Ajuda para uma reversão da sorte por Giuseppe Molteni, inc. Caterina Piotti Pirola da Gemme d'arti italiane , a. I, 1845 - Public Domain - Wikimedia Commons

E eu, de muito boa vontade darei tudo o que tenho, e me darei até a mim mesmo, pela salvação das vossas almas (II Cor. XII, 15).

A magnanimidade consiste na disposição de cumprirmos prontamente a vontade de Deus ainda nas coisas dificultosas, com alegria e desejo de maiores sacrifícios.

Senhor, que quereis que eu faça? (1) pergunta sem cessar o amor generoso, exigindo por assim dizer, que o céu lhe imponha sacrifícios cada vez mais duros.

O meu coração está pronto (2). Senhor, escogitai a prova mais forte que puderdes para o meu amor, e mais árdua para o meu ânimo. Confiado em vós e no vosso auxílio, franquearei as muralhas mais elevadas (3).

Concedei-me que me sacrifique a vós até à renúncia completa de mim mesmo (4). Dai-me força para fazer o que quereis de mim, e depois, pedi-me o que for do vosso agrado.

Oh santa porfia! Luta o Deus de amor com a alma amante, como o Anjo do Antigo testamento com o patriarca Jacob (5). Deus deixa-se vencer e cede, e a alma corre após dele e abraça-o.

Deus exigiu um sacrifício e a sua vontade cumpriu-se, pde mais outro, e a alma, dilatando-se, saindo de certo modo dos limites da sua natureza humana, aceita-o também. Cumprem-se nela ainda os mais incompreensíveis desígnios de Deus.

Pratica ações heróicas, exercita virtudes extraordinárias sempre com presteza e quase espontaneamente diminuiriam o merecimento.

Mas, como será possível tanta generosidade de heroísmo, em tão tenra idade?

Oh se o não é agora, que as impressões são mais fortes, os sentimentos mais vivos, a vontade mais empreendedora e maior a aspiração das potências, quando o será então? Mas facilmente se entusiasma o temperamento buliçoso da juventude, do que o raciocínio frio da idade madura.

Acostuma-se a obedecer com fidelidade às mais ligeiras inspirações de Deus, e põe-te nas suas mãos inteira e absolutamente.

A generosidade sobrenatural é completamente diferente da natural. Se esta é ainda de origem celeste, e se renuncia em favor do próximo de alguma coisa que tinha em muito apreço, contudo a sobrenatural dá por amor de Deus quanto tem e quanto pode, dá-se a si mesma e do modo mais completo.

Na generosidade natural facilmente se infiltra o amor próprio, um certo desejo de reconhecimento daquele que é favorecido por ela oui daqueles que dela tiverem conhecimento; a sobrenatural pelo contrário, despe-se de toda a sombra de amor próprio para só atender à honra de Deus. Conhece tão claramente a sua fraqueza e a aprte que a graça tem nas boas obras, que não deixa lugar á complacência própria.

A generosidade natural está confinada dentro de certos limites; a sobrenatural pode-se dilatar cada vez mais. Por mais completa que seja a doação que fizermos de nós mesmos a Deus, sempre será infinitamente menor do que o que merece um Deus de perfeições infinitas.

Por isso, os maiores sacrifícios são nada aos olhos daquele que é verdadeiramente magnânimo. Ainda que tenha realizado sacrifícios sobrehumanos, ao considerar a infinita majestade de Deus persuade-se que todos eles são nada, e exclama convencida da sua insuficiência: Sou um servo inútil (6). Com os olhos sempre fizos em Deus, não repara nos sacrifícios que faz, para atender unicamente àquilo de que o Senhor é digno.

Senhor, brada a alma cheia de confusão, eu não vos posso servir como mereceis. Recebei todo o meu ser, e tornai-me uma vítima agradável à vossa divina majestade.

Não terminais que eu aplique à grandeza do vosso ser a medida da minha pequenez. Fazei qie pense de vós como convém à vossa majestade, que proceda sempre de acordo com o ideal que tenho de vós, e que esta seja sempre a nomra dos seus sacrifícios.

Deus vê a sinceridade destes sentimentos, e como não se deixa vencer em generosidade derrama na alma a abundância das suas graças.

A alma, esquecendo-se da caraga e do jugo que sobre si pesa, encontra-o leve e suave (7). Admira-se de que Deus lhe peça tão pouco e está pronta para maiores sacrifícios. Corro ligeira pelo caminho dos vossos mandamentos, desde que vós, Senhor, dilatastes o meu coração (8). Deus opera nela, e ela em Deus. Renova incessantemente as suas forças, levanta o vôo como a águia, corre e não se cansa, vôa e não necessita de repouso (9).

Oh que generosidade e nobreza de sentimentos! Oh que grandeza de alma, rara na terra, admirada no céu, recompensada com uma glória inefável por Deus justíssimo, que nada deixa sem premiar, e a todos retribui segundo as suas obras (10).

(1) Act. XI, 6.
(2) Salm. CVII, 2.
(3) Salm. XVII, 30.
(4) II Cor. XII, 15.
(5) Gen. XXXII, 24.
(6) Luc. XVII, 10.
(7) Mat. XI, 30.
(8) Salm. CXVIII, 32.
(9) Is. XI, 31.
(10) Rom. II, 6.

Última atualização do artigo em 3 de fevereiro de 2025 por Arsenal Católico

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