Décimo Oitavo Domingo depois de Pentecostes – Pe. Júlio Maria S.D.N.

Décimo Oitavo Domingo depois de Pentecostes (Mat. 9, 1-8)

1. Naquele tempo, subindo Jesus para uma pequena barca, tornou a passar o lago e voltou para a sua cidade.

2. E eis que lhe apresentaram um paralítico que jazia no leito. E vendo Jesus a fé que eles tinham, disse ao paralítico: Filho, tem confiança, são-te perdoados os teus pecados.

3. E logo alguns dos escribas disseram dentro de si: Ele blasfema.

4. E tendo Jesus visto os seus pensamentos, disse: porque pensais mal nos vossos corações?

5. Que coisa é mais fácil dizer: São-te perdoados os teus pecados; ou dizer: Levanta-te e caminha?

6. Pois, para que saibais que o Filho do Homem tem poder sobre a terra de perdoar pecados: Levanta-te, disse então ao paralítico, toma o teu leito, e vai para tua casa.

7. E ele levantou-se e foi para sua casa.

8. E vendo isto as multidões, temeram e glorificaram a Deus, que deu tal poder aos homens.

I – NECESSIDADE DA CONFISSÃO

Notemos bem a primeira palavra de Jesus, dirigida ao paralítico: Tem confiança, filho, que os teus pecados te são perdoados!

Todo pecador é um paralítico: E todos nós somos pecadores!

O viciado é um leproso: já vimos como Jesus cura os leprosos; vejamos home como Ele cura os paralíticos espirituais: é pelo sacramento da confissão.

A confissão é o grande sacramento da misericórdia divina.

Já tratamos dele (I Domingo da Páscoa). Vejamos hoje outro aspecto da confissão, mostrando:

1. A sua NECESSIDADE.
2. As suas DOÇURAS.

A confissão corresponde admiravelmente a todas as necessidades de nossa alma; e esta perfeita adaptação é uma prova da sua divindade.

A confissão tem por fim arrancar o mal do coração do homem.

Ora, o mal contém três elementos: o orgulho, a concupiscência, a revolta.

O pecador repete, em atos senão em palavras, o brado orgulhoso de Lúcifer: No serviam!

O orgulho leva o homem a rejeitar e desprezar a lei do Criador.

O homem prefere obedecer às suas paixões, deixando levar-se pela concupiscência; e como encontra um obstáculo – a lei divina – ele se revolta.

A confissão cura este mal com os três elementos opostos.

De fato, a confissão inclui três atos essenciais:

A humildade, oposta ao orgulho;

O Sacrifício, oposto à sensualidade;

A obediência, oposta à revolta.

O pecador é obrigado a ajoelhar-se aos pés de um homem, seu igual como homem, seu mestre e juiz pela dignidade: é um ato de humildade.

O pecador deve cumprir a penitência imposta: é um ato de obediência.

Enfim, ele deve cumprir a penitência imposta: é um ato de obediência.

Eis como Deus destrói, até à raiz, o mal que cometemos. Ele nos castiga com três atos opostos aos atos do mal cometido… mas se Ele castiga, Ele cura e consola também, como vamos ver.

II – AS DOÇURAS DA CONFISSÃO

A confissão é sobretudo um remédio mas todo remédio é amargo.

Deus, que é Pai, quer dulcificar a amargura do remédio, passando um pouco de mel na beira do cálice que Ele nos apresenta… e chega até a misturar o mel com o próprio remédio.

De que precisa o pecador arrependido?

De três coisas: consolação, luz e perdão.

Oh! Quanto nós precisamos de consolação!

Há horas tristes na vida… há amigos falsos e inconstantes… há traições… há Pilatos e Judas em grande número.

Daí os desesperos… os suicídios!

O pecado é um abcesso cheio de pus, que faz sofrer horrivelmente.

A confissão é como uma lanceta que abre o apostema.

O sacerdote é um amigo fiel… um consolador incomparável!

Nós precisamos também de luz!

Jesus Cristo nos trouxe um duplo luzeiro: um luzeiro geral e um particular.

O primeiro indica o caminho.

O segundo mostra as pedras e espinhos do caminho.

O primeiro é a pregação e o segundo é a confissão.

Precisamos de luz, para ver as nossas fraquezas.

A pregação nos faz olhar para o céu.

A confissão nos faz olhar par anos.

A pregação nos mostra o ideal.

A confissão nos mostra como devemos abraça-lo.

A primeira, é a luz da inteligência.

A segunda é a luz do coração.

Precisamos ainda de perdão.

A sociedade castiga, não perdoa.

A sociedade avilta e, cumprido o castigo, não reabilita… mas deixa a vítima entregue à sai miséria.

Um assassino, por exemplo, pode chegar a todas as honras… mas o povo, ao vê-lo cercado de glória, murmura sempre: é um assassino! E seus filhos, embora inocentes, são filhos de um assassino.

Só Deus perdoa, reabilita, apaga tudo: esta é a obra prima da confissão.

A confissão fere, humilha, mas reabilita e consola.

O pecador, uma vez perdoado, está regenerado: é de novo filho de Deus, como se nunca houvesse pecado.

Isto prova a divindade da confissão.

III – CONCLUSÃO

Adorável invenção de um coração de Pai amoroso: a confissão é uma necessidade, para os homens, pois são pecadores; mas é também uma consolação, pois Deus conhece as amarguras da vida.

Deus instituiu este sacramento da misericórdia para destruir o mal do homem, este mal, sendo o orgulho, a concupiscência e a revolta, o remédio deve ser: a humilhação, o sacrifício e a obediência.

Deus suaviza todo sacrifício; Ele quer também suavizar o sacrifício da confissão.

O pecado deixa no homem tristeza, trevas e remorso.

E eis que Deus arranca estas raízes amargas, dando, ao arrependido que se confessa, consolação, luz e perdão.

Oh! Como é divinamente belo… e divinamente paternal!…

É o sacramento da misericórdia divina.

Comentário Dogmático, Padre Júlio Maria, S.D.N., 1958.

Este texto foi útil para você? Compartilhe!

Deixe um comentário