℣. Ó meu Deus e Salvador crucificado! Eis-me aqui, pobre pecador, prostrado na Vossa presença, para venerar a Vossa Sagrada Paixão. Que seria de mim, que sorte seria a minha na eternidade, se Vós não me tivesseis remido a preço do Vosso preciosíssimo Sangue! Vejo-Vos preso, atado e maltratado para me livrar da escravidão de satanás. Vós fostes flagelado, quando eu devia estar em Vosso lugar. Eu devia ser condenado à morte e Vós Vos oferecestes por mim. Na Vossa morte está a minha vida.
Meu amor crucificado, única esperança minha, sêde sempre meu refúgio nas tentações. Vossa santa cruz, Vossos sofrimentos, Vosso Sangue e Vossa Morte são o penhor seguro da minha salvação. Vosso Sangue me purifica, Vossas Chagas me curam, Vossas Dores me consolam, Vossa Cruz me fortifica, Vossa Morte dolorosíssima – me conduz à vida eterna.
℟. Dai-me a graça, ó dulcíssimo Jesus, – de, apesar de minha indignidade, poder Vos acompanhar no caminho da dor – desde o Horto das Oliveiras até o monte Calvário. – Firmai-me no Vosso amor, – afim de que nada neste mundo – de Vós me possa separar. Assim seja.
Jesus no Horto das Oliveiras
℣. Ó Jesus, quão grande é o amor que nos tendes! Tornastes sobre Vós o peso enorme dos nossos pecados. Entrando no Horto das Oliveiras, de Vossa alma se apoderou uma tristeza tamanha, que Vos prostrou por terra e arrancou do Vosso Coração o pedido dirigido a Vosso Pai: “Pai meu, se é possível, passe de mim este cálice”.
Torturado pelas aflições da agonia, procurastes os Vossos apóstolos e, achando-os dormindo, dissestes: “Simão, assim dormes e não pudeste velar uma hora comigo? Velai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca”. . Três vezes repetistes a orações na última cresceu tanto a agonia, que suastes sangue em tanta abundância, que correu até à terra. – Naquele momento, meu Jesus, Vos lembrastes tambem dos meus pecados e ·.qa minha ingratidão. Os mesmos meus pecados, a mesma ingratidão serão a amargura tambem na minha morte.
℟. Ó Jesus obedientíssimo, – pela tristeza mortal, e pelo suor de sangue, que derramastes no Horto das Oliveiras, – inspirai-nos um ódio profundo ao pecado, – para que na hora da nossa morte – com confiança e tranquilidade possamos esperar a Vossa sentença. – Ó Maria, esperança nossa, – rogai a Jesus por nós!
Pai Nosso…, Ave Maria…
Jesus é Flagelado
℣. Ó amantíssimo Jesus! Apesar de Pilatos Vos ter declarado inocente, este injusto juiz, cedendo à exigência impetuosa dos Vossos inimigos, manda que sejais sujeito à flagelação. Atado a uma coluna, exposto à curiosidade dum povo desavergonhado, sois vítima de verdugos deshumanos, que com rudes golpes açoitam e dilaceram o Vosso Sagrado Corpo. – Para expiar as nossas culpas, e em particular os pecados contra a pureza, quisestes sofrer na Vossa carne inocentíssima tão horrível tormento.
℟. Ó inocentíssimo Jesus! – Pela dor que Vos causou a cruel flagelação, – extingui em nosso corpo o fogo da concupiscência, – e dai-nos força para resistir às tentações. – Ó Maria, esperança nossa, – rogai a Jesus por nós!
Pai Nosso…, Ave Maria…
Jesus é Coroado de Espinhos
℣. Não se aplacando a indignação dos judeus com ver a Jesus tão ferido e desfigurado, idearam ainda novos tormentos. Despiram ao Senhor de seus vestidos, e lhe vestiram uma roupa de púrpura à guisa de trajo real, para irrisão de todos. Em sua divina cabeça Lhe puseram uma coroa de espinhos com tanta crueldade, que foi este um dos maiores tormentos, que Jesus padeceu. Em vez de cetro puseram-lhe na mão uma cana, e assim caracterizado em rei de comédia, cumularam o nosso Redentor de ultrajes e baldões, pondo o joelho em terra diziam-lhe por escárneo: “Deus te salve, rei dos judeus!” Outros Lhe davam bofetadas e lhe cuspiam no rosto e todos o injuriavam com diferentes contuméIias; a tudo isto Jesus não abria a boca, não articulava uma queixa.
