LIBERALISMO É PECADO
D. Félix Sardà y Salvany
03. SE É PECADO O LIBERALISMO, E QUE PECADO É
O Liberalismo é pecado, quer, se considere na ordem das doutrinas, quer na ordem dos fatos.
Na ordem das doutrinas é pecado grave contra a fé, porque as suas doutrinas são heréticas. Na ordem dos fatos é pecado contra os diversos mandamentos da lei de Deus e da sua Igreja, porque a todos viola. Mais claro. Na ordem das doutrinas o Liberalismo é a heresia universal e radical, porque as compreende todas; na ordem dos fatos é a infração radical e universal, porque a todas autoriza e sanciona.
Procedamos por parte na demonstração. Na ordem das doutrinas o Liberalismo é heresia. Heresia é toda a doutrina que nega com negação forma e pertinaz um dogma da fé cristã. O Liberalismo doutrina nega-os a todos, primeiramente em geral, e depois a cada um em particular. Nega-os a todos em geral quando afirma ou supõe a independência absoluta da razão individual no indivíduo, e da razão social ou critério público na sociedade. Dizemos afirma, ou supõe, porque às vezes as consequências secundárias não se afirma o princípio liberal, mas dá-se já por suposto ou admitido. nega a jurisdição absoluta de Cristo Deus sobre os indivíduos e as sociedades, e por consequência a jurisdição delegada que sobre todos e cada um dos fieis, de qualquer condição e dignidade que sejam, recebeu de Deus o Cabeça visível da Igreja.
Nega a necessidade da divina revelação, e a obrigação que tem o homem de a admitir, se quer alcançar o seu último fim. Nega o motivo formal da fé, isto é, a autoridade de Deus que revela, admitindo da doutrina revelada só aquelas verdades que o seu curto critério alcança. Nega p magistério infalível da Igreja e do Papa, e portanto todas as doutrinas por ele definidas e ensinadas. E, depois desta negação geral e em globo, nega cada um dos dogmas, parcialmente ou em concreto, à medida, que segundo as circunstâncias, os encontra opostos ao seu critério racionalista. Assim, nega a fé recebida no batismo quando admite a igualdade de cultos; nega a santidade do matrimônio quando sustenta a doutrina do chamado matrimônio civil; nega a infalibilidade do Pontífice Romano quando recusa admitir como lei os seus mandatos e ensinamentos e ensinos oficiais, sujeitando-os ao seu passe ou exequatur, não como no princípio para assegurar-se da sua autenticidade, mas para jugar do seu conteúdo.
Na ordem dos fatos é imoralidade radical. E isto porque destrói o princípio ou regra fundamental, de toda a moralidade, que é a razão eterna de Deus impondo-se à razão humana; canoniza o absurdo princípio da moral independente, que é no fundo a moral sem lei, ou o que é o mesmo, a moral livre, uma moral que não é moral, pois a idéia de moral, além da sua condição diretiva, encerra essencialmente a idéia de restrição ou limitação. Demais, o Liberalismo é todo imoralidade, porque em seu processo histórico cometeu e sancionou como lícita a infração de todos os mandamentos, desde o que ordena o culto de um só Deus, que é o primeiro do Decálogo, até ao que prescreve o pagamento dos direitos temporais à Igreja que é o último dos cinco desta.
Por isto se pode dizer que o Liberalismo, na ordem das idéias, é erro absoluto, e na ordem dos fatos, desordem absoluta. e por ambos os conceitos é pecado, ex genere suo gravíssimo: é pecado mortal.
O Liberalismo é Pecado – Pe. Félix Sardá y Salvany, 1949.
Última atualização do artigo em 1 de dezembro de 2024 por Arsenal Católico