Estilo Século XX: simples e rápido
Estamos em pleno século XX: todos gostam de coisas rápidas ou, como tantas vezes se diz: dinâmicas.
Os cristãos mostraram que nisso estão na vanguarda: desde muitos séculos adotaram um modo simples e rápido, para resumir e manifestar toda a sua fé: o sinal da Cruz.
Com gesto sóbrio e cheio de dignidade, levando a mão direita da fronte ao peito, do ombro esquerdo ao direito, o Cristão traça a Cruz sobre a qual Jesus Cristo, Filho de Deus, morre pela nossa salvação. Não sei se você percebeu uma cousa: fazendo assim, o cristão toca as partes mais nobres de seu corpo: cérebro, coração, ombro.
Isto é belo e expressivo: no alto de nossos pensamentos, no centro dos afetos, no termo das fadigas acha-se Jesus Cristo, Salvador e Remunerador. Não o esqueça nunca!
Este gesto é acompanhado de palavras muito significativas: “Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. São palavras de Jesus, colhidas entre as últimas que Ele pronunciou antes da Ascensão: elas dizem que Deus é uno e Trino.
A nossa Religião possui um sinal rápido para exprimir as suas verdades fundamentais. Nosso sinal acha-se resumido e expresso, em perfeito estilo século XX, tudo o que está escrito em enormes volumes.
Muitas vezes paro diante de uma das nossas mais belas igrejas para satisfazer uma curiosidade: verifico com alegria que muitas pessoas ao passar diante dela fazem o sinal da Cruz. Por esse sinal eu os reconheço: são cristãos.
Temos ainda o “Pelo Sinal”, que vem a ser o conjunto de três cruzes feitas, uma na testa, outra nos lábios, e a terceira no peito, acompanhadas das seguintes palavras: “Pelo sinal † da Santa Cruz, livrai-nos Deus, † Nosso Senhor, dos nosso † inimigos.”
Dessa forma, pedimos a Deus que santifique os nossos pensamentos, as nossas palavras e os nossos sentimentos e afetos.
Com muita frequência e devoção
um senhorita fora convidada a um elegante jantar de sociedade. Ao sentar-se à mesa, com uma compostura e elegância de causar inveja, fez o sinal da Cruz.
Somente um oficial à sua frente achou o que comentar.
– Mas como?! Num banquete de gala… o sinal da Cruz!
Para quem está com a razão, não faltam argumentos. E a senhorita cortesamente replicou:
Por obséquio: por que o sr. traz essa condecoração… justamente num banquete de gala?
O oficial realmente ostentava uma medalha ao mérito.
– É meu orgulho, é o sinal do meu amor à pátria.
– Pois bem, saiba que o sinal da Cruz é minha glória, o sinal das minhas convicções: eu sou cristã.
Este sinal das nossas convicções vence o respeito humano, mas sobretudo vence o tentador. São Cirilo diz: “Como o cão foge diante da vara, assim o espírito maligno foge à vista da Cruz”. O demônio sabe que suas desventuras e desgraças começaram com a Cruz de Jesus Cristo.
E quando convém fazer o sinal da Cruz?
Não seria necessário determinar esse “quando”; visto que o sinal da Cruz é útil, é bom fazê-lo em qualquer ocasião. O Catecismo indica algumas:
1) antes e depois de qualquer ato religioso: e nisso a Igreja nos dá o exemplo: com o sinal da Cruz principia a Santa Missa, e a conclui com a bênção que o sacerdote dá em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
2) antes e depois das refeições e do repouso: coisa aliás muito justa, porque tudo é dom de Deus, tudo acontece com sua proteção e de tudo devemos dar-lhes graças.
3) nos perigos da alma e do corpo: o demônio deverá ceder diante de quem traça sobre si o sinal da Cruz, isto é, o sinal de Quem, morrendo, o venceu.
Tome cuidado, porém, para que o seu sinal da Cruz seja sempre um sinal da Cruz e não um… enxota-moscas! Alguns não fazem o sinal da Cruz por vergonha, por respeito humano. O que se costuma chamar respeito humano é uma tolice! Respeito de quem e de quê? Talvez da sem-vergonhice alheia?
Luz do Céu, Curso de Religião para o Ginásio, 2º Tomo, Dogma, 1954.
Última atualização do artigo em 14 de janeiro de 2025 por Arsenal Católico