Santa Missa Tradicional

1. Vocábulos

Destino. a) No sentido lato, a palavra destino significa o fim a que tendem os seres. b) Em sentido particular, com referência ao homem, o destino é a questão da vida futura, isto é das recompensas ou dos castigos que ali nos são reservados.

Catecismo ou Catequese do grego “catechesis” instrução: a) Instrução religiosa por meio de perguntas e respostas. Na Igreja primitiva, era oral, o ensino sempre. Ministrava-se aos catecúmenos, antes do batismo. Com o uso de se batizarem as criancinhas, ficou, a catequese, para os anos que antecedem a primeira comunhão. b) Como livrinho, o catecismo apareceu na época do protestantismo. Espalhou-se muito, então, para opor-se aos opúsculos em que os protestantes iam publicando suas ideias novas.

Além do catecismo do Concílio de Trento, que encerra a explicação teológica de toda a doutrina cristã, os que tiveram mais celebridade são: 1º, o catecismo de São Suplício, publicado no século XVII, sob a direção do M. Olier; 2º o catecismo de Meaux, publicado por Bossuet em 1686; 3º enfim, no século XIX, depois da Concordata, o catecismo imperial. Este catecismo preceituava, entre outros deveres, os que cumpria observar para com Napoleão 1º, debaixo da condenação eterna.

Foi imposta a toda a França em 1806 por decreto do seu imperador, com o beneplácito do cardeal legado Capraca. Este deu a aprovação canônica sem consultar o papa Pio VII, e contra o parecer do cardeal Consalvi. Contra esse compêndio em francês protestaram com algum vigor, diversos bispos daquela nação e da Bélgica. A Restauração o fez desaparecer.

2. Problema do destino

Poder-se-ia enunciar o problema do destino como segue: desde que a vida presente não passa de viagem, é preciso que saibamos qual é a nossa origem: donde vimos; qual, o nosso fim: aonde vamos, e quais meios nos hão de levar a este nosso fim. Tal problema apresenta-se, espontânea e inevitavelmente, ao espírito, e não há outro cuja boa solução seja tão importante. Na verdade, destino é só o fim do homem; mas, o ponto de chega está, forçosamente relacionado ao ponto de partida, e é certo também, que não se alcança determinado lugar, senão pelos caminhos ue ali vão ter. Logo as três questões: origem, fim, e meios de conseguir o fim, estão intimamente ligados, e exigem uma solução.

3. O Catecismo resolveu o problema do destino

Quem nos dá a solução do problema do destino, é a religião. Ora, encontramos a religião exposta num livrinho que se chama Catecismo. O célebre Jouffrrey escreveu: “Existe um livro pequeno, que as crianças têm de decorar, e depois têm de recitar na Igreja. Lede esse livro pequeno; é o catecismo. Nele, haveis de achar a resposta a todas as perguntas que formulei. A todas, pois não, digo bem, a todas sem exceção. Indagai, de um cristão, donde vem a espécie humana: sabe; para onde vai: sabe; e como é que ali vai: sabe. Dirigi-vos a esse meninozinho, que, até agora, não cogitou muito disso, e perguntai-lhe porque está neste mundo, o que lhe sucederá depois da morte: ele vos dará uma resposta sublime… É isso que é uma grande religião. para mim, está caracterizada por este fato de não deixar sem resposta, nenhuma das questões que interessam a humanidade”.

4. Natureza do destino

A primeira coisa que queremos conhecer, a respeito do destino, é a natureza dele. A razão e a revelação estão de acordo para nos mostrar Deus como nosso criador, e como criador inteligente e sábio. Impossível, portanto, que nos tenha criado à toa, sem propósito, sem fim preestabelecido. E qual é este fim? Foi feito o homem para uma felicidade efemera, deleites do corpo e gozos do espírito que acabassem com a morte? Ou então, pelo contrário, será que a morte é mera transição, introduzindo o homem no seu destino verdadeiro? E neste último caso, de que ordem é o nosso destino? De ordem natural, isto é, a plena extensão, o completo desenvolvimento das nossas faculdades? Ou de ordem sobrenatural, elevando o homem acima da sua natureza? Todos estes quesitos são respondidos satisfatoriamente pela religião. Com efeito, ela ensina que o homem está na terra, antes de tudo, para promover a glória de Deus, e não para gozos terrenos; ensina que o homem está neste mundo, para ganhar o céu, e tornar-se “participante da vida divina”.

