A porta do céu estava fechada. Com a morte de Jesus rasgou-se o véu e foi aberto o caminho da glória. São Jerônimo diz que o sangue de Jesus Cristo é a chave do Paraíso; a terra dos homens foi perdida por Adão, mas o novo Adão renovou a terra e a devolveu aos homens.
Ainda não estava estabelecido o reino dos céus, as almas que haviam morrido ficavam presas em estado de espera. Os méritos de cada alma são diferentes, assim como o lugar onde estavam presas. As que morriam odiando Deus eram levadas para o Inferno, outras com pecados menores ficavam no Purgatório. Mas as almas que tinham pagado suas culpas, com as penas desta vida, não podiam entrar no céu enquanto não fosse saldada a dívida comum da humanidade. O Evangelho narra que as almas justas eram levadas ao seio de Abraão (Lc 16, 22), porque neste local, estava o santo patriarca e os que mantinham a fé, continuavam a ser seus filhos.
Antes da morte de Jesus não era possível ver Deus, era necessário que sofressem a pena de esperar. Onde aguardavam é um mistério.(26)
O Evangelho relata que os justos e os condenados ficavam separados. Na parábola o rico avarento foi levado para o inferno e estando no tormento, levantou os olhos e viu bem longe, Abraão e Lázaro. Pediu a Abraão que Lázaro viesse aliviar sua sede e, depois, avisasse seus irmãos que existia o inferno, para que pudessem evitar a condenação, mas Abraão disse que era impossível, pois, há entre nós e vós um grande abismo, de maneira que, os que querem passar daqui para vós, não podem, nem os de lá passar para cá (Lc 16, 26).
Quando Jesus morreu na cruz, desceu para libertar as almas dos justos que estavam esperando. Rompeu com as cadeias e resgatou todos os justos.
Muitos foram resgatados para a vida eterna. Havia passado milhares de anos e muitos reis, patriarcas, profetas e anônimos estavam esperando o Messias.
O triunfo foi estrondoso e festejado, porque na cruz foi destruído o império do inferno. Jesus desceu pessoalmente, como Senhor e Rei, para buscar os justos. As almas que pagavam suas dívidas no Purgatório alegraram-se, pois agora estavam mais perto da liberdade e da glória.
O Inferno estremeceu com o triunfo do Redentor, tremeu de ódio e inveja.
Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos (FI 2, 10).
A Paixão do Senhor, Luis de La Palma, 1624.
(26) Para maior compreensão ver Catecismo da Igreja Católica. 631-637.
Última atualização do artigo em 14 de abril de 2025 por Arsenal Católico