O Papa

Os inimigos da Igreja combatem de modo especial o Papa. Eles têm razão: quem quer matar fere de preferência a cabeça. Sem cabeça, o organismo não vive. Sem o Papa, a Igreja estaria morta. Principalmente os protestantes atacam de todos os modos o Papa, negando que Cristo tivesse feito de São Pedro o chefe da Igreja. Os cismáticos também negam.

O assunto é da maior importância para nós. O Papa é o chefe da Igreja. Vamos provar que Jesus Cristo deu a São Pedro o cargo de chefe supremo da Sua Igreja, e que o Papa é o sucessor de São Pedro.

Pedro será o fundamento

Um dia, Jesus perguntou aos discípulos o que pensavam dele. Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo”. Jesus louvou a resposta, e disse a Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra eu edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra, será ligado nos céus; e tudo o que desligares na terra, será desligado nos céus” (Mt 16, 18 e 19).

Nestas palavras Jesus diz a São Pedro:

1º que Pedro será como o fundamento da Igreja.

2º que Pedro terá nas suas mãos as chaves da Igreja, isto é, a autoridade suprema.

3º Receberá um poder de ligar e desligar, poder superior ao que foi dado aos outros Apóstolos. De fato, no momento estavam presentes todos, mas Jesus se dirige direta e pessoalmente a São Pedro: tu és Pedro, …eu te darei, etc.

Notemos que Jesus também deu aos Apóstolos o poder de ligar e desligar (ver Mt 18, 18). Mas não lhes disse que sobre eles edificaria a Igreja; nem lhes deu a chave do seu reino.

Com estas palavras, Jesus promete a São Pedro fazer dele o chefe supremo da Sua Igreja.

Cumprindo a promessa

Antes de voltar para o Pai, depois da Ressurreição, Jesus apareceu a vários dos discípulos, entre os quais estava Simão Pedro (ver o episódio no cap. 21 de São João). Dirigindo-se a Pedro, disse Jesus: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes? Ele lhe disse: Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros. Disse-lhe outra vez: Simão, filho de João, tu me amas? Ele lhe disse: Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros. Disse-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro ficou triste, porque pela terceira vez lhe disse: Tu me amas? E disse-lhe: Senhor, tu conheces tudo: tu sabes que eu te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21, 15-18).

Está muito claro nas palavras de Jesus:

1º que Ele se dirige a Pedro e a Pedro, a quem chama pelo nome, acrescentando o nome do pai, para evitar mesmo qualquer dúvida (Bar-Jonas quer dizer: Filho de João).

2º que nomeia São Pedro pastor de todas as suas ovelhas e cordeiros, isto é, de todo o seu rebanho.

3º que entrega a este pastor o cuidado e o poder de governar o rebanho inteiro: “apascenta”…

Pedro é o chefe

Com a Ascensão do Senhor, a Igreja devia funcionar tal como Cristo a organizou. Quem seria o chefe dos Apóstolos? Esta pergunta já os tinha uma vez preocupado (cfr. Lc 22, 24). Mas agora ninguém discute mais isto. Tinha sido resolvida pelo próprio nosso Senhor. A Igreja vai começar a sua vida sob a chefia de Pedro.

1. Ainda estavam no Cenáculo, quando Pedro tratou da substituição de Judas, e presidiu a eleição do novo Apóstolo, sendo Matias o escolhido (ver At 1, 15-26).

2. É Pedro o primeiro que prega o Evangelho, depois da descida do Espírito Santo, no dia de Pentecostes (ver id. 2, 14-41).

3. Já se apresenta como um chefe, a quem os outros Apóstolos acompanham: “Então, Pedro, apresentando-se com os onze, levantou a voz” (id. 2, 14).

4. É Pedro que toma a palavra, como um chefe, para defender os Apóstolos, que tinham sido presos (ver id. 4, 8).

5. Quando a Igreja começou a crescer e se estabelecer por várias partes, São Pedro é que vai visitar as novas comunidades, mostrando assim que é o chefe de todos os cristãos (ver id. 9, 31 e 32).

6. Na primeira reunião dos Apóstolos – o Concílio de Jerusalém – a presidência foi de São Pedro. Alguns queriam que os pagãos convertidos ao cristianismo fossem obrigados às práticas judaicas. Isto suscitou “uma grande discussão”. Mas, logo que São Pedro falou e resolveu a questão, “então toda a assembléia se calou”, e cuidou-se de outros assuntos (ver id. 15, 4-12).

7. São Paulo conta que foi “a Jerusalém para ver Pedro” (Gl 1, 18) e com ele passou 15 dias. Ora, se São Pedro não fosse o chefe supremo, São Paulo não tinha este interesse em vê-lo. Antes, indo a Jerusalém, teria ido ver a São Tiago, que era o Bispo daquela cidade.

8. Só assim se explica também que os Evangelistas, quando enumeram os Apóstolos, dêem sempre o nome de São Pedro em primeiro lugar, embora não guardem a mesma ordem para os outros. São Pedro, com efeito, não foi o primeiro Apóstolo chamado por Cristo, nem era o mais idoso.

