Eu sou o pão da vida (Joan. VI, 35).

Se o corpo necessita de sustento, também a alma precisa dum manjar acomodado à sua natureza, destino, alteza, dignidade, e ao seu modo de proceder.

Esse manjar é o próprio Deus: só Ele a pode saciar.

Onde encontrarei eu o meu Deus, onde aquele manjar capaz de satisfazer a necessidade da minha alma, e de me unir com Ele?

Na Eucaristia: ali está presente verdadeira, real e substancialmente, com a sua humanidade e divindade, com a sua Carne e Sangue Aquele mesmo Jesus Cristo que por mim morreu na cruz e que está sentado à direita de Deus Pai.

Eu sou o pão da vida! (1) Assim como o Pai me enviou, vive por si mesmo e eu vivo pelo Pai, com a vida que Ele me comunicou, assim também aquele que me comer viverá por mim com a vida que eu lhe comunicar (2).

Oh invenção admirável do amor divino: Jesus, o Filho de Deus vivo une-Se comigo na Sagrada Comunhão para me dar a vida!

Nos outros sacramentos comunica-se-nos a graça; neste recebemos o autor de toda a graça: nos outros participamos dos frutos da árvore da vida; neste recebemos a própria árvore da vida!

Que efeitos produzirá este pão celestial nos que dignamente o receberem? O mesmo Jesus Cristo o disse: Quem comer a minha carne e beber o meu sangue, permanecerá em mim e eu nele (3).

Assim pois, quem comunga dignamente recebe em si a fonte das graças, a fonte que manará para a vida eterna (4).

Cada vez que te aproximas da sagrada mesa, aumentas em ti esta vida sobrenatural.

Vim para que tenham vida, e a tenham superabundantemente (5).

Oh! como a alma vai crescendo em virtude, como se torna cada vez mais sã e vigorosa, como vai perdendo o gosto das delícias deste mundo terreno, para se tornar cada vez mais celeste nos seus pensamentos, desejos e inclinações!

Assim como os manjares corporais deleitam e satisfazem os sentidos, assim quando recebemos o Corpo e Sangue de Jesus Cristo experimentamos em nós uma verdadeira dita e satisfação espiritual, que recreia e consola a parte interna e superior do homem, e o coloca um momento entre os exércitos dos bem-aventurados no céu.

Deu-lhes o pão do céu que encerra em si toda a espécie de delícias (6).

Oh pão da vida! ó refrigério e fortaleza! medicina suave, transformação maravilhosa do homem em Jesus!

Jovem cristã, não sentes desejo de receber este pão celestial? Oh sim! mas, receio aproximar-me dele indignamente!

É verdade que ninguém é digno deste manjar do céu. A única condição que o Senhor nos põe para o podermos receber, é a ausência de todo o pecado mortal; contudo as almas verdadeiramente fervorosas, não se contentando com isto, desejam também encontrar-se isentas de pecados veniais, ao menos dos deliberados. Se estás assim preparada, não temas recebê-lo indignamente.

Ouve a voz do Salvador que te está convidando e instando contigo, quando diz: Vinde e comei o pão que vos dou, e bebei o vinho que vos tenho preparado (7).

Que convite amoroso!

Mas Ele ameaça-nos também dizendo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós (8).

Diante destas palavras deve emudecer toda a objeção e pretexto.

Deus quer que o recebas na Sagrada Comunhão. Por isso, comungar é fazer um ato de obediência, é honrá-lO e glorificá-lO.

A salvação da tua alma exige que comungues.

Porque és tão tíbia e inconstante? Porque se dissipa em ti tão depressa, o espírito de devoção? Porque não te aproximas com frequência da fonte da vida?

E onde está o teu amor por Jesus? Ele deseja intimamente que o recebas a miúdo na comunhão. Porque é que se quis dar debaixo da forma de pão? Os alimentos tomam-se a miúdo; e aquele que se toma com mais frequência é o pão.

Temes acaso o que dirão os homens? Receia antes o escândalo que dás, comungando tão raramente. Aquele que vai frequentemente a este banquete celeste, e que com as suas boas obras corresponde a este devoto fervor, edifica os outros, alegra os bons, afronta os maus, dá um bom exemplo e estimula os tíbios e preguiçosos.

Aproxima-te pois, frequentemente da sagrada mesa. Experimenta e vê quão suave é o Senhor (9) e promete-Lhe voltar depressa, daqui a algumas semanas, a quinze ou oito dias, ou amanhã e até todos os dias, a participar de tão grande benefício.

A Virgem Prudente, Pensamentos e Conselhos acomodados às Jovens Cristãs, por A. De Doss, S.J. versão de A. Cardoso, 1933.

(1) Joan. VI, 35.
(2) Joan. VI, 57.
(3) Joan. Vi, 56.
(4) Joan. IV, 14.
(5) Joan. X, 10.
(6) Sab. XVI, 20.
(7) Prov. IX, 5.
(8) Joan. VI, 54.
(9) Salm. XXXIII, 9.

Última atualização do artigo em 25 de janeiro de 2025 por Arsenal Católico

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