Qual o meio principal que emprega a Maçonaria para atingir o seu fim? – D. Frei Vital

Qual o meio principal que emprega a Maçonaria para atingir o seu fim?

“O papado exerceu sempre ação decisiva nos negócios da Itália e do mundo inteiro, pelo braço, voz, pena e coração de seus numerosos Bispos, padres, frades, religiosos e fiéis de todos os países.

“O Papa, quem quer que seja, não virá para as sociedades secretas: a estas é que cumpre dar os primeiros passos para a Igreja AFIM DE VENCÊ-LOS A AMBOS (O Papa e a Igreja).

“O que devemos procurar é um Papa adaptado às nossas necessidades, para que se entregue aos governos que lhe causam susto, e aos incrédulos que lhe festejam a sua tolerância.”

Eis aí o meio.

Levando os Apóstolos, um dia, caminho à Cesareia, em companhia do Divino Mestre, perguntou-lhes este: “Quem dizem os homens que eu sou?”

– “Alguns, Senhor, responderam os Apóstolos, dizem que sois João Batista ressuscitado; outros, Elias; outros, enfim, Jeremias ou algum dos antigos profetas redivivo”.

– “Mas, vós outros, torna-lhes jesus, quem pensais que eu sou?”

Subitamente iluminado pelo Espírito Santo, Simão Pedro, tomando a palavra, responde por todos, e, em nome da Igreja nascente e futura, exclama com transportes de fé e adoração: “Sois, Cristo, Filho do Deus vivo! Tu es Christus, Filius Dei vivi!”

Olhando então com ternura para ele, diz-lhe o Divino Mestre solenemente: “Bem-aventurado és tu, Simão Bar-jonas, porque nem a carne nem o sangue t’o revelou, mas sim meu Pai que está nos Céus. E eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; e contra ela não prevalecerão as portas do inferno. E a ti dar-te-ei as chaves do reino dos Céus. E tudo quanto ligares na terra, ligado será nos Céus; e tudo quanto na terra desatares, será desatado nos Céus.” (57)

Pedro é pois, Irmãos e Filhos diletíssimos, a pedra inconcussa, o grande fundamento do edifício da Igreja de Deus: Petra solidissima, magnum Ecclesiae fundamentum, – como lhe chama o Orígenes. (58)

Sobre esta base, única inabalável, é que Jesus Cristo firmou, segundo a frase do grande Santo Atanásio, as colunas da sua Igreja; isto é, os Bispos: Tu es Petrus, et super fundamentum tuum Ecclesiae columnae, id est Episcopi sunt confirmati. (59)

“Oh! Venturoso fundamento da Igreja! Bem podemos nós exclamar com Santo Hilário, Bispo de Poitiers. Oh! Bem-aventurado Pedro, que foste horado com um novo nome! Oh! Pedra digna de sustentar o edifício da Igreja!” (60)

Mas, Pedro ainda vive. Pedro o homem privado, o pescador da Galileia, o apóstolo, o santo, o mártir, esse, sim, já não existe, morreu há 1809 anos, está na celestial Jerusalém; porém, Pedro, o homem público, o Papa, Pastor da Igreja Universal, o Vigário de Jesus Cristo, este não morre, está vivo e continuará a viver, até a consumação dos séculos, e sua residência é em Roma.

“Pedro, diz bossuet, viverá sempre em seus sucessores; Pedro ensinará sempre de sua Cadeira: é o que dizem os Santos Padres e confirmam 630 Bispos no Concílio de Calcedônia!” (61)

Assim é, amados Filhos no Senhor, qualquer que seja o verdadeiro Papa que esteja sentado na Cadeira Apostólica, Lino ou Cleto, Clemente ou Inocêncio, Gregório ou Pio, é sempre Pedro que nele vive e nela preside: Beatus Petrus qui in própria Sede vivit et proesidet. (62) É sempre ele que governa a Santa Igreja de Deus; porque, “o seu privilégio e ministério são de instituição permanente,” nos ensina São Leão Magno: Manet Petri privilegium (63) “e porque, ainda nos diz o mesmo Santo Padre, a solidez da fé que foi a glória do Príncipe dos Apóstolos, é perpétua; e bem como a fé de Pedro em Jesus Cristo é fato permanente, assim também perdurará para sempre o ministério que Jesus Cristo instituiu na pessoa de Pedro” (64)

Logo, com sobeja razão disseram os Padres do Concílio ecumênico de Calcedônia que o sucessor de São Pedro é a pedra angular, o baluarte da Igreja Católica, o fundamento da verdadeira fé: Successor Beatissimi Petri Apostoli, Petra et crepido Ecclesiae Catholicae et rectae fidei fundamentem.

