Sumo Sacerdote e verdadeiro Pontífice, Jesus Cristo, que na ara da cruz Vos oferecestes ao Pai Eterno em sacrifício puro e sem mácula, por nós miseráveis pecadores, e nos destes a vossa Carne por comida e o Vosso Sangue por bebida neste altíssimo e venerável Sacramento, por esse grande preço da nossa salvação, e por aquela inefável e imensa caridade que Vos moveu a amar tanto a tão pobres e indignas criaturas, humilíssimamente Vos suplico, envieis o Vosso Santo Espírito à minha alma, para que a ilumine e ensine com quanta reverência, temor, amor e devoção devo venerar e receber este mistério da nossa redenção.
Creia eu por Vossa graça, entenda, sinta e tenha firmemente, pense e diga sempre de tão profundo mistério o que a Vós é agradável, e à minha alma proveitoso. Entre em meu coração o Vosso Espírito bom e reto, para que Vos fale no silêncio e sem rumor de palavras, dirija minha alma a Vossos ouvidos suas súplicas. Entenda eu a verdade de tão divino mistério oculto sob a aparência de pão.
Livrai-me de todo pensamento impuro. Ampare-me a piedosa e forte guarda dos Santos Anjos. Apagai os estos da minha sensualidade com o orvalho da Vossa benção, e sintam minhas entranhas a doçura da Vossa beatíssima presença. Ó pão de vida, curai o paladar da minha alma, para que sinta e saboreie a suavidade do Vosso amor, sarai-a de toda moléstia para que outra coisa não ame senão a Vós, ou por Vossa causa; e provando a doçura desta fonte de vida, fique a minha alma cheia do Vosso amor. Ó pão celestial, pão vivo, pão sobre-substancial, divino, que baixastes do céu e dais vida ao mundo, entrai em meu coração, e purificai-o de toda mancha do corpo e do espírito. Governai minha alma; curai-a e santificai-a; fujam da Vossa presença os meus inimigos e deixem-me desembaraçado o caminho seguro para me acercar de Vós. Apresento-Vos, Senhor, e ponho diante do Vosso divino conspecto as tribulações que padecemos, os trabalhos do Vosso povo, os gemidos dos cativos, as lágrimas dos órfãos, as necessidades dos peregrinos, as privações dos pobres, os padecimentos dos enfermos, as fraquezas dos velhos, os perigos dos moços, os desejos castos das virgens, os cuidados dos casados e os suspiros das viúvas, afim de que Vós, que por todos morrestes, a todos consoleis e remedieis por virtude deste Santíssimo Sacramento. Amen.
Magnificat, Devocionário para uso comum e particular dos fiéis no convento e no século – Pe João Batista Lehmann, 1942.
Última atualização do artigo em 17 de março de 2025 por Arsenal Católico