Os sucessores de São Pedro

Já dissemos, na lição anterior, que os Apóstolos deviam ter sucessores até ao fim do mundo, porque a Igreja irá até à consumação dos séculos. A mesma coisa dizemos para São Pedro. Ele devia ter sucessores. São os Papas.

Desde a morte de São Pedro, martirizado por Nero, até aos nossos dias, a lista dos Papas é completa. Podemos ver na história como a Igreja Católica foi sempre chefiada pelo Papa.

Todos os Bispos do mundo reconhecem sempre no Papa o chefe da Igreja. Para ele apelavam nas dificuldades, dele recebiam a palavra de ordem, ou a solução das questões. Isto foi assim, desde os primeiros tempos. Nos fins do 1º século houve uma perturbação na igreja de Corinto, tendo sido depostos os presbíteros. O Papa São Clemente escreve uma carta aos coríntios, restabelecendo a ordem, e dizendo que é Cristo que fala por ele, e os coríntios cometerão falta grave, se não quiserem obedecer. E nesse tempo ainda era vivo o Apóstolo São João. Mas não foi ele, e sim o Papa (o Bispo de Roma) que resolveu a questão.

Só muitos séculos depois, foi que, por orgulho e inveja, negaram ao Papa o direito de governar a Igreja Universal. Foi isto que deu lugar ao Cisma do Oriente

Os benefícios do Papado

Cristo disse que São Pedro, isto é, o Papa, seria o fundamento da Igreja, e por isto as portas do inferno não prevalecerão contra ela. A história confirma as palavras de Nosso Senhor.

1. A Igreja se estende pelo mundo inteiro, e se conserva sempre a mesma, porque tem o Papa. Sem ele, aconteceria como aconteceu com a igreja cismática e a protestante, que se esfacelaram.

2. Isto se mostra principalmente na doutrina que se conserva a mesma, apesar de as opiniões dos homens mudarem tanto. Sem o Papa, os erros se introduziriam aqui ou ali, e não teriam quem os condenasse.

3. Para a unidade do governo também o Papa é necessário. Sem ele, não haveria quem resolvesse as questões entre os Bispos, e se estabeleceriam as divisões e discórdias.

4. Em todos os tempos, os governos civis têm querido se meter na administração da Igreja. O Papa tem sido, em todos os tempos, o defensor da liberdade da Igreja, da consciência dos fiéis, como ainda hoje continua a ser. O protestantismo e a igreja cismática caíram nas mãos do poder civil, por falta de um chefe supremo.

5. A Igreja Católica é a mais perfeita organização que há no mundo, porque a direção suprema está entregue a um chefe, que é o Papa. Enquanto isso, vemos, por exemplo, o protestantismo ser a mais perfeita desorganização do mundo, porque não há uma autoridade que o dirija.

O Papa é a explicação de toda a unidade, a ordem, a grandeza da Igreja de Cristo.

Para viver a doutrina

Nós somos as ovelhas do rebanho de Cristo. Fomos entregues por Jesus ao Papa: “Apascenta as minhas ovelhas”. A ovelha, que não quer seguir ao pastor, se desvia e se perde. É o que acontece com quem não quiser seguir o Papa: perde-se. Desliga-se da Igreja. Unido ao Papa, unido à Igreja e unido a Cristo. Santo Ambrósio dizia: “Onde está o Papa, aí está a Igreja” (Ubi Petrus, ibi Ecclesia). A obediência ao Papa é a grande norma de vida de um católico.

Devemos ter ao santo Padre um amor filial. Ele é o Pai comum da cristandade. É como Cristo no meio de nós. Como trataríamos a Cristo? Assim devemos tratar o Papa, que é o representante direto e imediato de Nosso Senhor.

Um dos nossos deveres de católico é rezar pelo Papa (ver a oração pelo Papa, no Missal). Quanta preocupação, quanta dificuldade, quanta coisa a resolver! Governa o mundo inteiro! “O Senhor o conserve, e o vivifique, e o faça feliz na terra, e não o deixe cair nas mãos dos seus inimigos”.

Todos devemos ter alegria em concorrer para o Óbulo de São Pedro. Os inimigos da Igreja e os maus católicos vivem dizendo que o Papa é muito rico, leva uma vida de fausto e de grandeza. Não é verdade. As esmolas, que os católicos mandam ao santo Padre, servem para manter as Missões, socorrer os necessitados, auxiliar os católicos perseguidos, manter as obras católicas. E as riquezas que existem no Vaticano não são pessoais do Papa. Também seria uma vergonha, se os católicos de todo o mundo deixassem o Papa viver como um mendigo, na miséria. Parece que certos católicos (maus católicos) deixariam Jesus nascer na estrebaria como os judeus! Pois nós lhe daríamos o mais belo palácio do mundo, se pudéssemos. E assim queremos também tratar o seu Representante.

Queremos ser sempre ovelhas do rebanho, de que o Papa é o Pastor.

A Doutrina Viva – Catecismo do Pe. Álvaro Negromonte, Editora Vozes, 1939.

Última atualização do artigo em 19 de janeiro de 2025 por Arsenal Católico

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