A sé do Sucessor do Príncipe dos Apóstolos, a Igreja Romana, é, como bem dizia santo Ambrósio aos Imperadores Graciano, Valentiniano e Teodósio, a cabeça de todo orbe, porque dela manam para todos os fiéis os sagrados direitos da veneranda comunhão católica. (65)

A benéfica influência do Papado se faz sentir no mundo inteiro porque ele ata e desata em todos os pontos do universo; (66) porque ele é o sol radiante em torno do qual giram os outros planetas, que dele recebem luz e equilíbrio; porque, finalmente, o seu trono é base de toda a autoridade,é coluna a que se prende a cadeia dos demais tronos.

Logo, removido esse centro de atração, solapado esse fundamento, derrocada essa coluna, com toda a certeza, infalivelmente desequilibra-se todo o mundo moral, desmorona-se todo o edifício da Religião Católica, despedaça-se a cadeia dos tronos e somem-se os seus elos nos medonhos abismos da revolução.

Isto é óbvio, é intuitivo, é lógico.

Bem sabe a Maçonaria. Eis aqui pois a razão por que ela nunca deixou de mover ao papado guerra, ora surda, ora patente, mas sempre guerra a todo o transe. Todas as suas baterias estão assestadas contra Roma; todos os seus esquadrões fazem pontaria sobre o Vaticano; todos os seus projéteis tem por alvo a Cadeira Apostólica.

Ouçamo-la:

“A conspiração contra a Sé Romana, diz ela pelo órgão de um de seus chefes, se não deve confundir com outros projetos… A revolução na Igreja é a revolução em permanência, é a queda infalível dos tronos e das dinastias… NÃO CONSPIREMOS SENÃO CONTRA ROMA; sirvamo-nos para esse fim de todos os incidentes, aproveitemo-nos de todas as eventualidades”. (67)

Em carta de 5 de Janeiro de 1846, dizia o mesmo personagem a um certo Nubius, alto funcionário da Maçonaria, o seguinte:

“Para dar cabo com certeza do mundo velho, julgamos que é necessário abafar o gérmen católico e cristão, e vos oferecestes para feri, na testa o novo Golias pontifício, com a funda de David. Muito bem! Quando porém o ferireis? Anelo ver as sociedades secretas às mãos com esses cardeais do Espírito Santo”. (68)

Uma folha maçônica escreveu o seguinte em 15 de Outubro de 1866:

“Vivemos em um época memorável, época de grandes lutas e grandes transformações; vivemos em um tempo em que lutam os espíritos para libertarem-se inteiramente de todas as cadeias políticas e religiosas. Até o presente o Papa conservou-se de pé, firme, qual rochedo em meio de tempestades; atualmente, porém, o seu poder avizinha-se do fim. O poder temporal já lhe foi tirado, e o espiritual está muitíssimo abalado, mesmo no pequeno número de nações européias, onde até agora o tinham aceitado sem restrição. E assim como a sede do príncipe eclesiástico em roma foi abalada, apesar do rochedo de São Pedro, assim também sê-lo-ão igualmente os TRONOS SECLUARES”. (69)

Mais um documento.

“A revolução, diz uma Loja de carbonários, só é possível com uma condição: A DESTRUIÇÃO DO PAPADO”.

“As conspirações no estrangeiro, as revoluções em França nunca obterão mais que resultados secundários, ENQUANTO ROMA ESTIVER DE PÉ. Se bem que fracos como potência temporal, os Papas gozam ainda de imensa força moral. PARA ROMA, pois, é que devem convergir TODOS OS ESFORÇOS DOS AMIGOS DA HUMANIDADE. PARA DESTRUÍ-LA todos os meios são bons. Derrubado o Papa baquearão naturalmente todos os tronos” (70)

Como vedes, Irmãos e Filhos caríssimos, o Papado é o ponto de mira da Maçonaria; e para destruir essa sólida coluna sobre a qual repousa todo o edifício do Catolicismo, ela, a seita demolidora, não recua ante meio algum, e emprega constantemente a mina e ao ariete; isto é, solapa-lhe os alicerces, isola-a de todo o sustentáculo e afinal empurra-a, carregando sobre ela.

