Retrato de Nosso Senhor Jesus Cristo

Nosso Senhor Jesus Cristo

Retrato de Jesus

Carta que se diz ter o Procônsul Lentulus, Presidente em Jerusalém, dirigido ao Senado de Roma, a respeito de Nosso Senhor Jesus Cristo, extraída dos “Anais dos Romanos”, escritos por utropio, no 4º século: (Esta. 1)

“Apareceu nestes tempos e existe ainda um homem (se se pode chamar homem) de grande virtude, chamado Jesus Cristo, que faz obras maravilhosas.

Os povos dizem que ele é o Profeta da verdade, e os seus discípulos lhe chamam Filho de Deus.

Ele ressuscita os mortos e sara toda espécie de moléstias, com as suas palavras e com o seu contato.

É um homem de belo e esplêndido porte, sem ser muito mais alto do que o comum; seu rosto é tão venerável que aqueles que o fitam são levados a amá-lo e temê-lo; seus cabelos são da cor de uma avelã bem madura: são empastados até às orelhas, mas, desde as orelhas até à extremidade, são anelados e crespos; assemelham-se um pouco à cor da cera e são muito luzidios; flutuam com muita graça sobre as espáduas, e são divididos ao meio da cabeça, segundo o uso dos Nazarenos; tem a fronte unida e muito serena; sua face é sem ruga nem mancha e duma vermelhidão que o embeleza extremamente. Tem nariz e boca muito bem feitos; sua barba é espessa e forte e nunca foi cortada; ela é da cor dos seus cabelos, não muito comprida e dividida ao meio, em forma de forcado; seu olhar é singelo e grave, seus olhos aproximam-se do verde e são brilhantes e claros; é terrível em suas repreensões, doce e amável em seus conselhos; é agradável, e conserva sempre a gravidade; nunca foi visto rir, mas muitas vezes chorar. É, quanto à disposição do seu corpo, direito e bem composto, tendo as mãos e os braços e toda a sua pessoa muito agradáveis à vista; é grave em sua conversação, mas fala raramente e com modéstia. Enfim, é um homem que, por sua beleza e perfeição, excede os outros homens.”

Vestimenta de Jesus

O Salvador estava vestido como os Galileus.

As vestimentas de Nosso Senhor constavam das seguintes peças: véu sobre a cabeça (kouffich), que era de uso invariável entre os seus compatriotas e que o clima tornava indispensável, sobretudo em viagem, para resguardar a cabeça e o pescoço. O véu era preso na frente por cordões. Este ornato ainda se usa no Oriente.

Calção, que os judeus traziam em torno dos rins.

Tunica sem costuras, de cor parda avermelhada, feita de lã de camelo, e que era usada junto ao corpo, como se fosse camisa, descendo até aos tornozelos, e assemelhando-se à blusa moderna, pelas mangas curtas, até ao meio dos braços. Sem costura, ou com malhas (intervalo entre os fios), significa indiferentemente tunica ou roupa de baixo, isto é, camisa. O termo chiton, de São João, deve ser precisado pelo contexto. Ora, este, especificando que se tratava de uma veste de malha, coloca-o, por esse mesmo fato, na categoria das, vestes subtraídas às vistas.

Vestimenta exterior sobreposta à túnica. Esta vestimenta assemelha-se à batina que hoje os sacerdotes usam.

Cinta, larga, passada muitas vezes em torno da cintura, e que servia para guardar certos objetos.

Manto, que os judeus, e, em particular, os que eram consagrados de um modo especial ao culto de Deus, tinham o hábito de usar. Era um amplo pano quadrado, composto de quatro peças. A cintura servia também para levantar e apertar em torno dos rins esse manto, quando se queria caminhar.

O manto servia para preservar o corpo das intempéries e envolvê-lo durante o sono.

Em cada canto dessa vestimenta estava cosido um pedaço de seda azul, que devia lembrar aos judeus a estada no Egito, e, além disso, uma borla, composta de nós, que pelo número representam as quatro letras do nome de Jahve, segundo eram sua pronúncia verdadeira. Essas quatro letras era o iva, o hé, o van e o hé. (Deut. XX, n. 12).

Sandálias e Cajado – É provável que Nosso Senhor usasse, em certos atos, a “capa de profeta”, em vez de manto, como se vê ,na Est. 1.

Essa capa era formada por um largo pano, caído sobre as costas, e preso no pescoço por um colchete.

O traje de Cristo não importava menos à cristandade das idades futuras do que aos contemporâneos, pela lembrança de sua pessoa, destinada a perpetuar-se pela imagem. Ora, em falta de semelhança averiguada nos traços, era preciso que, ao menos, tivéssemos o desenho das vestes do Salvador.

Durante a Paixão, Jesus esteve vestido como acima (menos o véu sobre a cabeça), desde que foi preso até que foi apresentado a Pilatos (exceto no tempo em que esteve na prisão, no tribunal de Caifás, onde ficou só com a túnica).

Depois da apresentação a Pilatos até sua condenação, esteve vestido com a túnica. De Herodes para Pilatos, sobrepuseram à túnica um saco branco, por escárnio; depois da flagelação, o manto escarlate (chlamyde) e a coroa de espinhos.

Em seguida à condenação, foram repostas as suas vestes, que conservou até ao crucificamento, sendo então retiradas e ficando provavelmente o calção até a descida da Cruz.

Cor das vestimentas – Os primeiros pintores representavam Jesus com a túnica inconsútil, a qual tinha a cor parda avermelhada.

Daí concluíram alguns, sem razão, que Jesus usasse, ordinariamente, uma veste vermelha; e, como sabiam que havia azul em suas vestes (nos cantos do manto), ajuntaram à veste vermelha de Cristo o manto azul.

Isso é, entretanto, inexato. Jesus vestia-se de branco, símbolo da inocência e da luz, e não de vermelho, que era considerado entre os judeus como o símbolo do pecado.

Isaías pergunta: Por que estão assim vermelhas as tuas vestes? E o Senhor lhe responde: Aspergiram sobre mim o sangue dos homens. Eis por que estão vermelhas as minhas vestes.

No seio do eterno Pai, nos esplendores dos Santos, Jesus tinha por vestimenta a claridade de sua glória divina. “Amictus lumine sicut vestimenta”. No alto do Tabor, Jesus suspende, por instantes, o véu que ocultava sua divindade e deixa-se ver, resplandecente como o sol, com as vestes da alvura deslumbrante da neve. “Vestimenta ejus facta sunt alba sicut nix».

Entre os Judeus, Typhon, símbolo do mal, tinha a cor vermelha. Em toda a história judaica, vê-se esta cor considerada como emblema do pecado. Na cerimônia do bode emissário, para a expiação solene das faltas do povo, o grande sacerdote amarrava no pescoço do bode uma longa faixa vermelha.

Refere-se que, sob o pontificado de Simão, o Justo, essa faixa vermelha aparecia sempre branca, o que era, segundo pensavam, um favor assinalado do céu; porque ela significava, pela cor branca, que Deus concedia ao povo a remissão de suas faltas; enquanto, com os outros grandes sacrificadores, a faixa aparecia, ora branca, ora vermelha. Lembravam-se então do que dissera Isaías, fazendo alusão à significação simbólica do vermelho: “Quando vossos pecados fossem como o escarlate, seriam embranquecidos como a neve, quando fossem vermelhos como a púrpura, tornar-se-iam como a lã”.

A Paixão de Jesus Cristo pela Associação da Adoração Contínua a Jesus Sacramentado, 3ª Edição, 1925.

Última atualização do artigo em 14 de abril de 2025 por Arsenal Católico

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