Novena de Natal – Quarto Dia

NOVENA DE NATAL

Com meditações de Santo Afonso de Ligório

Do dia 16 ao dia 24 de dezembro

Convém que se faça a meditação em família e que se reze o Santo Terço em seguida

4° Dia – 19 de Dezembro

Dolor meus in conspectu meo semper.

“ A minha dor está sempre ante os meus olhos” (SI 37,18).

Considera que, desde o primeiro instante em que foi criada a alma de Jesus Cristo unida ao corpo no seio de Maria, o eterno Padre intimou a Seu Filho a ordem de sacrificar Sua vida pela redenção do mundo, e que, ao mesmo tempo, Lhe pôs ante aos olhos o espetáculo aflitivo de todas as penas que devia sofrer até a morte para salvar os homens. Mostrou-Lhe então os sofrimentos, as humilhações, a pobreza que teria de suportar durante toda a Sua vida em Belém, no Egito, em Nazaré, e depois todas as dores e todas as ignomínias de Sua paixão, os flagelos, os espinhos, os cravos, a Cruz, e os enfados, as tristezas, as agonias, os abandonos em que terminaria Sua vida sobre o Calvário.

Quando Abraão conduziu seu filho à morte, não quis aflingi-lo antes, nem mesmo no pouco tempo necessário para chegar à montanha, e guardou em segredo o seu intento; mas o Pai Celeste quis que Seu Filho encarnado, vítima destinada a satisfazer à Sua justiça por todos os pecados, sofresse antecipadamente todas as penas a que devia submeter-se durante a Sua vida e na Sua morte. Assim, essa cruel tristeza que Jesus provou no jardim das oliveiras, e que bastava, como Ele mesmo declarou, para Lhe tirar a vida, Ele a suportou continuamente desde o primeiro momento de Sua existência no seio de Maria; e , desde então, Ele sentiu e sofreu vivamente, e em seu conjunto, o peso de todas as dores e de todos os opróbrios que O aguardavam.

Toda a vida e todos os anos de nosso divino Redentor foram, pois, uma vida e anos de dores e lágrimas: A minha vida vai-se consumindo com a dor, e os meus anos com os gemidos (Sl 30,11). O Seu adorável Coração não ficou isento de penas nem um instante: velando e dormindo, trabalhando e descansando, orando e conversando tinha sempre diante dos olhos essa cruel representação, que mais atormentava a Sua alma do que todos os tormentos dos mártires os fizeram sofrer. Os mártires sofreram, mas ajudados pela graça suportaram seus tormentos com a consolação e a alegria que o fervor proporciona; Jesus Cristo sofreu, mas sempre com um coração cheio de tédio e tristeza; e tudo aceitou por amor de nós.

Afetos e Súplicas

Ó doce, ó amável, ó amante Coração de Jesus, fostes desde a infância repleta de amarguras e agonizantes no seio de Maria sem nenhum alívio e sem que ninguém visse a Vossa pena e Vos consolasse com sua compaixão! Sofrestes tudo isso, ó meu Jesus, a fim de me livrar da agonia eterna que me aguardava no inferno em punição dos meus pecados.

Sofrestes um duro abandono, a privação de todo Socorro, a fim de salvar a mim, que tive audácia de abandonar a Deus e de Lhe voltar as costas para contentar minhas más inclinações. Agradeço-Vos, ó Coração aflito e amoroso de meu Senhor! Agradeço-Vos, ó Coração aflito e amoroso de meu Senhor! Agradeço-Vos e me compadeço das Vossas dores, mormente ao ver a insensibilidade dos homens diante de tudo o que sofreis por seu amor. Ó amor de Jesus! Ó ingratidão dos homens! – Ó homens! Olhai o inocente Cordeiro agonizando por vós, a fim de satisfazer a justiça divina por vossas ofensas; vede-O orando e intercedendo por vós junto de seu Pai eterno, vede-O e amai-O.

-Ah! Meu Redentor, quão poucos são os que pensam em Vossas dores e em Vosso amor! Ah! Quão poucos são os que O amam! Infeliz de mim! Tive a desgraça de viver muito tempo sem pensar em Vós! Sofrestes tanto para ser amado por mim, e eu Vos não tenho amado! Perdoai-me, meu Jesus, perdoai-me; quero corrigir-me e quero amar-Vos de hoje em diante. Quão infeliz seria, Senhor, se resistisse ainda à Vossa graça e assim me condenasse! Todas as misericórdias que tendes usado para comigo, e particularmente esse doce convite, com que neste momento me fazeis para amar-Vos, seriam meu maior suplício no inferno. Meu amado Jesus, tende piedade; não permitais que eu responda ainda ao Vosso amor com ingratidão; esclarecei-me e daí-me força de vencer tudo para cumprir a Vossa santa vontade. Atendei-me, Vo-lo suplico, pelos méritos de Vossa paixão, na qual ponho toda a minha confiança.

Ó Maria, minha querida Mãe, socorrei-me: vós é que me tendes obtido todas as graças que tenho alcançado de Deus; vos agradeço, mas, se me não continuardes a proteger, continuarei a ser infiel como no passado.

† Reza-se o Terço

Do Livro: Devotionarium Catholicum – Compêndio de Orações e Exercícios de Piedade, Instituto Bom Pastor – Capela Nossa Senhora das Dores.

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