1º – Solapa-lhe os alicerces, insinuando-se furtivamente no santuário do Senhor, no remanso do claustro, no consistório das Irmandades, na cela do seminarista, onde tenta fazer propaganda surda, diabólica, já ilaqueando incautos clérigos, tanto seculares como regulares, e pervertendo-lhes os costumes; já contaminando as confrarias religiosas, deturpando-lhes o fim de sua criação e insuflando-lhes o espírito de rebelião contra a legítima autoridade eclesiástica; já finalmente, procurando, a pretexto de inspeção dos estudos, ou secularização dos seminários, introduzir nesses pios estabelecimentos compêndios e mestres eivados de doutrinas regalistas, jansenistas, galicanas, que corrompam as límpidas fontes do puro ensino católico e distilem no ânimo do jovem clero o veneno tão sutil quão mortífero dos princípios maçônicos.

Em abono do que dizemos, vamos transcrever um importante documento da seita ardilosa, sem dar-lhe crédito relativamente ao grande número de padres, frades e monsenhores que diz haver arregimentado em suas fileiras.

Que alguns infelizes sacerdotes, obliterando os sagrados deveres de seu augusto caráter, metendo debaixo dos pés as leis da Igreja, abafando os clamores da consciência, se hajam despenhado nos pavorosos abismos das sociedades secretas, bem o sabemos; estes porém são raríssimos e pois não podem constituir esse apregoado grande número.

Quando mesmo fosse rigorosamente exato o que sustenta a Maçonaria, duas coias tão somente provaria: 1º a desventura de tais sacerdotes; 2º a divindade da Religião Católica, cujo edifício dezenove vezes secular, ainda se sustenta apesar da nímia fraqueza de tais colunas, e sustentar-se-á até a consumação dos tempos.

Ouçamos porém a maçonaria falando por um de seus órgãos:

“Caminhamos a passos largos, a Nubius escrevia Beppo, em 2 de Novembro de 1844, e todos os dias novos fervorosos neófitos afiliamos à nossa conjuração: Fervet opus. O mais difícil, porém, não só resta por fazer, como até por esboçar. Adquirimos, e sem grande trabalho, religiosos de todas as ordens, padres de quase todas as condições, e certos monsenhores intrigantes e ambiciosos. Não é o que há de melhor nem mais apresentável; mas não importa. Para o fim proposto, um frade aos olhos do povo é sempre um frade; um prelado será sempre um prelado. Naufragamos completamente junto aos Jesuítas; DESDE QUE CONSPIRAMOS AINDA NÃO NOS FOI POSSÍVEL POR A MÃO EM UM IGNACIANO, e cumpre saber qual a razão de tamanha e tão unânime obstinação. Não creio na sinceridade da fé nem na dedicação deles à Igreja; porque entretanto ainda não descobrimos em nenhum deles a falha da couraça? Não temos Jesuítas conosco; mas podemos sempre dizer e mandar dizer que os temos, o que vem a ser absolutamente o mesmo.

“Não será assim com os cardeais; todos eles escaparam às nossas ciladas. De nada serviram as lisonjas mais bem combinadas; de tal sorte que nos achamos tão adiantados hoje, como ontem. Nem sequer um membro do sacro Colégio caiu no laço. Os que foram sondados e tentados, todos, desde a primeira palavra sobre as sociedades secretas e seu poder, fizeram sinais de exorcismo, como e os quisera o diabo transportar ao cume do monte; e, morrendo Gregório XVI (o que vai acontecer breve) achar-nos-emos, como em 1823, na morte de Pio VII”. (71)

1º O trabalho latente, infernal, da Maçonaria no próprio Santuário do Deus vivo, cujos ministros ela esforça-se para apanhar em suas redes;

2º A razão por que ela vota sanha mortal, ódio de extermínio aos Jesuítas, a quem nunca tem podido iludir ou aliciar;

3º Que nem um só Cardeal foi ilaqueado pelas sociedades secretas;

4º Que redobram-se os seus insanos esforços, ativam-se os seus diabólicos trabalhos ao avizinhar-se o ocaso de cada Pontífice.

