Os cristãos que têm levado até agora uma vida regular, sem nunca terem purificado a sua consciência com uma confissão geral, seria muito útil que a fizessem com um bom confessor, consultando-o primeiro sobre este ponto.
Mas se por desgraça tiverem calado algum pecado grave na confissão… ou diminuindo o número de propósito, ou ocultando alguma das circunstâncias que mudam de espécie; se se tiverem confessado sem dor verdadeira… sem propósito firme, universal e eficaz… sem querer, por exemplo, restituir… queimar maus livros… perdoar ou falar ao inimigo… deixar a ocasião próxima de pecado…, se depois da confissão tiverem por sua culpa e descuido recaído com a mesma ou com a maior facilidade que antes, então a confissão geralnão seria de conselho, mas de necessidade.
Os que já têm feito uma vez a confissão geral com o cuidado que lhes foi possível, e sobretudo as pessoas escrupulosas, não pensem em fazê-la de novo: obedeçam cegamente; e assim, quando o diretor as certifica de que estão bem confessadas, creiam-no, e deixem de pensar se se explicaram bem ou não, se o confessor as entendeu ou não entendeu, se tiveram ou não tiveram dor, se houve ou não houve falta no exame, persuadindo-se que só vão seguras pelo caminho da obediêcia.
O demônio, quando não pode lograr que deixemos os Santos Sacramentos ou que os recebamos indignamente, procura ao menos perturbar-nos com vãos escrúpulos e temores, afim de impedir sequer aquela paz e santa alegria, que ajuda as almas a adiantarem-se no caminho da virtude.
Mas, deixando estas pessoas escrupulosas, atende, cristão, e não caias no gradíssimo erro daqueles que, solícitos unicamente do exame, se descuidam ou omitem o principal, que é a dor e o propósito. Ah! quantos se confessam e comungam sacrilegamente por falta de contrição! Para que não tenhas a infelicidade de achar a perdição e a morte onde devias encontrar a vida eterna, procura excitar-te à contrição com todo o esmero por meio de devotas considerações.
Tesouro da Paciência nas Chagas de Jesus Cristo ou Consolação da Alma Atribulada na Meditação das Penas do Salvador, Padre Theodoro de Almeida da Congregação do Oratório, 1902.