Ande o seu espírito ocupado com pensamentos de Deus, e sejam as tuas conversas acerca da lei do Altíssimo (Ecl. IX, 23).
Jovem cristã, no teu modo de vida há uma infinidade de ocupações que não te absorbem por completo a atenção.
Será justo que não penses em na da durante o tempo que duram essas ocupações, e sobretudo nesses momentos que não estão destinados a nenhuma espécie de trabalho sério?
Não; seria indigno de ti, seria perda de tempo, seria um prejuízo para a tua alma.
O valor íntimo da tua vida depende principalmente dos pensamentos em que o teu espírito andar ocupado. Deles brotam desejos e aspirações, e deles procedem palavras e obras.
Em que pensam os maus? Em impiedades, em ofensas e vinganças, em rebeliões e abominações.
E os mundanos em que pensam? Em vaidades, no aplauso das criaturas, em diversões e passatempos, em honras e riquezas, numa palavra, em coisas que não podem servir para a verdadeira felicidade.
E as pessoas virtuosas? Em Deus e nas coisas divinas; nas suas obrigações e no modo de as cumprir fielmente; em boas obras, na brevidade do tempo e na eternidade sem fim, no exemplo dos bons, no Salvador e na sua Mãe Santíssima.
É certo que a imaginação e a memória, exercem uma grande influência sobre o pensamento, levando-o muitas vezes em pós de se quase contra a nossa vontade; contudo, como o pensamento é coisa propriamente nossa, se somos verdadeiramente senhores, a inteligência só se fixará nos objetos que lhe apresentamos.
Se assim não fosse, não poderíamos pensar no que quiséssemos, nem nos poderiam um dia pedir conta dos nossos pensamentos. Mas o Senhor diz: Examinarei todos os vossos caminhos e dar-vos-ei a recompensa dos vossos pensamentos (1).
De ti depende pois, jovem cristã, que a direção deles seja boa e celestial, ou terrena e má.
Pensar mal, é pensar ao gosto e em proveito do espírito maligno. Os maus pensamentos afastam de Deus (2), e são a abominação do Senhor (3).
Os pensamentos fúteis são perdidos. Os seus pensamentos, diz o Senhor, são inúteis; por isso a desolação povoa os seus caminhos (4).
Os pensamentos bons tornam a alma semelhante a Deus, despertam nela desejos salutares, e levam-na a empreender obras gloriosas. Os pensamentos do justo estão no Altíssimo (5). Antes de dares começo a alguma obra, acostuma-te a levantar o pensamento a Deus, presente em toda a parte; vê o modo de a fazeres da maneira mais agradável à Majestade divina, e faz o que fariam Jesus, a sua Mãe Santíssima e os Santos nas tuas circunstâncias.
Todas as criaturas te podem ajudar a pensar em Deus e nas suas perfeições infinitas, na sua grandeza, sabedoria e bondade; acostuma-te a olhar à luz da fé certos casos e acontecimentos que te produzem alguma impressão, e tirarás deles proveito para a tua alma.
Se se despertar em ti espontaneamente algum bom pensamento, não o afastes; é um dom de Deus, que vem de cima, e desce do Pai das luzes (6). Detém-te nele, compenetra-te dele, aproveita-te dele. Quem sabe, se a tua salvação eterna depende dum bom pensamento! Não sucedeu assim com São Francisco Xavier e tantos outros?
Procura pois, despertar e alimentar em ti bons pensamentos. Lembra-te do Senhor em todos os teus caminhos, e Ele dirigirá os passos da tua juventude (7).
A Virgem Prudente, Pensamentos e Conselhos acomodados às Jovens Cristãs, por A. De Doss, S.J. versão de A. Cardoso, 1933.
(1) Os. IV, 9.
(2) Sab. I, 3.
(3) Prov; XV, 26.
(4) Is. LIX, 7.
(5) Sab. V, 16.
(6) Sant. I, 17.
(7) Prov. III, 6.
Última atualização do artigo em 9 de março de 2025 por Arsenal Católico