Prossigamos.

2º – A Maçonaria afasta do Papado tudo o que lhe poderia servir de ponto de apoio e sustentáculo.

Não é preciso grande esforço para vo-lo provar.

Os estados pontifícios são pequenos territórios, doados à Igreja por diferentes monarcas e Senhores Católicos, e cujo Soberano assim temporal como espiritual é o romano Pontífice. De posse deles, o Papa é independente e desimpedido, livre e desembaraçada é a ação de sua autoridade Apostólica; sem eles, está preso, dependente do arbítrio de outrem, sujeito aos caprichos de um Príncipe que pode ser católico, cismático, protestante, muçulmano, et., e sua ação espiritual enormemente dificultada. Os Estados Pontifícios são, pois, um ponto de apoio para o papado. Pois bem! Por isso mesmo a Maçonaria usurpou-lhe essa diminuta nesga de terra, chamada patrimônio da Igreja, e esbulhou-o do Poder temporal!

As Ordens religiosas são as tropas mais aguerridas e mais bem disciplinadas da Igreja; imensos e relevantes serviços prestam na propagação e conservação da fé; sumamente auxiliam o Papado no desempenho de sua missão divina. Pois, sim! Por essa mesma razão vemo-las dissolverem-se por toda a parte, sob a ação deletéria dos poderes maçônicos, que juraram exterminá-las!

As nações e os governos sinceramente católicos são as trincheiras do Papado; são valentes barreiras diques poderosos que abrigam-no da invasão da onda revolucionária; e, estreitamente unidos, governos e Papado, comunicam-se reciprocamente força inexpugnável. É justamente este o motivo por que a quase onipotente Maçonaria risca tais nações do mappa-mundi, ou as abate e debilita; derriba tais governos, ou separa-os da Santa Sé!

Assim é que a Polônia desapareceu da carta da Europa; assim é que o reino de Nápoles, os ducados de Modena, Parma, Toscana sumiram-se nas crateras do vulcão revolucionário; assim é que a Áustria está consideravelmente enfraquecida, a França profundamente humilhada, a Espanha sobremodo dividida; ao passo que atualmente dominam as potências anticatólicas, infensas à Igreja Romana.

Tudo isto, Irmãos e Filhos muito amados, é obra da tenebrosa Maçonaria. E para que vos convençais de que a influências maçônicas nada atribuímos de mais, nem tão pouco sem fundamento, vamos inserir aqui, em prova da nossa asserção, alguns trechos de um relatório oficial que o célebre Mazzini, chefe, ou pelo menos alto funcionário, das sociedades secretas, dirigiu, em 1851, de Paris ao Comitê central revolucionário, em Londres, e, depois, aos principais agentes da França, Itália, Alemanha e Suíça:

“Nossa grande obra, senhores, diz ele, se compõe de duas partes. Trata-se em primeiro lugar de fazer desaparecer o que é velho e usado, o que não pode mais servir. Trata-se depois de reconstruir de novo…

“Quanto ao primeiro fim a que nos propomos atingir, um olhar lançado sobre a Europa deve com razão encher-nos de profunda gratidão de profunda gratidão para com Deus e inspirar-nos ao mesmo tempo coragem inquebrantável. Encham-se os governos de orgulho e de complacência em suas obras! Nós reconhecemos em nós mesmos a MÃO SUPREMA QUE DIRIGE OS DESTINOS DOS POVOS; deixemos aos governos sua pomposa e inútil linguagem; trabalhemos sempre e sempre com prontidão e eficácia…

