Santa Catarina de Alexandria († Século IV)
De nobre origem, nasceu Catarina em Alexandria, no Egito, em fins do século terceiro. Bem pequena ainda, começou a instruir-se nas verdades da santa religião e, dotada de uma inteligência superior, mais tarde, não só se aprofundou na ciência teológica, como também se dedicou d’um modo particular ao estudo das ciências profanas. Tendo apenas dezoito anos, em discussões públicas confundiu os maiores filósofos da cidade natal. O Imperador Maximino tinha decretado uma perseguição aos cristãos e sua doutrina. Tendo conhecimento do grande preparo de Catarina, prometeu um prêmio ao filósofo que conseguisse afastar a jovem da religião cristã. Numa discussão pública, para a qual Catarina foi convidada, puseram em ação todo o aparato de argumentações sofísticas, para desorientar a donzela. Catarina, porém, iluminada pelo Espírito Santo, respondeu-lhes com tanta clareza e sabedoria, que abandonaram os erros e pediram admissão entre os catecúmenos. Todos morreram pela fé, à qual se tinham convertido.
O Imperador, surpreendido pelo êxito inesperado da discussão, procurou pessoalmente ganhar as simpatias de Catarina, para destarte fazê-la abandonar o Cristianismo. Entre outras muitas promessas que lhe fez, foi a principal a de levá-la à dignidade de Imperatriz. Catarina, porém, recitou firmemente todas as pretensões do tirano, não querendo reconhecer por esposo do coração senão o divino Salvador. Maximino mudou então de tática e em vez do amor, que não lhe possuía, revelou o ódio sem limites contra a religião de Cristo e contra a nobre donzela. Durante onze dias Catarina foi sujeita a toda sorte de sofrimentos. Duras flagelações revezavam com desumanas privações. O resultado foi que muitas pessoas, que visitaram a pobre vítima das iras imperiais, se converteram ao Cristianismo. Esta circunstância provocou mais ainda o furor do déspota, que baixou uma ordem, segundo a qual Catarina devia ser colocada sobre uma roda com lâminas cortantes e ferros pontiagudos. Catarina fez o sinal da cruz sobre o instrumento do martírio, que se fez em pedaços, fato este que causou máxima admiração e determinou a conversão de outros pagãos. Maximino não mais ousou aplicar outras medidas, com receio de tornar-se propagandista do Cristianismo. Por isto deu ordem para que Catarina fosse decapitada. A jovem cristã recebeu jubilosa esta sentença e saudou o dia que lhe ia proporcionar a maior das venturas: a união com o celestial Esposo.
Diz a história da vida de Santa Catarina que o corpo da Santa foi pelos Anjos levado ao monte Sinai. Falconio, arcebispo de San Severino, referindo-se a esta lenda, diz: Os Anjos, isto é, os religiosos do convento de Sinai levaram o corpo da mártir ao monte santo, onde o sepultaram com todas as honras. A maior parte das relíquias de Santa Catarina se acham de fato no Mosteiro de Sinai.
REFLEXÕES
Ante a alternativa de sacrificar a virgindade, a fé ou a vida, preferiu o martírio a perder a virtude. Renunciou sobranceiramente às honras de Imperatriz, que lhe adviriam pelo casamento com o Imperador, e preferiu agradar ao esposo eleito de seu coração, a Jesus Cristo. A alma, adornada pela graça santificante, tem o amor infinito de Cristo, de que é esposa. Tem uma beleza superior a todas as belezas do mundo. O pecado mortal, porém, tira-lhe todo este encanto e no mundo não há ser mais abjeto que uma alma maculada pelo pecado. Tem uma só semelhança: a de Lúcifer. Lúcifer, dos Anjos o mais belo, transformou-se em demônio por um único pecado, e adquiriu um aspecto que, em toda a sua hediondez, nos seria insuportável. No entanto, tua alma, estando em pecado mortal, apresenta a maior analogia com a dele. Se supérfluos cuidados dispensas ao corpo, para torna-lo agradável no aspecto, porque não merece tua alma as mesmas atenções? “Quem quer conservar a beleza da alma, deve preliminarmente evitar o pecado; nada há que disforme tanto a imagem de Deus, isto é, a alma, que o pecado”, diz S. Lourenço Justiniano.
Na Luz Perpétua, Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus para todos dos dias do ano, apresentadas ao povo cristão por João Batista Lehmann, Sacerdote da Congregação do Verbo Divino, Volume II, 1935.
Última atualização do artigo em 26 de fevereiro de 2025 por Arsenal Católico