Em Londres, há alguns anos. Pelo fim de um banquete, alguém brindando em meio à despreocupada alegria dos comensais, saiu-se com esta: O cristianismo trouxe tão poucas vantagens á humanidade, que estabelecendo-se uma comparação, pode-se dizer que o gás foi muito mais útil.
Naturalmente houve quem risse dessa afirmação como de uma espirituosidade. O Dr. Parker, porém, não riu. Para melhor fazer entender, levantou-se e com tranquilidade e desenvoltura proferiu pensadamente estas poucas frases: Essa é uma opinião que nós respeitamos. Quer dizer que no momento solene da morte, nós mandaremos chamar um sacerdote para nos confortar e guiar ao porto da salvação: o senhor, ao invés, mandará chamar um empregado da companhia de gás! Desde já anguramos muitas felicidades.
Eis a grande riqueza do cristianismo: encontram-se na Igreja os meios de salvação eterna!
Santidade e salvação…
O Nome de Jesus tem uma profunda significação: quer dizer Deus que salva. E é mesmo assim. Sua vida toda foi um ideal de salvação: Não vim chamar os justos, mas sim os pecadores. Verdadeiro bom Pastor, saiu á procura das almas transviadas, com o afã de quem quer encontrar a todo o custo a ovelhinha perdida. E confiou à Igreja os meios para conduzir as almas à santidade e à salvação. Estes meios são:
1) A verdadeira Fé, que se encontra na Igreja Católica Romana e está resumida no Credo, transmitido, sem alteração, desde o tempo dos Apóstolos até nós. Além disso, a Igreja conservou e transmitiu cuidadosamente também os ensinamentos de Jesus, que estão escritos no Evangelho. Para escrever por extenso tudo o que Jesus disse e fez, diz São João no fim de seu Evangelho, seria preciso uma infinidade de livros! Pois bem: muitas coisas que não foram escritas, a Igreja as conservou transmitindo-as oralmente. O meio pelo qual a Igreja conserva e transmite esses ensinamentos chama-se Tradição.
Devemos crer neles, porque quem não crer será condenado: foi Jesus quem o disse.
2) O Sacrifício e os Sacramentos, mediante os quais nos são aplicados os méritos de Jesus Cristo e nos é conferida ou aumentada a Graça Santificante.
3) Os auxílios espirituais mútuos, como a oração, (que devemos dirigir a Deus não somente por nos, mas também pelos outros), o conselho (que devemos acolher, principalmente quando parte dos pais ou do ministro de Deus) e o exemplo (dado por todos aqueles que procedem bem).
…para todos os fieis
Observemos uma família bem organizada. Compõe-se de várias pessoas e possui muitas coisas: primeiramente o patrimônio da casa, e depois o ordenado dos pais e dos filhos que já trabalham. Tudo está à disposição de cada membro da família; e o pai ou a mãe o distribuem, vez por vez, conforme as necessidades.
Na Igreja dá-se o mesmo. É ela a grande família dos filhos de Deus. Todos os que pertencem a essa família, os fieis, têm à sua disposição os meios de santidade e salvação eterna deixados por Jesus Cristo.
Estes meios são comuns: todos participam deles em perfeita comunhão e com igual direito do mesmo modo como os filhos participam dos bens da família.
Infelizmente, muitos não se preocupam de usar destes bens.
Os fieis são santos
Quando recebemos o batismo e nos foi cancelado o pecado, nossa alma recebeu a Graça santificante e Deus veio morar em nós. Assim acontece com todos os fieis: Deus habita neles; portanto eles são “Santos” e têm obrigação de viver como santos.
Se um brasileiro tem obrigação de viver conforme as leis da sua pátria, se um oficial deve comportar-se de acordo com o regulamento militar, um cristão deve, naturalmente viver de acordo com a sua dignidade.
Uma advertência de São Paulo: É verdade de Deus que vos torneis santos. E ainda: Pois Deus nos chamou à santidade e não às imundícies! (1ª Tessal.: 4, 3-7)
Deus quer que você seja santo: por isso, fez com que você nascesse numa família cristã. Faça agora um exame de sua vida: é uma vida digna de um cristão, isto é, de um santo? Afinal, você já está capacitado para compreender, que pouco adiantaria chamar-se cristão e viver como… pagão: seria mentir, e isso não seria nada bonito.
Garcia Moreno, patriota e político equatoriano, viveu parte de sua juventude em Paris ,no exílio. Amava a religião, mas… não a praticava. Certa ocasião, pôs-se a defendê-la vigorosamente numa roda de amigos imbuídos de preconceitos. Mas alguém lançou-lhe em rosto suas duas caras: “o senhor se mostra tão entusiasta pela religião; afirma que é bela, boa, santa,… E talvez o seja. Mas verificamos que o seu modo de proceder é bem diferente. Sinal de que sua religião pouco valor tem para a vida!”
Garcia Moreno, cheio de confusão, abaixou os olhos. Depois, recobrando ânimo, afirmou com voz calma: Esta observação hoje tem valor, mas amanhã não valerá mais.
No dia seguinte, foi confessar-se e começou uma vida própria de cristão, isto é, uma vida de santo. Tanto assim que teve a coragem de derramar o sangue por esta religião. Morreu gritando: Deus não morre!
Luz do Céu, Curso de Religião para o Ginásio, 2º Tomo, Dogma, 1954.
Última atualização do artigo em 14 de janeiro de 2025 por Arsenal Católico