“Tenho razão para estar satisfeito com a França; neste grande país prospera a doutrina do porvir, e os detestáveis esforços dos partidos, que disputam uma posição que nenhum deles poderia conservar, auxiliam e favorecem nossos progressos e conquistas. A Providência serve-se desses mesmos partidos, encontra nas tentativas deles meios de convencer cada vez mais os povos da decrepitude das formas velhas e prepará-los para a aplicação próxima das nossas formas novas. Os esforços que fazem alguns dos ministros do efêmero poder que ora governa a França, com intuito de consolidar essas formas afim de torná-las duráveis, esses tentâmens são sintomas animadores da cegueira do poder, mantêm salutar fermentação que se estende incessantemente e nos promete, em termo próximo, feliz êxito. O ensino de nossos princípios e a atividade de nossos amigos, que não me é preciso designar nominativamente, fundam um terreno maravilhosamente preparado pelos nossos próprios adversários…

A Península Ibérica, onde os elementos de resistência apresentam ainda espessa camada, não retrograda senão na aparência… Ela se transformaSem descanso prossegue-se o trabalho da decomposição naquele corpanzil, nada poderia pará-lo ou suspender-lhe os efeitos; e os acontecimentos que se dão em Portugal, longe de inspirar-nos o menor susto, coadjuvam, pelo contrário, os nossos esforços para atingirmos o nosso fim.

A Península Italiana, nossa cara pátria, tão digna de futuro que lhe cure as chagas, está hoje mais poderosa e resoluta que nunca… DEVEMOS CONTAR, CONTAMOS COM CERTEZA!!! com o governo esclarecido de Turim. Ele tem o sentimento de sua missão e está pronto a recomeçar seus gloriosos combates, apenas as circunstâncias previstas coloquem, nos países vizinhos, os homens do futuro à frente dos negócios

“Quanto à Suíça, foco da liberdade européia, nada vos direi, porquanto de outra parte recebeis informações a seu respeito. Dir-vos-ei apenas que os perigos,, que ainda a pouco ameaçavam esse país, foram removidos, graças à prudente direção que OBRIGAMOS o governo francês a tomar.

“Eu poderia dispensar-me, pela mesma razão, de falar-vos a respeito da Alemanha; não posso, porém, deixar de manifestar-vos a particular satisfação que experimento, quando reflito sobre o estado desse importante país. Não se realizou a união tão receada entre a Prússia e a Áustria. Os esforços do primeiro ministro austríaco, que é o continuador do príncipe de Metternick, naufragaram contra a resistência da Prússia, que conservou-se fiel à sua missão histórica… Uma voz eloquente pronunciou acerca da Áustria uma palavra que diz tudo, e vós a conheceis: DELENDA EST AUSTRIA!

Não poderíamos empregar bastante atividade em Londres, em Paris, até em Berlim, para suscitar embaraços à Áustria… Poderosos motivos tenho para crer que os hábeis esforços daqueles que, sem o saberem, servem aos nossos interesses, debaixo deste ponto de vista, obterão alguma coisa em Berlim. O DELENDA EST AUSTRIA é a primeira e última palavra de ação contra essa potência. Convém apoderarmo-nos da Prússia excitando os seus brios militares e a sua susceptibilidade, e da Áustria açulando umas contra as outras as diferentes nacionalidades de que se compõe esse império”.

Depois de haver mencionado, sempre com satisfação, o Império Otomano, na parte européia, e a Rússia, continua o celebérrimo Mazzini:

“A história de todos os povos e de todos os séculos nos ensina que os instrumentos da tirania podem-lhe recusar o seu serviço no momento difícil, e as leis da natureza nunca se desmentem. Uma sociedade organizada contra a natureza morre entregue a si própria, e NÓS SOMOS, além disso, OS MÉDICOS MAIS ADAPTADOS para facilitar-lhe e precipitar-lhe a morte”. (72)

Este memorável documento, caros irmãos e Filhos no Senhor, onde, através do véu de aparente moderação, se entrevê o espírito da destruição, a obra revolucionária das sociedades secretas, tornando bem patente que a Maçonaria é a mola misteriosa que faz subir ou descer as nações, a força motriz que rege todo o mecanismo dos governos hodiernos, imprimindo-lhes movimento impulsivo para esta ou aquela direção, prova à sociedade quão verdadeira é a nossa proposição.

Portanto, nada mais precisamos acrescentar.

3º – A Maçonaria, depois de haver minado as bases do papado, depois de o haver isolado de tudo o que lhe poderia servir de sustentáculo, julga chegado o momento de dar-lhe o último empurrão, para deitá-lo por terra.

