Aproxima-se o momento feliz! Cumprir-se-ão em mim aquelas admiráveis palavras do Senhor: “O que come a minha carne e bebe o meu sangue, fica em mim e eu nele” (Jo 6, 57) . Breve poderei dizer com o apóstolo: “Eu vivo, já não eu, mas Cristo é que vive em mim” (Gal 2, 20). Invejam os Anjos minha felicidade. Em breve entrará em meu peito Aquele a quem o céu e a terra não podem conter. A Majestade . . . , a pureza . . . , a santidade infinita . . . , e quem sou eu diante de tão alta Majestade? A uma tão vil criatura visitais, ó meu Jesus? Comigo quereis unir-Vos em inefável união? Quereis ser meu alimento e substância? (Aqui afetos de humildade, admiração e amor). Ah! Senhor! quem sempre Vos tivera amado! . . . quem nunca Vos tivera ofendido! . . . quem me dera a fé dos patriarcas, a esperança dos profetas, a constância dos mártires, a pureza das virgens, a santidade de Maria Santíssima! . . . Ainda assim não seria digno de Vos receber e hospedar em meu coração! . . . Que devo, pois, dizer à vista de minha pobreza e falta de virtudes? . . . Dir-Vos-ei com o apóstolo São Pedro: “Retirai-vos de mim, Senhor, que sou grande pecador?” (Lc 5, 8) . Mas a quem irei, se só Vós tendes palavras da vida eterna? (Jo 6, 69) . Que será de mim sem Vós? . . . Quem dissipará as trevas de meus erros e ignorâncias? Quem há de sopear minhas paixões? Quem há de curar minhas chagas? Quem me dará armas para vencer os inimigos? Só Vós, ó meu doce Jesus, porque só Vós sois a verdade, o caminho e a vida. Fora de Vós não há senão mentira, erro e morte eterna. Vós sabeis converter em santos os maiores pecadores . . . Vinde, pois, ó Deus de amor! Desejo amar-Vos com todo o meu coração. Pesa-me de Vos ter ofendido . . . Vinde , ó Jesus; minha alma deseja-Vos ardentemente! . . . Vinde, doce objeto do meu amor, vinde; refrigério dos corações, consolação dos aflitos, delícia dos Anjos, alegria do céu, bem-aventurança dos Santos! Vinde, Deus meu, iluminai minha alma com as luzes da fé! Vinde, Rei eterno, livrar-me de todos os meus inimigos! Vinde, médico divino, remediar todos os meus males! Vinde, hóspede magnífico, enriquecer-me dos Vossos soberanos dons! Vinde, fonte das águas vivas, apagar ardente sede de minhas paixões! Vinde, vida minha, paraíso meu, bem meu! Vinde, que Vos desejo! Vinde, que por Vós suspiro! Vinde, e não tardeis mais! Vinde, que desfaleço! Vinde, Senhor, e tornai quanto antes posse de meu coração!
Magnificat, Devocionário para uso comum e particular dos fiéis no convento e no século – Pe João Batista Lehmann, 1942.
Última atualização do artigo em 17 de março de 2025 por Arsenal Católico
