Marianos Célebres: O Padroeiro dos Escritores, São Francisco de Sales

Aos 26 de Janeiro de 1923, S. Santidade Pio XI publicou uma Encíclica pela qual declarou a São Francisco de Sales “Celestial Patrono dos Periodistas e Escritores Católicos”. Já em 1877, recebera a mais alta distinção que pode ser conferida a um mortal, sendo proclamado por Pio IX “Doutor da Igreja”.

Descomunais devem ser as qualidades para que um homem alcance tais alturas.

Isto verifica-se, de fato, na pessoa de São Francisco de Sales.

Filho de uma das mais nobres, mais antigas e mais distintas famílias de Sabóia, em toda a sua vida nunca desmentiu a fina educação de fidalgo. Uma memória feliz, inteligência brilhante e fantasia viva talharam-no para os estudos. A uma vontade enérgica uniu um coração cheio de doçura e sensibilidade. Todo este conjunto maravilhoso recebeu sua consagração pela prática de sólidas virtudes cristãs.

Nascido aos 21 de Agosto de 1567, no Castelo paterno perto de Annecy (Sabóia), mostrou, já como menino de pouca idade, seu interesse pela conversão dos protestantes, que visitavam seu pai.

Afirma Mackay (CEuvres l. XXXIX): “Aux jésuites appartient l’honneur principal de sa formation”. Mas esta “honra”, a Companhia de Jesus a deve à iniciativa do próprio Francisco. Pois foi ele que insistentemente pediu ao pai que o mandasse ao Collège de Clermont de Paris, e não ao de Navarre. Este se destinava à flor da mocidade nobre francesa. Aquele, porém, era dirigido pelos filhos de Santo Inácio, sendo um verdadeiro seminário de todas as’ virtudes.

Francisco entrou para a Congregação Mariana, na qual ocupava, várias vezes, os postos de assistente e presidente. E foi na escola da Congregação Mariana que se formou o santo, executando o sublime programa esboçado na primeira regra: santificação própria, salvação do próximo e defesa da Igreja.

A inabalável mansidão que caracteriza a S. Francisco de Sales é o resultado de uma luta sem tréguas contra sua natural inclinação para a ira. Ainda na maturidade da vida, confessou, depois de um incidente desagradável, que “a raiva borbulhava na sua cabeça, como a água a ferver sobre o fogo”.

Pelo ano de 1582, foi assaltado por uma terrível tentação de desespero, temendo que seria condenado ao inferno. A sua saúde de tal forma foi abalada, em consequência disto, que os médicos não sabiam o que fazer. Francisco foi para uma igreja prostrar-se diante da imagem de Nossa Senhora. Fez o voto de virgindade perpétua e logo sua alma se encheu de paz e o corpo recobrou a saúde.

Que Francisco, apesar de sua profunda piedade, estava livre de preconceitos, prova-o o seguinte incidente.

Naquela época, a anatomia estava nos seus começos, e os médicos que a praticavam eram considerados pouco menos do que criminosos sacrílegos. Ora, aconteceu que Francisco, estando em Pádua, adoeceu gravemente. Determinou que, caso morresse, seu corpo fosse entregue aos médicos para estudos anatômicos.

Esta largueza de vista teve um grande papel nos seus trabalhos pela salvação do próximo.

Francisco acabara em Paris, seus estudos de retórica filosofia e teologia. Para satisfazer os desejos de seu pai, dirigiu-se a Pádua, em cuja universidade adquiriu o título de doutor em direito. Nem bem um ano trabalhou como advogado no senado de Sabóia. Então renunciou a tudo: carreira brilhante como estadista, a um casamento vantajoso, ao conforto do castelo paterno. Tomou ordens. Para reconciliar o pai, que não estava de acordo com as intenções do filho, alcançou-se-lhe do Papa a nomeação para preboste da catedral de Genebra, dignidade mais alta depois da do Bispo. Agora abriu-se-lhe um vasto campo de apostolado. O Chablais, região da Sabóia, viu o jovem sacerdote reconquistar milhares de protestantes para a Igreja católica. Além do exemplo da mais pura caridade cristã, contribuiu para tal triunfo o precioso dom da palavra de que Francisco era dotado. Seus sermões comoviam profundamente.

Maior influência ainda tinham seus escritos. Estes, a um tempo, serviram à doutrinação e à defesa das verdades ensinadas pela Igreja.

Seus livros, como também suas inúmeras cartas, garantiram ao santo um lugar de destaque na literatura francesa. F. Godefroy diz dele: “S. Francisco de Sales merece um dos primeiros lugares entre os que legaram à nossa língua (francesa) sua flexibilidade”. SainteBeuve compara o santo com Benjamin Franklini que também escreveu sobre a prática da virtude. Chega ao resultado: Franklin “possui humanitarismo, mas falta-lhe a caridade propriamente dita. – Em S. Francisco acha-se mais do que o justo, mais do que o útil, mais do que o humano, acha-se o santo, uma realidade repleta que, sempre que se mostre legítima, encontrará sempre a reverência dos homens” (Causeries du Lundi, VII, 220).

Seu Bispo, Mons. Granier, alquebrado pela idade, recebera a Francisco como coadjutor, sucedendo-lhe este, em 1602, no sólio pontifício de Genebra.

Agora, o santo antístite realizou mais uma obra importante com a fundação da ordem da Visitação de Nossa Senhora, tendo como colaboradora a Santa Francisca Frémyot, Baronesa de Chantal.

Este grande filho de Maria morreu aos 28 de Dezembro de 1622, em Lião.

Seu amor, sua estima e sua gratidão pela Congregação Mariana acham um eloquente testemunho numa das suas obras mais célebres, a “Filotéia”, na qual exorta com insistência os leigos a que ingressem nas fileiras marianas.

Sao Francisco de Sales tipifica o congregado cem por cento.

Mariano Célebres, por Werner J. Soell, S. J., 1955.

Compartilhe:

Picture of Arsenal Católico

Arsenal Católico

O Arsenal Católico é um blog dedicado à preservação e divulgação da tradição católica, abordando tudo sobre a Igreja Católica Apostólica Romana. Aqui, você encontra orações, novenas, ladainhas, documentos da Igreja e reflexões sobre os santos e a doutrina católica. Nosso compromisso é oferecer conteúdos profundos e fiéis aos ensinamentos da Igreja, promovendo a formação e o fortalecimento da espiritualidade de cada visitante.
Encontre-nos aqui

Relacionados