Santa Apolônia

Santa Apolônia († 252)

Existia no ano de 248 na cidade de Alexandria um célebre feiticeiro que profetizava uma grande desgraça de que a cidade seria vítima, se os adoradores dos deuses não se resolvessem a exterminar os cristãos, que eram seus maiores inimigos. O povo deu crédito às predições do embusteiro, e abriu forte campanha contra os discípulos de Cristo.

Uma das vítimas da cruel e estupida perseguição foi Apolônia, donzela conhecida na cidade, e estimada pelas suas virtudes. Levada ao templo pagão e intimada a prestar homenagens às divindades, resolutamente a isso se negou dizendo: “Meu Deus é Jesus Cristo, e só a ele adorarei. Enquanto tiver vida, minha língua louvará a Deus, meu Senhor.”

Os pagãos, seus algozes, ouvindo estas palavras, armaram-se de pedras e quebraram-lhe os dentes. Apolônia, horrivelmente machucada, e sentindo fortíssimas dores, levantou os olhos para o céu, sem pronunciar uma palavra, sem soltar um só gemido. Em vista desta firmeza, os pagãos ameaçaram-na com a fogueira. Apolônia respondeu: “Como poderia trair aquele, que meu coração escolheu, o meu Esposo, de quem é todo o meu amor? Não o farei. Antes sofrer morte crudelíssima e morrer mil vezes, que abandonar a meu Jesus.” Fizeram então os pagãos uma grande fogueira, e puseram a donzela diante da seguinte alternativa: “Ou agora mesmo sacrificas aos deuses ou te lançamos viva no fogo”. Apolônia não respondeu, deteve-se um momento como se quisesse deliberar alguma coisa, e de repente com um movimento brusco, desembaraçando-se das mãos dos seus algozes, lançou-se ao fogo. As chamas consumiram inteiramente o seu corpo. Os cristãos procuraram depois os ossos da mártir e guardaram-nos com muito respeito. Em Roma foi construída uma Igreja em honra de Sta. Apolônia.

O nome da santa Mártir goza de grande veneração entre o povo cristão. Sua intercessão é invocada nos sofrimentos dos dentes.

A Igreja católica não aprova o suicídio, ainda que os motivos sejam iguais àqueles que levou a mártir Apolônia buscar a morte. Embora os Santos Padres não justifiquem o suicídio de Santa Apolônia, nem tão pouco o proponham aos cristãos como exemplo digno de imitação, os mesmos Santos Padres explicam-nos, supondo em Apolônia uma inspiração superior, e grande desejo de estar com Jesus Cristo, seu divino Esposo. O martírio de Santa Apolônia deu-se em 9 de Fevereiro ne 252.

REFLEXÕES

1. A admirável constância na fé, que Santa Apolônia revelou no meio de bárbaras torturas e desumanos tormentos, teve sua fonte no amor a Jesus Cristo. Só o amor a Deus é capaz de dar ao homem força e coragem para fazer os maiores sacrifícios. O amor de Deus transforma o homem carnal e egoísta e fá-lo esquecer as comodidades e prazeres da vida. A alma que tem amor a Deus, despreza a dor, o escarnecer do mundo e procura unicamente agradar ao seu supremo Senhor. Dores e tormentos, longe de serem considerados uma desgraça, pelo homem amigo de Deus, são recebidos e aproveitados como meios poderosos de o desapegar cada vez mais do mundo e o unir ao Bem Supremo. Eis a explicação da alegria dos mártires, fato estranhável que observamos nos heróis do cristianismo: em vez de seguirem o impulso natural do homem que se entristece e desespera na presença da morte iminente, mostram-se alegres e satisfeitos, e entoam hinos de louvor. 

2. O modo como Santa Apolônia pôs termo a sua existência, não nos pode e nem deve servir de exemplo, para o imitarmos.

Não é licito a ninguém nem aos próprios médicos acelerar a morte, por mais inevitável que ela seja. Se os Santos Padres elogiam a coragem de Santa Apolônia, é porque reconhecem no seu proceder uma inspiração do Espírito Santo e o impulso do seu ardente amor a Jesus Cristo a quem desejava confessar viva e morta.

Na Luz Perpétua, Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus para todos dos dias do ano, apresentadas ao povo cristão por João Batista Lehmann, Sacerdote da Congregação do Verbo Divino, Volume I, 1928.

Este texto foi útil para você? Compartilhe!

Deixe um comentário