Vigésimo Quarto Domingo depois de Pentecostes – Pe. Júlio Maria S.D.N.

Gherardo Starnina, o último julgamento, 1396-1401, Alte Pinakothek, Domínio Público / Wikimedia Commons

Vigésimo Quarto Domingo depois de Pentecostes (Mat. 24, 15-35)

15. Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Quando, pois, virdes a abominação da desolação que foi predita pelo profeta Daniel, posta no lugar santo, – o que lê, entenda.

16. Então os que se acham na Judéia, fujam para os montes.

17. É o que se acha sobre o telhado, não desça para tomar coisa alguma de sua casa.

18. E o que está no campo, não volte a tomar a sua túnica.

19. Mas ai das (mulheres) grávidas e das que tiverem criança de tiverem criança de peito naqueles dias.

20. Rogai, pois, que não seja a vossa fuga no inverno ou em dia de sábado:

21. Porque então será grande aflição, como nunca foi desde o princípio do mundo até agora, nem jamais será.

22. E se não se abreviassem aqueles dias, não se salvaria pessoa alguma: porém, serão abreviados aqueles dias em atenção aos escolhidos.

23. Então se alguém vos disser: Eis aqui está o Cristo, ou ei-lo acolá: não deis crédito.

24. Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes milagres e prodígios, de tal modo que (se fosse possível) até os escolhidos se enganariam.

25 Eis que eu vo-lo predisse.

26. Se, pois, vos disserem: Eis que Ele está no deserto, não saiais: ei-lo no lugar mais retirado da casa, não deis crédito.

27. Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente: assim será também a vinda do Filho do Homem.

28. Em qualquer lugar, em que estiver o corpo, aí se juntarão também as águias.

29. E logo depois da tribulação daqueles dias, escurecer-se-á o sol, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão dos céus e as potestades do céu serão abaladas.

30. E então aparecerá o sinal do Filho do Homem no céu: e então todos os povos da terra chorarão, e verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens do céu com grande poder e majestade.

31. E enviará os seus anjos com trombeta e com grande voz, e ajuntarão os escolhidos dos quatro ventos, desde a extremidade da terra, do mais remontado dos céus até às extremidades deles.

32. Aprendei da figueira uma comparação: Vêde a figueira; quando os seus ramos estão tenros e nascidas as folhas, conheceis então que está próximo o estio.

33. Assim também, quando virdes tudo isto, sabei que o Filho do Homem está perto, (que está) às portas.

34. Na verdade, vos digo, que não passará esta geração, sem que se cumpram todas estas coisas.

35. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão.

RESSURREIÇÃO E JUÍZO FINAL

O Evangelho de hoje nos põe diante dos olhos a terrível verdade do fim do mundo.

Há os fins do homem, que são: a morte, o juízo particular e o inferno.

Há também os fins últimos do mundo que são a ressurreição dos mortos e o juízo final.

Meditemos estas duas grandes verdades:

1. A RESSURREIÇÃO dos mortos.

2. O JUÍZO final.

I. A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS

O mundo há de acabar-se um dia.

Então, de repente, o sol perderá a luz, a lua ficará vermelha como sangue, – a terra tremerá até em suas entranhas – o mar bramirá – relâmpagos sinistros e trovões rasgarão o firmamento. (Mc. 13, 24).

Lembrai-vos de uma noite de tempestade: assim, de repente, o fogo acabará com tudo.

Se alguém sobrevivesse, poderia recolher na mão um punhado de cinzas e dizer: isto era a humanidade, os seus palácios e as suas riquezas.

Tudo morreu.

De repente, uma trombeta ressoa e clama: – Mortos, levantai-vos e vinde ao juízo! Canet enim tuba et mortui ressurgente. (I Cor, 15, 552).

As almas acorrem: umas ao céu, outras do purgatório, outras do inferno.

A alma do justo encontra o seu corpo belo. O réprobo encontra o seu: disforme, horrível.

Ó corpo bendito! Exclama o santo, tu foste um servo fiel, submisso na vida; vem partilhar agora da minha felicidade.

Enquanto isto, brada a alma reprovada: Corpo miserável! Tu me arrastaste ao mal, eu te escutei, segui os teus instintos perversos, vem partilhar agora a minha eterna desgraça!