E aqui, Irmãos e Filhos diletíssimos, não se faz necessário invocarmos o testemunho dos escritores maçônicos, nem tão pouco socorrermo-nos das principais autoridades da seita. Documentos, temo-los abundantes, eloquentíssimos, ante os olhos, escritos na fronte das nações pela mão misteriosa da senhora das trevas: basta relancear rápido olhar sobre os dois continentes europeu e americano.

Atendei, na realidade, para o que ora se está passando na Prússia, áustria, Suiça, Itália, portugal, Brasil, Chile, Peru, Venezuela, Guatemala e México.

Aqui, arrancam violentamente os Bispos do seio do rebanho querido, processam com clamorosa injustiça a sacerdotes venerandos, deportam padres inocentes, conculcam os sagrados Cânones, postergam as divinas prerrogativas da Igreja; e exigem, ao mesmo tempo, que o Santo Padre sancione tudo isto, sob pena de maiores arbitrariedades!

Ali, tentam separar o Estado da Igreja, impor o casamento civil, abolir ou desconhecer certos direitos inalienáveis da Igreja de Jesus Cristo, confeccionar leis opressoras da consciência católica, promulgar editos destruidores da divina autonomia da nossa religião sacrossanta; e pretendem, ao mesmo tempo, que o Sumo pontífice tudo aprove, sob pena de mais tristes calamidades!

Acolá, extinguem as Ordens religiosas, expelem da mansão da paz as castas esposas do Cordeiro sem mácula, despojam-nas de seus bens, usurpam o patrimônio de São pedro, tolhem a liberdade ao Vigário de Jesus Cristo, maquinam a destruição do Catolicismo; e querem, ao mesmo tempo, que o Papa ratifique todos estes deploráveis atentados, sob pena de maiores e mais flagrantes violências!

Além, encarceram também, depõem, ou deportam os legítimos pastores da santa igreja de Deus; também prendem, multam, responsabilizam, ou desterram os sacerdotes católicos, fiéis aos seus heroicos Prelados; também expulsam todos os religiosos de qualquer ordem que sejam; também promulgam leis, fazem baixar decretos diametralmente opostos à fé católica; e ousam esperar que o Chefe supremo do Catolicismo se conforme com todas essas horrorosas vexações, sob pena de mais tirânico despotismo!

Por toda a parte notamos, com mui leves discrepâncias, a mesma tática, o mesmo sistema, os mesmos meios de ataque, a mesma uniformidade de ação: tudo isto obra da Maçonaria!

Sim, por toda a parte a sita hipócrita, a pretexto de soberania nacional, de prerrogativas da Coroa, de direitos majestáticos, etc., etc., suscita constantemente lamentáveis conflitos entre os dois poderes – eclesiástico e civil; aviva antigos ciúmes daquele apara com esta; e, por intermédio dos governos, feitura sua, faz pressão sobre o Vigário de Jesus Cristo, ameaçando-o com cárceres, confiscações, exílios para os Bispos e padres fiéis, com o rompimento diplomático, cisma religioso, e furiosa perseguição contra os católicos.

O plano sombrio da seita é atemorizar com esses arreganhos o Romano Pontífice, afim de arrastá-lo a transigir com certos princípios modernos, a fazer concessões que nada menos importariam que a escravidão da Igreja e um golpe fatal desferido em cheio no Catolicismo.

A sinagoga de Satã resolveu, todos o sabem, destruir o Papado, e para tal fim envidará todos os esforços, não vacilará ante meio algum, por mais iníquo que seja. Mas, antes de tudo, tenta se pode conseguir que o Papa se suicide, como o Amalecita, desfeche em si próprio golpe mortal, se precipite nos mortais abismos do erro, declinando por pouco que seja do caminho da verdade.

Que louca pretensão! Que pasmosa cegueira! Que deplorável ilusão!

