Meios conducentes e eficazes para os penitentes evitarem a recaída e se adiantarem nas virtudes

La penitente, La obra representa a una mujer confesándose con un sacerdote católico, 1884, Public Domain - Wikimedia Commons

Duas sortes de meios podem preservar aos penitentes da recaída, e fazê-los adiantar no caminho da perfeição.

Os primeiros são os que os confessores podem pôr em uso da sua parte; e os segundos são os que os próprios penitentes devem executar por si mesmos.

Os meios que os confessores podem pôr da sua parte são quatro principais. O primeiro é rogar muito a Deus por eles; porque as nossas orações alcançam graças, sem as quais todos os trabalhos e diligências exteriores servem de pouco.

O segundo é dar-lhes bom exemplo com uma vida bem regulada. O terceiro é prescrever-lhes as práticas que eles devem observar, e tudo o mais que devem fazer, e evitar nas diferentes conjuncturas e ocasiões em que se acharem. E o quarto é fazê-los vir de tempo a tempo, para os fortificar, e dar-lhes novos conselhos, de que eles necessitem.

E os meios de que os penitentes devem servir-se da sua parte são os seguintes:

I. Evitarem as ocasiões do pecado, principalmente aquelas em que já caíram.

II. Mortificarem generosamente as paixões, que os conduziram ao pecado; e todas aquelas que novamente os poderão fazer cair no mal.

Tais são em alguns a soberba, a avareza e a impureza, além de outros vícios capitais. E para os mortificarem, é preciso que eles resistam a todos os movimentos desordenados que sentirem, e fazerem ainda atos de humildade contrários. Por exemplo: fazerem atos de humildade, contra os sentimentos da soberba, atos de liberalidade e caridade, contra a paizão da avareza, que os inclina a não dar coisa alguma, etc.

É necessário também que mortifiquem os hábitos viciosos de jogar, de murmurar, de frequentar os lugares de divertimento, e outros semelhantes, abstendo-se de fazer o mau uso, a que eles os levam. E esta resistência porá os penitentes em estado de viverem, sem tornarem a recair em pecado.

III. Nos domingos e dias festivos, terem algumas horas de lição espiritual, e assistirem a todas as instruções e sermões que poderem ouvir.

IV. Renovarem cada dia os propósitos que houverem feito de evitar os pecados em que frequentemente caíram, e pedir a Deus com muita instância os socorros que lhes são necessários para a sua inteira demanda.

V. Confessarem-se com frequência, e comungarem naqueles dias que o confessor lhes determinar.

VI. E quando senão confessarem de oito em oito dias, fazerem pelo menos em todos os domingos exame dos pecados cometidos na semana. E pedirem logo perdão a Deus, e no santo sacrifício da missa, com que mereçam conseguir a eficaz graça para a boa emenda da vida.

VII. Serem diligentes em se levantar de manhã para oferecer a Deus as obras e trabalhos daquele dia, e aceitarem com submissão os males que lhes podem sobrevir; e além das outras suas orações, pedir a Deus graça para nunca mais pecar.

VIII. Preverem, e acautelarem-se nas ocasiões do pecado, que poderão encontrar durante o dia, por causa das pessoas com quem se podem achar, e pelas ocupações que houverem de ter; tomarem as medidas necessárias para não pecar.

IX. Ocuparem-se continuamente em alguma coisa útil; segundo a sua condição e estado.

X. Andarem sempre na presença de Deus; e se divertir o entendimento, tornarem a lembrar-se dela com alguma devota jaculatória.

XI. Refletirem muitas vezes sobre o fim para que Deus nos criou, e nos pôs neste mundo; sobre a vaidade dos bens da terra, e sobre os nossos quatro últimos fins, a que chamamos Novíssimos do homem.

XII. Assistirem à Missa todos os dias; e não podendo, rezarem algumas orações vocais em união das missa que se disserem naquele dia.

XIII. Proporem firmemente de não cometer pecado com pleno conhecimento e deliberado propósito.

XIV. E conhecendo haver caído em alguma falta, pedirem logo perdão a Deus de todo o seu coração.

XV. Fazerem todos so dias exame sobre o vício a que são mais sujeitos, e fazerem alguma penitência todas as vezes que caírem nele.

XVI. Examinarem-se à noite dos pecados e faltas de todo o dia; pedindo perdão a Deus de o haverem ofendido, e tomando-os na lembrança para confessarem deles.

XVII. Fazerem anualmente uma revista dos pecados que houverem cometido naquele ano, para conhecerem melhor o estado da sua consciência.

XVIII. Nos domingos e dias festivos, assistirem à missa e ofícios divinos quanto lhes for possível, e evitarem os jogos, seculares divertimentos, com que se profana a santidade daqueles dias.

XIX. Porem a principal da sua devoção na fugida dos pecados, em fazerem bem ao próximo, segundo as suas posses; na mortificação das paixões, e desapego das coisas do mundo; no cumprimento das obrigações do seu estado, e na pura intenção de servir a Deus.

XX. Observarem finalmente em espírito de mortificação os jejuns e abstinências ordenadas pela Igreja, e sofrer com submissão as penas e aflições que a divina Providência lhes envia.

Essas virtuosas práticas convêm a toda sorte de pessoas, de qualquer condição e estado que sejam; e da parte dos confessores está o instruí-las e constuma-las pouco a pouco.

Novas Horas Marianas ou Ofício da SS. Virgem Maria, J. I. Roquette, 1888.

Última atualização do artigo em 12 de abril de 2025 por Arsenal Católico

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