“Apavorante foi o fim de Voltaire, o patriarca da impiedade. O furioso negador de Deus ficara gravemente doente. Mandou chamar o sacerdote e quis confessar-se. Antes da absolvição, retratou publicamente, em escrito ratificado por duas testemunhas, suas calúnias e insultos contra a Igreja e a Religião, e manifestou sua confiança no perdão divino. Ora, Voltaire não morreu. Restabelecido, abandonou sua conversão e continou a ser o que dantes fôra: um incrédulo zombador. Mas recaiu gravemente doente. Outra vez pede um confessor. Seus amigos de incredulidade não oa tendem. Voltaire suplica… em vão. Em dado momento Voltaire começa a gritar e esbravejar desesperadamente: “um punho me agarra e me arrasta ao tribunal de Deus… o demônio quer levar-me… Vejo o inferno… oh por piedade, escondei-me!” Um dos presentes não suporta e se precipita para fora: “Não é possível ver uma coisa destas”. Essa foi a morte do “pai da incredulidade”. (Mons. Tihamér Toth)
Que é
Irreligiosidade vem a ser toda e qualquer irreverência contra Deus, direta ou indiretamente cometida nas pessoas ou coisas sagradas. Os atos de irreligiosidade reduzem-se a três:
1 – Tentar a Deus, 2 – sacrilégio, 3 – Simonia.
Tentar a Deus
Consiste numa ação ou palavra com a qual se quer por Deus à prova, isto é, tentar saber se, de fato, Ele possui ou não esta ou aquela perfeição (poder, sabedoria, etc.), pedir-lhe um fato extraordinário, sem nenhum direito ou motivo suficiente para isso.
Tal modo de agir é provocado pela:
a) incredulidade: assim tentavam a Deus os judeus que dizima zombando: “Se tu és Filho de Deus desce da cruz!”
b) curiosidade: exemplo típico é o de Herodes Ântipas, que queria ver um milagre de Jesus preso, ali, em sua presença.
c) presunção: deste pecado foi que Jesus acusou seus compatriotas de Nazaré, que dele havim pretendido milagres: “Os prodígios que fizeste em Cafarnaum, faze-os em tua terra também”.
Está tentando a Deus quem raciocina assim: “Se Deus existe, se é poderoso, se é bom, que o prove impedindo esta desgraça ou concedendo-me esta graça”. Isto é pecado grave.
Tenta a Deus também quem dEle pretende a aprovação sem estudar, a cura sem empregar os meios ordinários, a defesa da inocência sem evitar as ocasiões perigosas, como certos filmes, amigos, bebidas, etc.
O pecado será mais ou menos grave, conforme o perigo a que cada um se expõe.
Praticamente: “ajuda-te que Deus te ajudará” É preciso fazer como se tudo dependesse de nós, mas rezar como se tudo dependesse de Deus.
Sacrilégio
É a profanação, isto é, tratamento indigno de pessoa ou coisa sagrada. É pessoal, quando se profana uma pessoa consagrada a Deus, precisamente por ser consagrada a Deus; por exemplo, injuriando, batendo num sacerdote, numa freira. É local quando se profana um lugar sagrado; por exemplo, roubando, brigando, praticando más ações na Igreja, no cemitério. É real, quando se profana uma coisa sagrada; por exemplo, recebendo em pecado mortal um sacramento de vivos, desprezando as sagradas imagens e a água benta, servindo-se para usos profanos de vasos ou vestes sagradas.
O sacrilégio pode ser leve, se a matéria é leve, por inadvertência ou por outra circunstâncias que tiram a gravidade. Mas em si é pecado grave.
Nosso Senhor o condenou muito severamente nas suas três espécies.
Disse Deus: “Não toqueis em quem me é consagrado!”.
Empunhando um chicote, feito de corda, Jesus expulsou os vendedores do Templo, exclamando: “Não façais da casa de meu Pai um casa de comércio!”.
Jesus ainda advertiu: “Não deis aos cães as coisas santas e não lanceis aos porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés”. Com as palavras cães e porcos, Nosso Senhor queria referir-se aos maus.
Simão, chamado o Mago porque se dedicava à magia, foi ter um dia com os Apóstolos, os quais operavam muitos prodígios, e ofereceu-lhes dinheiro dizendo:
– Dai-me também a mim o poder de fazer receber o Espírito Santo àqueles a quem eu impuser as mãos.
– Que o dinheiro sirva para a tua ruína, porque julgaste que o dom de Deus é objeto de comércio.
Por causa desse fato é que se dá o nome de simonia à compra ou venda de coisas espirituais ou conexas com as espirituais.
Coisas espirituais: sacramentos, santa Missa, bênção, etc.
Conexas com as espirituais: cálices, relicários, rosários, crucifixos bentos, indulgenciados, etc.
A simonia é um pecado que ofende grandemente a Deus, porque não há nenhuma proporção entre as coisas espirituais e o preço material.
Objeções
1º Os padres exigem pagamentos pelas Missas, bênçãos, funerais, etc.
Resposta: Não se trata de pagamento, mas de uma oferta para que o ministro do culto possa viver segundo o seu estado. Diz São Paulo: “Quem serve ao altar, deve viver do altar”, e “Deus ordenou que aqueles que pregam o Evangelho vivam do Evangelho” (I Cor.).
2º Às vezes se vendem relicários, terços, velas, crucifixos bentos.
Resposta: Paga-se somente o preço do material e nada se deve pagar a mais, por causa da bênção ou consagração.
Nota: Os objetos indulgenciados, quando vendidos, perdem as indulgências.
Luz do Céu, Curso de Religião, 3º Tomo, Mandamentos e Virtudes, 1964.
Última atualização do artigo em 4 de fevereiro de 2025 por Arsenal Católico