“A Santa Igreja Romana, garantimos nós com São Jerônimo, que sempre conservou-se pura e imaculada, permanecerá sempre, em todos os tempos do porvir, firme, imutável em sua doutrina, a despeito dos mais furiosos ataques dos hereges, pela providencial proteção do Senhor e pela assistência do Bem-aventurado Pedro”. (73)

Ouvi, agora, Irmãos e Filhos muito amados, trechos de um documento precioso, importantíssimo por ser de nossos dias: é A CIRCULAR OFICIAL do Grande Oriente de Roma, dirigida, em 14 de Dezembro de 1872, às Lojas da Itália:

“O nosso estabelecimento em Roma tem aberto nova era para a humanidade, para a Itália, para a Maçonaria. Apagamos da legislação humana uma infame teocracia que era um insulto à civilização, conquistamos para a nação a sua capital histórica. A MAÇONARIA alcançou nova vitória em favor dos princípios POR QUE PUGNA.

“No entanto, nem a Maçonaria nem a Itália completaram ainda a sua missão, e a humanidade ainda espera de NÓS o extremo golpe vibrado a uma religião rapinante e sanguinária. O termos revindicado para o poder leigo esta dede da civilização; o encontrarmo-nos senhores, ou exercendo nossa soberania, entre estes solenes monumentos da antiga grandeza,… impõe-nos maiores deveres, e deve-nos infundir maior alento para combater os inimigos do progresso e proclamar o reinado da justiça e a vitória da razão.

“Deve notar-se que as condições do país são tais, que devem atrair mais que nunca a nossa atenção, e reclama toda a nossa enérgica atividade. Por uma parte, o Papado tenta os últimos esforços para manter firme um edifício que desaba;… pela outra, o governo, com dano da pátria e da civilização, abraça-se com este agonizante, sem lembrar-se de que o hálito do moribundo acabará por envenená-lo e apressar-lhe a morte, RENEGANDO a missão italiana. É mister, pois, lutar contra os esforços da Igreja e as tendências do governo; educar as populações para a verdadeira liberdade; preparar seriamente o dia em que sobre a terra não existirão mais NUMES, nem ÍDOLOS, nem TIRANOS, nem escravos, nem homens que gozem, nem miseráveis que sofram; mas uma federação de famílias independentes, livres, instruídas, ativas, prosperas. Não podemos, sem mentir ao nosso juramento, sem renegar a nossa história, FICAR MUDOS ESPECTADORES nestes momentos supremos…” (74)

Mais claro do que isto, Irmãos e Filhos da minha alma, não é possível, nem é preciso!

Este documento prova pois à toda luz da evidência:

1º Que foi a Maçonaria quem estabeleceu em Roma o governo de Turim, e que, hesitando este em ir avante na obra devastadora da ímpia seita, ela o ameaça e jura apeá-lo do poder, se não quiser prosseguir;

2º Que ela não está satisfeita com a queda momentânea do Poder temporal dos papas; mas que se esforça ainda por destruir o Poder espiritual deles para conseguir o seu fim, que é, como já o dissemos, – O ANIQUILAMENTO DO CATOLICISMO, PELA ABOLIÇÃO DO PAPADO.

Dom Vital – Instrução Pastoral do Bispo de Olinda aos seus Diocesanos sobre a Maçonaria e os Jesuítas, 1875

(57) Math. 16. 13 e seguintes.
(58) Homil. 1. in Math.
(59) Epist. ad Pap. Felix.
(60) In Math. c. 16.
(61) Serm. sobre a unidade da Igreja.
(62) S. Pedro Chrysol. Epist. a l Euty .
(63) Serm, IV .
(64) Soliditas enum illius fidei, quae in Apostolorum Principe est landata, perpetia est: et sicut permanet quod in Christo Petrus credidit ita permanet quod in Petro Christus instituit. Serm. III.
(65) Totius orbis Romani caput Romanam Ecclesiam, atque illam sacrosanctam Apostolorum fidem . Epist. X. 1.
(66) Pio VI, Breve Super soliditatem Petrae, de 28 de Novembro
de 1786.
(67) Carta do Piccolo Tigre aos agentes superiores da Venda piemonteza.
(68) Cri. p. 68 e 69.
(69) Gazeta des Franc-Maçons, redigida pelo Pastor Zille.
(70) Cri. 71
(71) Cri. p. 67.
(72) Journal dea Débats, 16 de Maio de 1851.
(73) Comm. in Joan. Haec est fides.
(74) A Maçonaria desmascarada. p. 254, 256.

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