Mês das Almas do Purgatório: 17º dia – Maneira de socorrer as almas do purgatório por meio da justiça

MÊS DAS ALMAS DO PURGATÓRIO

DÉCIMO SÉTIMO DIA

Maneira de socorrer as almas do purgatório por meio da justiça

MEDITAÇÃO

I. Ajudam-se as almas do purgatório por meio da justiça, quando se resgata a sua pena pelas esmolas, ou quando a esta se supre com os jejuns. Torna-se então a esmola uma quantia, que se paga para satisfaz.er aos direitos da justiça divina, e que, equivalendo à pena, as livra dos laços do pecado, admitindo-as à participação da graça e da vida eterna. É como a água, .que cai sobre o purgatório, apagando e extinguindo as chamas daquele fogo devorador; e, entre as obras de caridade, que se podem praticar com vantagem pelas almas dos defuntos, é uma daquelas que mais poderosamente lhes pode obter a felicidade da glória. É necessário considerar que, aos olhos do Senhor, a quantidade da esmola tem menos valor que o sentimento com que é feita. Ricos ou pobres, pensemos em dar o maior número de esmolas que pudermos pelo purgatório, e maior merecimento teremos em fazê-las, quanto mais cooperarmos para o livramento daquelas benditas almas.

II. As piedosas ofertas de azeite, cera e outros objetos, que se fazem à igreja, como sufrágio pelas almas do purgatório, concorrem para lhes procurar consolação e fim para suas penas, porque entra na classe das esmolas tudo o que serve para o culto da religião, ou para alívio dos fiéis. Acontece o mesmo com toda obra de caridade espiritual ou temporal; e todas as vezes que elas se praticam com intenção de se aplicarem às almas do purgatório, tira-se dobrado fruto, acudindo às necessidades deste mundo e às do outro, que são ainda maiores. Oh! que ampla colheita não está preparada à nossa caridade! Imploremos o socorro do Altíssimo, afim de que o número e o zelo dos operários correspondam à riqueza desta colheita.

III. Supre-se finalmente aos castigos impostos pela justiça divina com os jejuns; debaixo deste nome, compreendem-se não só todas as penitências voluntárias, mas ainda todas as tribulações, que não se podem evitar nesta vida, porque são igualmente meios de satisfazer pelos pecados. Quem não pode mortificar-se em alguma coisa, quer espiritual ou corporalmente? Quem não sofre nesta vida muitos males e os não partilha com todos os que lhe são íntimos? E por que se não hão de aplicar estas aflições pelas almas dos defuntos?

Tudo o que sofremos as alivia, como se fossem elas que o padecessem quando oferecemos a Deus o nosso sofrimento com o fim de diminuir suas penas. Agindo assim, nada perderemos do nosso merecimento; pelo contrário, aumentamo-Io, pois à paciência nas tribulações juntamos a caridade, que lhes leva o fruto sobre todos os outros. Acostumemo-nos a sofrer, oferecendo todas as nossas penas pelas almas do purgatório; será este o meio de mais agradar a Deus, de aumentar os nossos merecimentos, de nos tornarmos mais úteis àquelas almas.

SÚPLICA

Nós vos oferecemos, Senhor, todos os trabalhos da nossa vida e tudo o que a nossa alma e o corpo pode padecer pelas santas almas do purgatório. Vós nos destes os bens que temos, dos defuntos que nada levaram consigo, mas que nos transmitiram tudo! E agora que os nossos benfeitores necessitam de socorro, comovidos pelos seus males, consumimos em esmolas no seio dos pobres uma parte destes bens. Dignai-vos, ó grande Deus, de aceitá-los por conta deles afim de que, pagando as dívidas, que sobre eles pesam, possamos contribuir para que sejam admitidos à posse da celeste herança.

EXEMPLO

Foi um dia arrebatada em êxtase a bem-aventurada Cristina, e ficou de tal maneira fora de si mesma, que todos a julgavam morta. Foi então sua alma conduzida ao purgatório, cujas penas a comoveram indizivelmente, e de lá ao céu cuja glória a encheu de delícias. Enquanto gozava da sua ventura entre os coros dos espíritos celestes, disse-lhe o Senhor que escolhesse ou voltar para a terra ou ficar para sempre na côrte celeste. A santa, imitando a caridade ardente do apóstolo, respondeu: “Antes quero retardar alguns instantes a minha própria felicidade, para socorrer aquelas pobres almas que se purificam em tão cruéis tormentos. Peço, pois, que me deixeis voltar à terra, para oferecer em favor do purgatório as minhas penitências”. E tornando a si, não só suportou no futuro com heróica paciência as grandes tribulações que Deus lhe enviou, mas ainda lhes juntava tantas penitências de corpo e de espírito que a sua vida foi um verdadeiro martírio.

Em perpétua luta contra a sua própria vontade, recusava ainda as mais inocentes distrações, e conservava o espírito como pregado em uma cruz de dor! Quanto ao corpo, quem poderia enumerar as penitências, de que ela o sobrecarregava? Quotidianos jejuns, e algumas vezes sem tomar nenhum sustento; brevíssimo sono, e sobre a terra; vestidos, que mais pareciam feitos de rudes cilícios, do que de lã grosseira, disciplinas sanguinolentas; banhava-se em água gelada, fazia queimaduras atrozes, rolava-se em espinhos, batia com pedras no peito e suspendia-se em cavaletes. Tal foi o gênero de vida, em que permaneceu nos quarenta e dois anos, em que Deus a deixou ainda sobre a terra. Quando procuravam moderar o rigor de tão fervorosa penitência, respondia: “São mais rigorosas e incomparáveis as penas, que se padecem no purgatório, e peço a Deus de de todo o coração que me conceda vida para continuar aumentando as minhas penitências afim de prestar algum alívio ao purgatório”.

Serão os santos os únicos, que dêem aos defuntos tão belas provas de compaixão? Pensemos em que a sua vida não deve ser unicamente objeto da nossa admiração, mas sim modelo de nossa conduta, e procuremos imitá-los, senão em tudo, ao menos tanto quanto permitir a nossa fraqueza, na sua caridade para com o purgatório. (Laur, Surius in vita mirab. Christinae 22 Junii).

SUFRÁGIO

Para obter mais depressa o perdão e a paz aos defuntos, demos abundantes esmolas aos pobres de Jesus Cristo.

***

Conta S. Paulino que o célebre senador Pamáquio chorou muito a morte de sua esposa e honrou o seu corpo com pomposas exéquias, ao mesmo tempo que espalhava abundantes esmolas pelo bem da sua alma, testemunhando-lhe assim até à morte o seu amor. Quase todos honram seus defuntos parentes com luto e funerais, mas quantos são os que pensam em derramar por sua intenção, nas mãos dos pobres, abundantes esmolas? E contudo os fiéis deveriam dedicar-se a procurar o b em da melhor das suas partes, que é a alma. O sufrágio deste dia consista em fazer, segundo os nossos meios, alguma esmola por intenção dos defuntos, cujas almas receberão alívio.

O Anjo Consolador – Piedosos exercícios, Leituras e Orações Dedicadas a Veneração das almas do Purgatório, compiladas por E. Da S. V. Redentorista, 1939.

Última atualização do artigo em 25 de dezembro de 2024 por Arsenal Católico

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