A trombeta ressoa. Os anjos clamam: Ad judicium!

Tunc aparebit signum Filii hominis in caelo. (Mat. 24, 30).

Cristo virá nas nuvens com grande poder e majestade, tendo a seu lado Maria Santíssima e os anjos.

Todos nós estaremos ali: Eu, tu, parentes, amigos.

II. O JUÍZO FINAL

Judicium sed et libri aperti sunt. O juízo começará.

Tudo ali será revelado. Quem não queria confessar-se, em segredo, na terra, há de confessar-se ali publicamente: confissão de tudo… perante todos!

Se neste momento aparecesse aqui um anjo, proclamado em alta voz todos os nossos pecados, que imensa confusão se apoderaria de nós!

E ali nada ficará escondido: tudo nos acusará, até as pedras das casas, como o profeta diz: Lapis de pariete clamabit.

Só serão proclamados os pecados não confessados; os que foram confessados e perdoados não existirão mais, e não podem aparecer.

Após esta manifestação pública, Jesus Cristo levantará a fronte, o olhar flamejante, a voz trovejante: Ego sum! Sou eu, o teu Criador, Salvador, Pai e Senhor; tu me renegaste, tu rejeitaste a minha lei, tu não quiseste aceitar o meu amor: agora aceita a minha justiça.

Discedite a me, maledicti in ignem aeternum! (Mat. 25, 41). Retira-te de mim, maldito, para o fogo eterno!

Oh! Palavra terrível.

O pobre sacerdote que se sacrificou para a salvação da tua alma, que te ensinava a verdade e a virtude, que te amava tanto, será obrigado a confirmar esta sentença.

Meu Deus, não, eu não poderei calar-me,

Mas, Senhor, permita-me uma palavra:

Esta alma era tão ignorante!

Havia instruções, sermões, exortações, dirá o Juiz Supremo.

Mas, Senhor, esta pessoa era muito tentada.

Podia orar, a oração dissipa as tentações.

Senhor, vivia cercada de perigos!

Podia fugir deles, em vez de expor-se ao perigo.

Mas, Senhor, lembrai-vos que sois Pai!

Sim, mas sou Juiz também.

Mas, e o vosso sangue derramado por esta alma, Senhor!

O meu sangue… ela o posava aos pés.

Deverei calar-me!

De novo ressoa a palavra terrível: Retira-te de mim, maldito!

Mas, permita-me mais uma palavra: Para onde irá esta alma? Vós sois a Vida.

Ela não me quis durante a vida, não a quero agora.

Mas, Senhor, para onde ela irá?

In ignem aeternum. – Para o fogo eterno.

Que horror!

Um demônio aparece, toma conta desta alma… a terra abre… e ela cai no fundo do abismo, onde só há desesperação, lágrimas e ranger de dentes.

III. CONCLUSÃO

Felizmente haverá, ao lado dos réprobos, almas escolhidas, belas, santas.

Para elas, Jesus Cristo dirigirá o seu olhar e estenderá os braços, dizendo: Venite benedicti. (Mt. 25, 34).

Vinde, benditos de meu Pai, receber o reino que vos preparei.

Vós me amastes na vida; eu quero retribuir o vosso amor durante toda a eternidade.

Seguiste0me nas tribulações; segui-me agora na glória. Vivestes por mim na terra: eu quero agora ser a vossa felicidade na eternidade.

Os anjos, radiantes, seguem estes escolhidos, o céu se abre… e ei-los em cortejo glorioso tomando o vôo para a mansão celeste.

Meus irmãos, que quereis vós?

Quereis a maldição ou a felicidade?

O pecado, a indiferença, a moleza levam à perdição.

A fidelidade à lei de Deus, o cumprimento dos deveres, a frequência dos sacramentos, as boas obras, merecem a vida eterna.

Escolhamos, enquanto é tempo!

Reconciliemo-nos com Deus, hoje mesmo; amanhã será talvez tarde demais.

Comentário Dogmático, Padre Júlio Maria, S.D.N., 1958.

Última atualização do artigo em 26 de fevereiro de 2025 por Arsenal Católico

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