de Vós, ó meu Jesus; a Vossa presença sacramental me animará a combater as tentações; perto de Vós, não me esquecerei da obrigação de Vos amar e a Vós recorrer nas minhas lutas contra o inferno. Desejo permanecer sempre aos Vossos pés, para me unir cada vez mais estreitamente convosco. Amo-Vos, ó meu Deus oculto neste adorável Sacramento. Por meu amor é que ficais continuamente neste altar; por Vosso amor, quero ficar o mais que puder na Vossa presença. Aqui encerrado, me amais sem cessar; encerrado aqui convosco, quero sem cessar Vos amar; assim, meu Jesus, meu amor, meu tudo, estaremos sempre juntos, agora nesta casa, e durante a eternidade no paraíso. Esta é a minha esperança. Assim seja. Santíssima Virgem, consegui-me um grande amor ao Santíssimo Sacramento.
As Mais Belas Orações de Santo Afonso, Coordenadas pelo Pe. Saint-Omer, Redentorista e vertidas para o vernáculo por D. Joaquim Silvério de Sousa, Editora Vozes, 1961.