QUAIS OS PECADOS CONTRA O QUARTO MANDAMENTO?
Os pecados contra o quarto mandamento são: desobedecer a seus pais e responder mal a seus pais.
I. DEVEMOS AMAR A NOSSOS PAIS.
O Rei do Egito tinha mandado matar todos os filhos dos israelitas.
Uma mulher israelita teve um filho, chamado Moisés e, como o não pode esconder, pôs o menino numa cestinha bem fechada, e a irmã de Moisés levou a cestinha para a beira do rio Nilo, e a pôs num lugar, onde a filha do rei costumava ir todos os dias. A irmã de Moisés escondeu-se no mato e esperou a princesa.
Esta veio e achou o menino na cestinha e teve pena do pequeno. Neste momento veio a irmã e disse: “Se a Senhora quiser, vou chamar uma mulher para criar este menino.” E chamou sua mãe. A filha do rei não sabia que era a mãe e disse-lhe: “Toma esta criança e cria-a para mim: eu te pagarei.” A mãe levou o menino e criou-o. Quando passavam os soldados do rei para matar os filhos dos israelitas, ninguém ousava tocar em moisés, pois foi por ordem da princesa que aquela mãe educava o filho. Moisés entrava muitas vezes no palácio e estava ao pé do trono do faraó e era considerado como filho da princesa.
Da mesma maneira Deus dá a cada pai e mãe seus filhos. Deus diz: “toma esta criança e cria-a para mim, eu te pagarei.” Nossos pais são encarregados por Deus a nos educar. Quem não faz o que o pai e a mãe mandam, não faz o que Deus manda. Quem ofende a seus pais, ofende a Deus. Quem não ama a seus pais, não ama a Deus.
Os animais mais imperfeitos, como os vermes, quase desde o primeiro momento da sua vida acham sozinhos a comida e todo o necessário para viver. Porém, quanto mais perfeitos são os animais, tanto mais precisam de pais. O pintainho come sozinho, porém contra o frio precisa da sua mãe. O terneiro precisa da vaca também para o seu alimento.
Os homens são mais perfeitos do que todos os animais e precisam também muito mais de pai e de mãe.
Se uma pequena criança estivesse sozinha no mato, não acharia comida, nem bebida, nem roupa contra o frio, nem casa contra a chuva. Recebemos de nossos pais tudo isto, durante muitos anos.
Os homens têem também uma alma, e esta alma, durante muitos anos, precisa de aprender. Devíamos aprender a falar, a rezar, a conhecer os nossos deveres. Nada disso podíamos inventar de nós mesmos; temo-lo aprendido de gente.
Devemos amar a nossos pais. Pois foram bons para nós e muito temos recebido deles.
Jesus, Maria e José estavam muito felizes em Nazaré.
Porque estavam tão felizes?
Não pelo dinheiro; pois tinham muito pouco.
Não por divertimentos fora de casa. Pois saíam muito pouco.
Jesus, Maria e José viviam felizes pelo amor. Nunca na Santa Família se ouvia uma palavra dura. Jesus sempre estava pronto a fazer a vontade de sua mãe e de seu pai de criação. Ajudavam-se na mais perfeita harmonia, conversavam sobre o bom Deus e sobre a religião e estas verdades ficavam mais doces, quando ouvidas dos lábios duma pessoa querida.
O amor é o sol da família. Tirando o sol do firmamento, tudo fica escuro. Tirando o amor da família, tudo fica triste. Toda a criança pode tornar felizes seus pais, se quiser. Só há de ser sempre boa, dócil e amável, nunca brigar, nunca teimar, para que lhe façam a vontade, nunca responder sem respeito. Queremos hoje proporcionar a nossos pais um dia feliz, comportando-nos como Jesus em Nazaré.
Já ouvi dizer: eu não posso ser bom para minha mãe, porque ela é muito má para mim, muito brava, muito frenética. Se isto fosse verdade, devíamos pensar: “Como foi que minha mãe ficou tão irascível?” Vamos pensar porque nossos pais às vezes ficam nervosos.
Se alguém não dormiu uma noite, os seus nervos estão muito excitados e fica muito irascível. Agora tantas noites nossa mãe dormiu mal por causa de nós, quando éramos pequenos e gritávamos de noite, ou estávamos doentes. E quantas noites, quando nós dormíamos descansados, certos de achar no outro dia o almoço na mesa, o pai talvez estivesse pensando donde arranjar o almoço. Se tantas noites sem dormir tornaram nossos pais um pouco nervosos, tanto mais os devemos amar e trata-los com tanto maior doçura. Pois foram os seus carinhosos cuidados para conosco que os tornaram doentes.
Quando o pai está em perigo de morrer, o filho chama a tempo o padre para o confessar, principalmente se o pai o não pedir; porque neste caso é mais necessário.
O mais horrível crime, que um filho ingrato pode cometer contra seu pai, é deixa-lo morrer sem chamar o padre. Tal filho expõe a alma de seu pai ao perigo de eterna condenação, e trata seu pai, como se fosse um animal, que não tem nada depois da morte.
