NOVENA DE NATAL
Com meditações de Santo Afonso de Ligório
Do dia 16 ao dia 24 de dezembro
Convém que se faça a meditação em família e que se reze o Santo Terço em seguida
5° Dia – 20 de Dezembro
Oblatus est, quia ipse voluit.
“Foi oferecido porque Ele mesmo quis” (Is 53,7).
Desde o primeiro instante que o Verbo divino se viu feito homem e criança no seio de Maria, ofereceu-se sem reversa aos sofrimentos e à morte, para resgatar o mundo: Foi oferecido porque Ele mesmo quis. Sabia que todos os sacrifícios de bodes e touros, oferecidos a Deus no passado, não podiam satisfazer pelos pecados dos homens, e que só uma pessoa divina podia pagar o preço de sua redenção: Eis por que, escreve São Paulo, desde sua entrada no mundo Ele diz: Não quisestes hóstia nem oblação, mas me formastes um corpo… Então eu disse: Eis-me que venho. (Sl 39,7). Meu Pai! Todas as vítimas que Vos foram oferecidas até agora não foram suficientes, e não podiam sê-lo, para desarmar Vossa justiça; destes-me este corpo passível a fim de que, pela efusão do meu sangue, eu Vos aplaque e salve os homens. Eis-me pronto: Ecce venio; aceito tudo e me submeto em tudo à Vossa santa vontade.
É certo que a parte inferior sentia repugnância; recusava-se naturalmente a viver e morrer no meio de tantos sofrimentos e opróbrios; mas a vitória coube à parte racional, que estava inteiramente submissa à vontade de Deus, e Jesus aceitou tudo, começando, desde então, a sofrer todas as angústias e dores que devia suportar no decorrer de Sua vida. Eis que o fez por nós nosso divino Redentor desde o primeiro momento de Sua entrada no mundo.
Mas nós, grande Deus, como nos temos portado para com Jesus, depois que, chegados ao uso da razão, começando a conhecer, pelas luzes da fé, os santos mistérios da redenção? Quais foram os nossos pensamentos, as nossas ocupações? Que bens temos nós amado? Os prazeres, os divertimentos, o orgulho, a vingança, a sensualidade, eis os bens que prenderam os afetos do nosso coração. Mas, se temos fé, havemos enfim de mudar de conduta e amar outra coisa. Amemos a um Deus que tanto sofreu por nós. Ponhamos antes os nossos olhos as penas que o Coração de Jesus suportou por nós desde a infância e não poderemos amar outra coisa fora esse Coração que nos amou tanto.
Afetos e Súplicas
Senhor, quereis saber como me tenho comportado para conVosco durante a minha vida? Desde que comecei a ter o uso da razão, comecei a desprezar a Vossa graça e o Vosso amor. Ah! Vós o sabeis melhor que eu, mas Vós me tendes suportado, porque ainda me quereis bem. Eu Vos fugia e Vós não cessáveis de me perseguir, chamando-me. O mesmo amor que Vos fez descer do céu à procura das ovelhas perdidas Vos fez suportar as minhas infidelidades e não Vos permitiu abandonar-me. Agora, meu Jesus, Vós me buscais e eu também Vos busco; sim que Vossa graça me assiste: ela me assiste inspirando-me uma viva dor de meus pecados, que detesto sobre todas as coisas; ela me assiste fazendo nascer em mim um grande desejo de Vos amar e de Vos agradar-Vos quanto posso. Temo, é verdade, devido à minha fragilidade e franqueza, que contraí por meus pecados, mas o meu temor cede à confiança que me vem da Vossa graça e que, apoiando-se em Vossos méritos, me enche de coragem e me faz dizer com o apóstolo: Tudo posso naquele que me conforta (Fp 4,13). Se sou fraco, Vós me darei força contra meus inimigos; se sou enfermo, espero que Vosso Sangue será o meu remédio; se sou pecador, espero que me tornareis santo. Reconheço que no passado Vos perdi por ter deixado de recorrer a Vós nos perigos; doravante, meu Salvador e minha esperança, estou resolvido a recorrer sempre a Vós, e espero de Vós sobre todas as coisas e quero amar a Vós só, ajudai-me por piedade, pelo mérito de tantas penas suportadas por mim desde a Vossa infância. Pai eterno, pelo amor de Jesus Cristo, permiti que Vos ame. Se Vos irritei, aplaquem-Vos as lágrimas de Jesus Menino, que Vos pede por mim: Olhai para a face do Vosso Cristo (Sl 83,10). Sou indigno das Vossas graças, mas Vosso Filho inocente as merece por mim, Ele que Vos oferece uma vida de sofrimentos a fim de que tenhais misericórdia de mim.
E vós, ó Maria, Mãe de misericórdia, não cesseis de interceder por mim. Sabeis quanto confio em vós, e eu sei que não abandonais quem a vós recorre.
† Reza-se o Terço
Do Livro: Devotionarium Catholicum – Compêndio de Orações e Exercícios de Piedade, Instituto Bom Pastor – Capela Nossa Senhora das Dores.