Oração para adorar a divina Providência e dar graças a Deus pela sua solicitude para com as criaturas

Eterno Deus e Salvador nosso, Rei dos reis, que Sois o só Onipotente e Senhor; Deus de todas as coisas, Deus de nossos pais justos e virtuosos; Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob; compassivo e misericordioso, cheio de comiseração e longanimidade; a quem está patente todo coração, e são manifestos os mais recônditos pensamentos: a Vós clamam as almas dos justos, em Vós estribam as esperanças dos Santos. Pai dos que em Vós confiam, que ouvis aos que devotamente Vos invocam, que intendeis ainda as tácitas invocações; porque Vossa providência penetra até o mais recôndito de nossas entranhas, e pela consciência esquadrinha a mais ligeira inclinação de nossa vontade. Em todo o orbe, se patenteia Vossa providência adorável, e toda criatura inteligente, animada ou inanimada, instrumento é de Vossa suprema vontade. Não se agitam os ventos e formam as tempestades, nem se enfurecem os mares, fuzilam os raios e rebombam os trovões, sem permissão Vossa; não desolam os campos as diluviosas inundações, nem as funestas secas fazem morrer à sede os animais e as plantas sem Vosso beneplácito; não se acendem as guerras, nem grassam pestilentes doenças, sem que assim apraza à Vossa vontade. Que digo, Senhor? não agita o vento a leve folha que da árvore se desprende, nem de minha cabeça um só cabelo me cai, sem consentimento Vosso! Louvada e adorada pois seja Vossa providência, Deus e Senhor meu; a ela me submeto sem murmurar, e dela submissamente aceito todos os males que houver por bem de enviar-me, porque os mereço por meus pecados, ou me quer provar neste mundo para merecer a glória dos escolhidos no outro.

Grande Sois, Senhor Deus Onipotente; grande é Vossa virtude, e Vossa sabedoria é infinita; Criador, Salvador, rico em graças, liberal em misericórdias, compassivo e magnânimo; que não Vos descuidais da salvação de Vossas criaturas, que Sois bom por natureza, e não só perdoais aos delinquentes, mas até os chamais à penitência, e lhes dais tempo para se arrependerem. Vossa onipotência anunciam os Céus e a terra tirados do nada, e tantos astros luminosos suspensos no espaço! Vossa providência atestam o calor do sol que ao mundo dá vida e luz, a frescura das chuvas que fecundam as terras e fazem germinar as plantas e as árvores, e vario sopro do vento que purifica o ar, ajuda a vegetação nos campos e bosques, move nas águas os baixéis, e aos humanos dá alento! Não menos visível é a longanimidade com que esperais nossa conversão, e a paternal solicitude com que nos facilitais os meios de nos convertermos! Bendito e louvado sejais em tudo por tudo. Em Vossa providência confio, e espero; não serei confundido para todo o sempre. Amen.

Novas Horas Marianas ou Ofício da SS. Virgem Maria, J. I. Roquette, 1888.

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