Deixamos os nossos cavalos morrer sem chamar o padre, mas não nossos pais.
Henrique VIII da Inglaterra foi um rei muito cruel. O primeiro ministro daquele rei chamava-se Thomaz More um homem leal e forte. O rei quis que Thomaz renegasse a sua fé católica e se fizesse protestante. Mas Thomaz ficou fiel à Santa Igreja de Jesus Cristo. Então o rei mandou mata-lo e lançar seu corpo fora da cidade para os bichos o comerem. Ninguém ousava enterrar o corpo. Mas, vem lá uma moça, vestida de luto: toma o corpo e sem medo das ameaças do rei o enterra. Era a filha do ministro. Ela quis prestar a última homenagem a seu pai, ainda que lhe custasse a vida.
Isto sim é outro amor que o daqueles filhos que nem querem fazer uma viagem de poucas horas para chamar o padre para seu pai moribundo, ou que não querem gastar um pouco de dinheiro para um enterro decente ou para umas missas pela alma de seu pai falecido.
II. DEVEMOS OBEDECER A NOSSOS PAIS E RESPEITÁ-LOS.
Devemos obedecer a nossos pais. Deus criou-nos. Somos de Deus. Temos de fazer o que Deus quer.
Deus quer que façamos o que nossos pais querem. A vontade de nosso pai ou de nossa mãe é a vontade de Deus.
Quem não faz o que seu pai manda, não faz o que Deus manda: pois Deus mandou honrar pai e mãe.
Se o Senhor Jesus nos aparecesse e mandasse fazer algum trabalho, com alegria faríamos aquele trabalho. Da mesma maneira temos de fazer o que o pai ou a mãe manda, pois Jesus mandou obedecer a nossos pais.
Jesus sabia muito mais do que Maria e José. Jesus sabe tudo. Porém Jesus obedeceu a sua mãe e a seu pai de criação. Quando nossos pais nos mandassem fazer um pecado, por exemplo, furtar ou casar só civilmente, não devíamos obedecer: pois neste caso a vontade dos pais não é a vontade de Deus. Deus não pode querer um pecado porque é santo. Mas, de certo, nossos pais não mandarão um pecado.
O pai de Santa Bárbara mandou que casasse só civilmente com um pagão. Mas Santa bárbara não quis fazer este pecado: fez bem. Pois neste caso a vontade de seu pai era contra a vontade do Pai do Céu. Devemos obedecer a Deus mais que aos homens.
Um barão alemão dizia-se católico, mas não se importava das leis da Igreja. Mandou seu filho para um colégio católico; pois sabia que os estudos ali eram melhores, que nos outros colégios. Ali o menino aprendeu a doutrina e, voltando à casa, não quis comer carne num dia de abstinência. O pai mandou que comesse. Mas o menino não quis: pois devemos obedecer a Deus mais do que aos homens. O pai disse muito zangado: “Então ficas sem nada comer.” Depois a mãe, sem que o pai soubesse, trouxe comida para o menino. Mas ele disse: “Não, minha mãe: papai proibiu que comesse! Papai mandou comer carne. Mas, Deus proibiu sito, e não o posso fazer. Mas papai mandou-me também não comer nada hoje. Ora isso não é contra a lei de Deus e eu obedecerei a papai.” A mãe contou isto ao pai, e ele depois das férias levou seu filho outra vez ao colégio e disse ao diretor: “Meu filho me converteu. Agora, eu também não como mais carne nos dias de abstinência!”
Devemos respeitar nossos pais.
Respeitamos as imagens dos santos, porque representam os santos.
Respeitamos nossos pais, porque representam a Deus.
Quem no coração respeita a seu pai, acha meios para lhe mostrar este respeito: fala em tom respeitoso; não responde mal, não briga; quando o pai lhe fala estando em pé, o filho não fica sentado; não fala ao pai de costas viradas; não fala ao pai com um charuto na boca; quando o pai fala, não o interrompe; quando o pai tropeça, não se ri. Nunca fala de seu pai sem respeito. Chamar nomes ao pai ou à mãe facilmente será pecado mortal, se bem sabemos o que fazemos.
Dizer palavras injuriosas ao pai ou à mãe facilmente será pecado mortal. Levantar a mão contra pai ou mãe, mesmo sem bater, é pecado mortal. Também geralmente será pecado mortal fazer escárnio de pai ou mãe. Quem assim ofendeu seu pai ou sua mãe, deve pedir-lhes perdão.
Os pais devem também amar seus filhos, dar-lhes o bom exemplo, castiga-los, se for preciso, manda-los à escola, se houver uma boa.
Os pais devem mandar seus filhos ao catecismo. É pecado mortal, não mandar regularmente os filhos ao catecismo.
Deus disse aos pais: “Toma esta criança e cria-a para mim.”
Explicação do Pequeno Catecismo, Pe. Jacob Huddleston Slater, Doutor em Teologia e Filosofia Escolástica, 2ª Edição, 1924.
Última atualização do artigo em 26 de fevereiro de 2025 por Arsenal Católico