Marianos Célebres: João Tserclaes, Conde de Tilly, um General Intrépido

Marianos Célebres: Um General Intrépido,João Tserclaes, Conde de Tilly

Há vultos históricos que formam um grupo à parte. São os eternamente caluniados.

A este grupo pertence Tilly, o general intrépido da Guerra dos Trinta Anos.

Apesar dos trabalhos valiosos e provas irrefutáveis de historiadores como Onno Klopp e Carlos de Villermont que desvendaram a verdade a respeito deste lutador pelos direitos de Deus e dos homens ainda hoje Tilly é difamado pelos inimigos da Igreja como causador do incêndio de Magdeburgo, como papista fanático, como tirano intolerante.

João Tserclaes, Conde de Tilly, nasceu em Tilly, perto de Bruxelas, em 1559. Aluno do colégio dos jesuítas em Colônia, entrou para a Congregação Mariana, distinguindo-se por sua profunda piedade. Seguindo sua vocação para a vida militar, lutou sob o comando de vários chefes. Durante a campanha contra os turcos foi promovido ao posto de coronel. Poucos anos mais tarde foi nomeado general de artilharia. Já como posto de marechal de campo, recebeu do duque Maximiliano da Baviera o encargo de reorganizar o exército daquele país.

Sua atividade principal, entretanto, desenvolveu-a durante a Guerra dos Trinta Anos. Esta atividade não reflete somente seus exímios dotes de cabo de guerra, mas as admiráveis virtudes que adquiriu na escola de Maria.

No conselho de guerra manifestou-se o general imperial Bouquoy vivamente contra o planejado ataque na Montanha Branca, perto de Praga (Boêmia), desmoralizando destarte as tropas. E de fato, os soldados imperiais começaram a fugir. Tilly, porém, com a espada desembainhada, forçou-os a resistir, alcançando uma esplêndida vitória. E teve mais vitórias. E teve derrotas também. Mas numas, como nas outras, mostrou-se o grande soldado. Depois da batalha da Montanha Branca, os soldados quiseram saquear a cidade de Praga. Tilly não o permitiu.

Era sempre contrário ao emprego da força bruta. Príncipes e generais aproveitavam as forças armadas para obrigar os habitantes dos territórios ocupados a adotar a religião dos respectivos vencedores. Tilly nao entendia assim os direitos do vencedor. Como filho fiel da Igreja Católica não descurava da restauração da verdadeira fé. Mas, com toda razão, queria que os habitantes fossem antes instruídos devidamente na religião de Cristo. Para este fim tratava de fundar colégios de jesuítas. Trocou muitas cartas com o Papa e o imperador a este respeito, oferecendo-se a pagar o sustento dos padres até que se tivesse provido de outra forma.

Desde 1620 até o fim da vida teve um jesuíta como capelão e confessor. O último deles, o que o assistiu na hora da morte, diz-nos: que a vida de Tilly era rica em todas as virtudes cristãs. Paciência, prudência, moderação, continência e misericórdia distinguiram-no como homem. Como general era de uma admirável capacidade de prever e calcular os movimentos do adversário, de aguda vigilância e de estupenda celeridade na execução dos seus planos.

As maiores dificuldades não lhe vinham da parte dos inimigos, mas dos seus chefes que, movidos por mesquinhas ambições, ciúmes e invejas, punham em risco a grande causa pela qual Tilly lutava. Wallenstein escreve a este respeito (3-6-1626): “Certamente não é por nada que ele (Tilly) se cobre de glória por causa de sua bravura, perante o mundo; mas por causa de sua paciência que deve ter com os canalhas (W.. tem uma expressão muito mais forte), alcançará de Deus “coronam martyrii”.

Querendo defender a Baviera contra o invasor sueco, opôs-se-lhe sobre as margens do Lech, recebendo ai o ferimento de morte. Aos 30 de Abril de 1632, morreu em Ingolstadt. Homens que pareciam feitos de mármore, choravam inconsoláveis a sua morte.

A enciclopédia Espasa-Calpe caracteriza assim este grande filho de Maria: “Tilly odiou sempre o fausto e as distinções honoríficas e negou-se a enriquecer-se com as presas da guerra. Em seu exército procurou manter uma severa disciplina varonil. A extirpação da heresia na Alemanha foi para ele uma questão de consciência”.

Mariano Célebres, por Werner J. Soell, S. J., 1955.

Última atualização do artigo em 4 de fevereiro de 2025 por Arsenal Católico

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