5. É livre, o destino, ou é obrigatório?

Agradou-se, Deus, de elevar o homem a um estado sobrenatural, e de lhe conceder, numa vida ulterior, a realização perfeita desse estado. Será lícito, ao homem, aceitar ou recusar este destino sobrenatural? É outra pergunta de suma importância. O Catecismo resolve-a, e diz: Se o destino sobrenatural é gratuito por parte de Deus, no-lo dá por bondade, e esta bondade divina chega a no-lo impor, para que nossa leviandade nos não esbulhe de tão grande privilégio. Logo, não temos a liberdade de aceitar ou de recusar.

6. Obrigações que nos incubem para consecução da nossa meta

Desde que o destino é de ordem sobrenatural e de caráter obrigatório, é lógico que todo homem tem de escolher os meios adaptados ao fim que Deus propôs.

a) Primeira obrigação assim imposta ao homem, é o estudo da religião que determina as relações entre o Criador e suas criaturas.

b) Quando conhecida a religião, existe segunda obrigação, e é a obediência aos seus preceitos: adesão de espírito às verdades que ela professa, e prática dos seus mandamentos, já que Deus quis que nossa vida fosse tempo de provação; e já que nos concedeu o poder de escolher e o mérito da nossa escolha, cumpre tomemos os meios de atingir a meta que Deus nos propõe, e ganhemos, deste modo, a recompensa eterna.

7. Que se deve pensar da irreligião?

Manda, o nosso destino futuro que estudemos e pratiquemos a religião. Somente ela, de fato, nos desvenda o mistério da existência; por ela, unicamente, ficamos cientes de que Deus nos pôs no mundo para o conhecermos, para o amarmos e o servirmos, e por este meio, adquirimos a vida eterna.

Daí resulta que a irreligião é: a) ingratidão porque o homem irreligioso pretende passar bem sem Deus, suprimi-lo ou ignorá-lo; b) loucura. Porque o homem não pode duvidar de uma coisa: que há de morrer.

E agora, nem com toda a incredulidade dele, não será capaz de provar que também a alma, acaba no mesmo tempo que o corpo.

Logo, quem não está precavido, de sobreaviso, e vai vivendo como se Deus não existisse, procede estultamente; está em perigo grave, iminente e horrendo.

Conclusão prática

1º Por ser, a ciência da religião, a ciência mais importante, e até, a única necessária, assiste-nos a obrigação rigorosa de a estudarmos, de a aprofundarmos, para termos dela conhecimento sério e esclarecido. Após a morte, Deus não se informará se tivermos sido ricos e sábios; mas se nos instruirmos acerca da nossa religião, e sobretudo, se a observarmos.

2º “Não creio que alguém possa ser virtuoso sem religião, disse Jean Jaques Rousseau. Por muito tempo, tive esta opinião errônea; mas, agora, sei a verdade”. “Para os Estados, a ignorância a respeito de Deus é o maior dos flagelos” Platão.

Leituras

1º Branca de Castella. – Narra-se, desta rainha, mãe de São Luiz rei da França, que ela própria ensinava, ao filho, as coisas da religião, e não contente com isso, fazia o mesmo com outros meninos, dando aulas de catecismo.

2º Napoleão, Catequista. – Durante mais de dois anos, Napoleão, preso na ilha de Santa Helena, catequizou a filha do general Bertrand, seu companheiro de exílio. Quando a menina completou os doze anos, falou o ex-imperador: “Agora, amiguinha, julgo que você sabe bastante doutrina. Precisa cuidar da primeira Comunhão. Mande chamar dois padres da Europa, um que prepara você para a vida; outro que me prepare a mim para a morte”. E assim o fez Napoleão.

Manual de Instrução Religiosa para uso dos Colégios e Catequistas Voluntários, Doutrina Católica por Boulenger, Primeira Parte, O Dogma, Símbolo dos Apóstolos, 1927.

Última atualização do artigo em 11 de abril de 2025 por Arsenal Católico

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