Domingo de Páscoa (Mat. 16, 1-7)
- Naquele tempo, Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago, e Maria Salomé, compraram aromas, para embalsamarem o corpo de Jesus.
- E no primeiro dia da semana, partindo muito cedo, chegaram ao sepulcro ao nascer do sol.
- E diziam entre si: Quem nos tirará a pedra da boca do sepulcro?
- mas, quando olharam, acharam revolvida a pedra, que era muito grande.
- E, entrando no sepulcro, viram um jovem sentado ao lado direito, vestido de uma túnica branca; e tiveram medo.
- Este, porém, lhes disse: Não temais; procurais a Jesus de Nazaré, que foi crucificado; ressuscitou; não está aqui; eis o lugar onde o haviam posto.
- Mas ide, anunciai aos seus discípulos e a Pedro que Ele irá adiante de vós para a Galileia; lá o vereis, assim como Ele mesmo vos disse.
A RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO
O milagre é a grande prova da verdade de uma religião. Eis porque Jesus Cristo se serve dele para provar a sua missão divina.
Ora, entre os milagres operados por Ele não há, nem pode haver maior do que a sua ressurreição dentre os mortos.
Pode-se dizer que a religião tem como base este fato principal, e São Paulo escreveu com razão: “Se o Cristo não ressuscitou, a nossa fé é vã” (I Cor. 15, 17), mas se Ele ressuscitou, conforme prometeu, então a nossa fé é certa.
Vejamos pois:
- Se realmente JESUS CRISTO RESSUSCITOU;
- O QUE PROVA esta ressurreição.
I. JESUS CRISTO RESSUSCITOU
É certo que Jesus Cristo morreu sobre a cruz. É um fato histórico que nunca foi contestado nem entre os judeus nem entre os pagãos.
Basta lembrarem-se os sofrimentos de Jesus Cristo: flagelação, coroação de espinhos, crucifixão, para se compreender que não podia sobreviver a tantos e tamanhos suplícios.
Pilatos, antes de entregar o corpo do supliciado, mandu verificar se estava realmente morto, e os enviados ficaram tão convencidos desta morte, que não lhe quebraram os membros, como era costume nestas ocasiões.
Um soldado romano deu no Salvador uma lançada que lhe atravessou o coração, e era o bastante para matá-lo.
Depois que foi posto no sepulcro, ali ficou três dias, sem ar e sem alimento, o que seria já bastante para matar um homem de boa saúde.
E este Jesus, cuja morte foi tão cuidadosamente verificada, ressuscitou vivo, foi visto, não só durante algumas horas, mas durante 40 dias. É outro fato histórico irrecusável.
Tal ressurreição foi provada por um conjunto de fatos que não deixam dúvidas.
Apareceu doze vezes, em circunstâncias muito diversas.
No mesmo dia da ressurreição apareceu:
– Às santas mulheres que vinham completar a sepultura.
– A Maria Madalena em particular.
– A São Pedro e a São Tiago.
– Aos Apóstolos reunidos no Cenáculo (menos Tomé).
– Aos discípulos de Emaús.
Oito dias depois aparece:
– Aos Apóstolos reunidos, com Tomé.
– Mais tarde mostra-se aos discípulos, nas margens do Tiberíades.
– No Tabor, a mais de 500 discípulos.
– Na Ascensão, perante numerosos testemunhos, sai de Jerusalém, sobe o monte das Oliveiras, e dali se eleva gloriosamente ao céu.
Ora, impossível que tanta gente, que todos estes testemunhos tenham sido iludidos, e que muitos tenham dado a vida em confirmação do que viram. Seria admitir uma verdadeira ilusão mundial.
Jesus Cristo morreu, pois, e ressuscitou verdadeiramente.
II. O QUE PROVA ESTA RESSURREIÇÃO
Prova a missão divina de Jesus Cristo, como prova a divindade do mesmo Cristo e da sua Religião.
A obra instrutiva de Jesus estava terminada.
Do alto do céu, Deus via esta obra imensa, que envolvia uma mudança completa da humanidade.
Se tal obra não fosse do seu agrado, Deus não podia sancioná-la pelo maior e mais refulgente dos milagres, como o é a ressurreição, pois seria lançar o mundo inteiro no erro.
Esta ressurreição não prova somente a sua missão divina, mas prova a divindade de sua pessoa.
De fato, Jesus anunciou que ressuscitaria a si mesmo. Ele não disse: O meu Pai me ressuscitará, mas disse: Destruí este templo (de seu corpo) e eu o reconstruirei em três dias.
Se Jesu fosse simplesmente um homem, Deus não teria permitido que Ele se ressuscitasse para provar que era Deus. Seria colabora no erro.
Jesus Cristo é, pois, Deus, e veio a este mundo cumprir uma missão divina.
III. CONCLUSÃO
Ora, a missão de Jesus Cristo é fundar a sua Religião, é fazê-la conhecida de todos os homens.
Esta Religião é, pois, divina, e é a expressão perfeita da verdade.
A verdade é uma só; os erros são numerosos.
A graça e a verdade são dadas por Jesus Cristo. Diz São João (1, 17).
Aqueles que se afastam desta única verdade seduzem-se a si mesmos, e a verdade não está mais com eles. (I Jo. 1, 8).
Se a verdade é uma só, a Religião verdadeira, a Igreja verdadeira, depositará desta verdade, é igualmente uma só.
Esta Religião verdadeira, esta Igreja, contra a qual nunca prevalecerão as portas do inferno, é a Igreja Católica, Apostólica, Romana, a única fundada por Cristo sobre São Pedro, o seu primeiro Chefe, ou Papa.
As outras igrejas são seitas humanas, cujos fundadores são conhecidos.
Jesus Cristo fundou a Igreja Católica, chamada Romana, porque o seu Chefe visível reside em Roma.
Todas as seitas têm seu fundador, este é sempre homem viciado, quase sempre imoralíssimo.
E a única Religião que pode indicar um fundador impoluto, santo, divino, é a Religião Católica. E ninguém pode contestar-lhe esta honra, como nunca alguém lhe contestou, indicando qualquer homem como fundador do Catolicismo.
Amor, pois, veneração, dedicação para com a Igreja única de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Comentário Dogmático, Padre Júlio Maria, S.D.N., 1958.