℟. Ó humildíssimo Jesus! – pelas dores e ultrajes que sofrestes quando Vos puseram a coroa de espinhos, – concedei-nos a graça de, a exemplo Vosso, sofrer com paciência ultrajes e ofensas, – julgando-nos felizes, se, como Vossos discípulos, – formos achados dignos de sofrer por amor do Vosso Santo Nome. – Ó Maria, esperança nossa, rogai a Jesus por nós!
Pai Nosso…, Ave Maria…
Jesus Levando a Cruz
℣. Deixando-se vencer Pilatos da porfia e malícia dos judeus, pronunciou sentença de morte afrontosa contra o autor da vida. Para a executar trouxeram Jesus com seus próprios vestidos tão desfigurado, que só por eles podiam-no conhecer. Puseram sobre seus delicados e chagados ombros a pesada cruz, em que havia de ser crucificado; e metendo-O no meio de dois malfeitores, soou o pregão da sentença, e toda aquela multidão confusa do povo, com grande estrépito e vozearia, se moveu numa desconcertada procissão para ir pelas ruas de Jerusalém até ao monte Calvário, levando o Senhor com tanta pressa, que por várias vezes caiu por terra. Aos sofrimentos de Jesus acrescentavam àqueles instrumentos de maldade muitos opróbrios de palavras e contumélias execráveis. Caminhando o nosso Redentor, para o monte Calvário, Lhe saiu ao encontro Sua aflita Mãe, e se viram face a face, Filho e Mãe, reconhecendo-se ambos, e renovando reciprocamente a dor, que cada um padecia. A todo humano encarecimento e discurso excede a dor, que a angustiada Mãe sentiu neste caminho doloroso até ao Calvário.
℟. Ó pacientíssimo Jesus! – Pelas dores que sofrestes em levar a cruz até ao Calvário, – dai-nos paciência e conformidade com a vontade de Deus, em nossos sofrimentos. – Longe de nos queixar da nossa cruz, – conVosco queremos dizer: – “Não se faça a minha vontade, mas a Vossa”. – Ó Maria, esperança nossa, – rogai a Jesus por nós!
Pai Nosso…, Ave Maria…
Jesus é Crucificado
℣. Para crucificar o nosso Redentor, Lhe tiraram os cruéis verdugos a túnica com tanta violência, que com ela Lhe tiraram a coroa de espinhos, a qual com impiíssima crueldade Lhe tornaram a pôr, abrindo-Lhe feridas sobre feridas. Em seguida os algozes mandaram ao humildíssimo Jesus, que se estendesse sobre a cruz. – Obedeceu nosso Senhor, e se pôs nela, estendendo os braços sobre o feliz madeiro, à vontade dos ministros cruéis da Sua Morte. Com indizível crueldade cravaram as mãos e os pés nos furos, adrede preparados. Aquele Sagrado Corpo ficou tão solto, tão desconjuntado, que se podiam contar os ossos, porque todos ficaram fora do lugar.
Não cabe em língua, nem discurso a ponderação das dores que nosso Senhor padeceu nesse momento, e só no dia do juizo se conhecerá mais, para justificar sua causa contra os réprobos, e para que os Santos o louvem condignamente.
Tendo crucificado nosso Senhor, levantaram a cruz, à vista de inumerável povo, os cruéis ministros. Os judeus blasfemavam, os compassivos se lamentavam, os pontífices e fariseus, movendo as cabeças com escárneo e mofa, diziam-Lhe muitas injúrias, opróbrios e afrontas
E como a cruz fosse o trono da majestade real do Cristo, e a cadeira, donde queria ensinar a ciência da vida, nosso Senhor disse aquelas sete palavras, todas cheias de altíssimos mistérios, e na última, inclinou a cabeça e expirou.
Meu Jesus, pela extrema dor que sentistes, – quando Vossa santa alma se separou de Vosso corpo adorável, – fazei que, no momento de minha morte, – renda o espírito oferecendo meus sofrimentos com um ato de amor perfeito, – para ir logo no céu Vos ver face a face – e amar com todas as minhas forças durante toda a eternidade. – E a vós, ó Maria, minha Mãe, – pela espada de dor, que vos traspassou o coração, – quando vistes vosso Filho amantíssimo inclinar a cabeça e expirar, – peço me assistais na hora de minha morte, – para que vá bendizer-vos e dar as graças no paraíso, por todos os bens, – que de Deus me houverdes alcançado. (Sto. Afonso).
Pai Nosso…, Ave Maria…
Magnificat, Devocionário para uso comum e particular dos fiéis no convento e no século – Pe João Batista Lehmann, 1942.
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Última atualização do artigo em 14 de abril de 2025 por Arsenal Católico