Marianos Célebres: Rei João IV

Marianos Célebres: Rei João IV
João IV, Fonte da Imagem: Senza Pagare

Em 1º de Dezembro de 1640, na capital lusitana, rebentou a revolução contra o domínio espanhol. João, duque de Bragança, subiu ao trono restaurado, com o nome de João IV.

Nasceu o novo rei aos 18 de Março de 1604 no palácio ducal de Vilaviçosa. Recebendo uma boa formação, interessava-se desde cedo pela música e pelos exercícios físicos. Com vinte e nove anos de idade casou com D. Luísa Francsica Guzán, filha do duque de Medina-Sidônia.

Não se sabe quando ele entrou na Congregação Mariana. Consta, porém, que fundou no palácio real uma Congregação Mariana para pajens, entre os quais se achava São João de Britto, recentemente canonizado (1946).

O primeiro rei da dinastia dos Bragança precisava da proteção e auxílio de Nossa Senhora, pois todo o seu governo estava repleto de dificuldades.

Ao subir ao trono, Portugal estava sem exército e sem armada e não tinha armamentos. A maior colônia, o Brasil, estava sob o domínio espanhol e em perigo de passar para o poder dos holandeses.

Muito mais crítica era, entretanto, sua situação política. A diplomacia espanhola lançou mão de todos os meios para que o Papa não reconhecesse a João IV como rei de Portugal. Ela exigiu que o Sumo Pontífice condenasse num breve a revolução e que os membros do clero que tinham participado da sublevação – entre eles o Arcebispo de Lisboa – fossem julgados por um tribunal formado por juízes espanhóis.

Mas, em Roma, achou João um fogoso advogado na pessoa do embaixador da França. E o soberano português mesmo enviou para a Cidade Eterna como embaixador seu sobrinho D. Miguel de Portugal, Bispo de Lamego. O Papa viu-se numa situação dificílima. Os relatos sobre os acontecimentos em Portugal eram contraditórios, não permitindo ao Papa tomar uma resolução decisiva.

A questão era a seguinte: os reis de Portugal tiveram, antigamente, o direito de nomear os Bispos. Este direito exigiu-o João IV também para si. Se o Papa lhe concedesse tal faculdade, reconheceria por isto mesmo a João como rei legítimo das terras lusitanas. E contra isto insurgiram-se os espanhóis.

João, na ânsia de assegurar-se a coroa, empregou meios que não se coadunavam com a atitude de um filho obediente da Igreja. Quando, porém, teólogos portugueses lhe mostravam que assim se afastava da doutrina católica e dos seus deveres para com o Vigário de Cristo, desistiu da execução de planos que teriam levado o país ao cisma.

Enquanto estas questões ficavam pendentes em Roma, João mostrava-se à altura de sua difícil tarefa em Portugal. Organizou as forças de terra e mar; reabilitou e consolidou a fazenda real; concluiu tratados com várias nações estrangeiras; e conseguiu suprimir as conspirações tanto contra a sua pessoa como contra a independência de Portugal. Por cúmulo de felicidade, o Brasil foi-lhe restituído em consequência das vitórias alcançadas pelos esforços conjugados de lusos e brasileiros.

Entretanto, o primeiro rei bragantino morreu em Lisboa, aos 6 de Novembro de 1656, sem ter conseguido o direito de nomear Bispos. Mas já ninguém disputara-lhe o direito ao trono e ele conservara-se fiel à Igreja. E a este grande filho de Maria deve o Brasil, em grande parte, sua integridade nacional.

Mariano Célebres, por Werner J. Soell, S. J., 1955.

Última atualização do artigo em 4 de fevereiro de 2025 por Arsenal Católico

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