Mês das Almas do Purgatório: 21º dia – Da glória que no céu se procura às almas do purgatório pelos sufrágios

MÊS DAS ALMAS DO PURGATÓRIO

VIGÉSIMO PRIMEIRO DIA

Da glória que no céu se procura às almas do purgatório pelos sufrágios

MEDITAÇÃO

I. Se, como diz s. Lucas, se celebra com alegria no céu a conversão de uma alma pecadora, que todavia pode ainda abandonar o caminho da salvação, qual não deve ser a alegria dos bem-aventurados, quando chegam à eterna pátria, e sem perigo de a perderem nunca, aquelas almas aflitas, que não podiam chegar a ela senão depois de longa e dolorosa expiação? Resulta daí um acréscimo de alegria e glória para o paraíso, e toda esta Igreja bem-aventurada de escolhidos celebra as esmolas da terra, que, aumentando o número dos santos, aumenta também a sua felicidade e alegria. Elevemos, pois, um olhar para o céu, que se regozija com os nossos sufrágios, e façamo-los cessar então, se pudermos.

II. Desde o nascimento todos os homens recebem um anjo para sua guarda e para sua guia. Durante o curso da sua vida, cada fiel escolhe muitos santos para seus protetores e advogados especiais, e estabelecesse entre eles uma confiança e amor recíprocos, em virtude dos quais, quanto mais o homem em vida professa devoção pelos anjos e pelos santos, mais aqueles lhe obtêm socorro para a sua salvação. Consideremos, pois, qual será o particular e inefável contentamento dos anjos da guarda e dos santos protetores e advogados, quando virem chegar do fundo do purgatório ao céu os seus devotos clientes que eles com tanto ardor esperam e desejam. Louvarão eternamente a misericórdia do Senhor, que se dignou de abençoar os seus cuidados, e farão ressoar as abóbadas do palácio celeste, com os louvores que dão aos fiéis, cujos sufrágios apressaram a felicidade das suas almas queridas. Quem não quererá receber tais louvores no paraíso?

III. Mas, entre os habitantes do céu nenhum sentirá mais viva alegria do que aquela para quem se voltam as vistas do universo inteiro, Maria, que, dada como Rainha e Mãe a todos os homens, e particularmente às almas do purgatório, convidará seu Filho, seu Esposo, os coros dos anjos e as ordens dos santos, a regozijarem-se com ela, vendo enfim entrar no seu bem-aventurado reino, e reunidos em seu seio maternal, os seus fiéis vassalos, objetos do seu mais terno afeto. Ditosos seremos se pudermos contribuir para tão grande júbilo da Virgem! Comecemos, pois, a agir, e não desprezemos coisa alguma para alcançar tão nobre fim.

SÚPLICA

Vendo nós, Senhor, como toda a côrte celeste se regozija pelo livramento das almas do purgatório, a nossa devoção desperta, e animamo-nos a rogar por elas; mas quanto maior seria a alegria dos anjos, dos santos e de Maria, e finalmente das almas libertadas, se pudessem ver-nos na sua santa sociedade, afim de louvar-vos e bendizer-vos eternamente!

Seja esta a coroa da nossa piedosa compaixão a recompensa que concedereis à nossa devoção, ó vós, que fazeis e glorificais os santos! Porque, se obtivermos esse galardão e essa coroa, obteremos tudo que se pode desejar de maior sobre a terra, e o que se pode possuir de mais feliz lá no céu.

EXEMPLO

Um sacerdote romano, devotíssimo das almas do purgatório, foi transportado em espírito à igreja de Santa Cecília, além do Tibre, onde a santíssima Virgem lhe apareceu rodeada de numerosa côrte de celestes espíritos, sentada sobre um trono resplandecente. Profundo silêncio reinava naquela gloriosa assembléia, no meio ela qual veio prostrar-se diante da santíssima Virgem uma mendiga coberta de rotos vestidos, mas trazendo nos ombros um manto de grande preço. Derramava ela abundantes lágrimas, pedindo misericórdia para a alma de um cidadão romano, falecido havia poucos instantes. Era João Patrizzi, caritativo senhor, condenado ao purgatório, por algumas leves culpas. Este precioso manto, dizia a piedosa mulher, recebi-o dele, ó Maria, por amor de vós, nos degraus da vossa basílica, onde tiritava de frio. Tão grande dom não pode ficar sem recompensa, ação tão generosa deve inclinar o vosso Coração a socorrê-lo. Ajudai-o, pois, ó Mãe de misericórdia, neste momento, em que tão grande necessidade tem disso! revesti-o de glória, como ele me revestiu, em vossa honra, deste precioso manto. Repetiu três vezes aquela súplica, à qual os anjos e santos juntaram as suas, e Maria ordenou que conduzissem João à sua presença. Apareceu ele carregado de pesadas cadeias, e esperou humildemente o que se ia decidir. A Rainha do céu fez-lhe então sinal de que concedia o perdão; as cadeias caíram, e o penitente foi acolhido como filho por Maria, pelos santos como companheiro e irmão; depois aqueles celestes espíritos o conduziram com a expressão da mais viva alegria à eterna glória do paraíso. Desapareceu a visão. O exemplo daquela piedosa mendiga nos ensina quanto devemos orar à santa Virgem e empregar a mediação dos anjos e dos santos para obter o livramento das almas do purgatório. (D. Petr. Dam. opus 34, cap. 4).

SUFRÁGIO

A recitação do santo Rosário é dos mais eficazes meios, para obter um lugar de repouso para os defuntos, procurando-lhes abundantíssimas graças.

***

Caída no purgatório uma tal Alexandrina de Aragão, associada da confraria do Santo Rosário, apressaram-se o patriarca S. Domingos e todos os confrades a aplicar por ela tantos sufrágios, que conseguiram livrá-la em breve. Reconhecida por tão grande benefício, apareceu aquela alma ao fundador para agradecer-lhe, bem como a toda a piedosa confraria, o socorro que recebera deles, e ao mesmo tempo para animá-los a pregar e a estender por todo o mundo a devoção do santo Rosário, em virtude do qual são libertadas do purgatório tantas almas. Se o Rosá­rio leva tanto alívio ao purgatório, tomemos e conservemos o costume de rezá-lo todos os dias e hoje particularmente juntemos-lhe cinco mistérios mais, que aplicaremos pelas almas que padecem, afim de que a santíssima Virgem se digne de chamá-las para junto de si no paraíso para aumentar a alegria e a glória da côrte celeste. (P. Alan de Rupe, part. 5.. Psalt. cap. 52).

O Anjo Consolador – Piedosos exercícios, Leituras e Orações Dedicadas a Veneração das almas do Purgatório, compiladas por E. Da S. V. Redentorista, 1939.

Última atualização do artigo em 26 de fevereiro de 2025 por Arsenal Católico

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