O que pretende o lobo, quando volteia ao redor de um rebanho: deitar as garras e cravar os dentes em alguma ovelha. Mais claramente: com as suas sinistras aparições no meio de vós, tentam arrancar-vos à Igreja, vossa Mãe, para manhosamente vos enredar em alguma das mil seitas da funesta heresia que professam.
Mas o que vos sugerem é sirnplesn1ente a ruína da vossa alma, um gravíssimo e horrendo pecado contra Deus e, por isso, obriga-nos o nosso dever pastoral a vos deixar bem explicados
ambos estes pontos, afim de vos encherdes do mais justo horror ao conhecer as perversas intenções dos inimigos da vossa Fé.
Com vos insinuarem o abandono da Igreja católica e a passagem para o protestantismo, perfidamente vos propõem a ruína completa da vossa alma.
Para disto vos convencerdes, considerai, ainda que pela rama, os grandes e numerosos bens
espirituais que vos dispensa a santa Igreja de Jesus Cristo.
Escravos que éreis do demônio, inimigos de Deus e condenados ao desterro eterno, conferiu-vos o Batismo a graça santificante, que vos elevou à dignidade de filhos adotivos de Deus, ir mãos de Jesus Cristo e herdeiros do reino dos céus.
Recebestes, na Confirmacão, o divino Espírito Santo com o sublime cortejo dos seus dons e das suas graças, iluminados assim e fortalecidos para exatamente cumprirdes as vossas múltiplas obrigações e professardes com desassombro a vossa Fé, como convém aos verdadeiros e intimoratos soldados de Jesus Cristo.
O sacramento da Penitencia – verdadeira tábua de salvação para as almas que miseramente naufragaram nos sorvedouros do pecado – alcança-vos o perdão e restitui-vos a perdida graça, quando, arrependidos devéras, humildemente confessais as vossas culpas ao sacerdote, legítimo ministro de Deus.
Pelo sacramento da Eucaristia, não só temos conosco presente o Autor da graça, Jesus Cristo Senhor Nosso, com o seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade, real e perfeitamente, como está
no Céu, mas ainda, na sagrada comunhão, alimentamos a nossa alma com esse mesmo Corpo, verdadeiro Pão da vida, manjar divino que restaura as nossas energias para os difíceis combates e
gloriosos triunfos da virtude.
Por meio deste augustíssimo sacramento, oferecemos a Deus o santo Sacrifício da Missa, idêntico ao sacrifício da Cruz, renovado apenas de modo incruento, em virtude do qual nos poupa Deus os castigos merecidos por nossas culpas, e sobre nós derrama as suas bênçãos mais preciosas.
Pelo sacramento do Matrimônio, ratifica Deus a união legitima dos esposos cristãos, aos quais arma da graça indispensável para exata e fielmente cumprirem todos os deveres inerentes ao estado conjugal, santificando o tronco familiar, para que santas sejam as futuras vergonteas que
dele hão de brotar.
O sacramento da Ordem faz surgir e perpetúa na Igreja a falange sagrada dos ministros do altar, luz do mundo e sal da terra, investidos do poder de ensinar às almas, regê-las e santificá-las, esclarecendo-as com a luz da verdade que anunciam, fortificando-as com a graça dos sacramentos que administram, e encaminhando-as para o Céu pela senda reta da virtude que ensinam e praticam.
Finalmente, pelo sacramento da Extrema Unção, recebe o moribundo o auxílio necessário para nessa última refrega alcançar a vitória decisiva sobre as hostes adversas, empenhadas em lhe comprometer para sempre a salvação, frustrando-lhe, no momento derradeiro, o prêmio prometido e reservado a uma vida trabalhosa e meritória.
O infeliz que abandona a Igreja e se faz protestante perde todos esses bens espirituais, que são incalculáveis. De filho de Deus que era, volta a ser novamente seu inimigo, rebaixa-se à misera condição dos pagãos, torna-se até pior do que eles. Poderia haver ruína maior para a sua alma? Tão alto pairava no hialino azul, num deslumbrante e infindo oceano de luz, de vida, e… preferiu rastejar na sombra, serpear nas trevas, demandar a morte! Infeliz!
Não julgueis, todavia, Filhos caríssimos, que tenhamos enumerado todos os bens espirituais de que vos querem privar estes pérfidos fautores da heresia. A ruína que vos intentam causar é ainda mais lastimável.
Grande é a devoção que tendes à excelsa Virgem Senhora Nossa, bem firme a vossa confiança na sua valiosa proteção, e sobejas razões vos assistem para nutrirdes tais sentimentos, porquanto muitíssimas vezes esta carinhosa Mãe vos protegeu e ajudou, obtendo de seu divino Filho para vós preciosíssimas graças impetradas pela sua mediação.
O culto que lhe prestais é muito justo, santo e salutar, pois Maria é Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, e, honrando a Mãe, simultaneamente honrais ao Filho, ou, melhor, tanto maior é a honra que ao Filho tributais, quanto maior a que prestais à sua divina Mãe. Não há negar nem duvidar sequer: respeita o Rei quem por amor do Rei venera também a Rainha Mãe. Assim procedemos nós, católicos: tão ardentemente amam os a Jesus, que, por amor de Jesus, amam os também, e muito, sua Mãe Santíssima. Requer, porventura, maiores esclarecimentos verdade de si tão evidente?
E, contudo, esses ardilosos desencaminhadores vedam semelhante culto. Estultos e ímpios, falsamente propalam que, honrando a Maria, a Jesus se ofende, quando a verdade é que se lhe
tributa assim mais subida honra. Armando mentiras tão soezes, miram simplesmente a destruir a
confiança que na Virgem Santíssima depositais, e extinguir nos vossos corações a devoção que lhe consagrais, privando-vos da sua maternal e eficacíssima proteção. Destarte, quando vos oprimem os vossos pecados e vos fazem perder o ânimo, já não tereis o seu forte amparo, e faltar-vos-á junto do seu divino Filho o seu poderoso valimento para impetrar em vosso benefício o favor da reconciliação. Mais: baldam-vos a segura assistência de toda a vossa família, arredando do vosso lar a invisível carinhosa Mãe, que solícita protege vossos filhos e amorosamente os guarda.
Quantas pernícies assinalam por toda a parte a passagem destes pérfidos!
Muitos favores recebemos nós também da mediação dos santos, nossos protetores. Além dos exemplos sublimes de virtude que nos deixaram em sua terrestre jornada, agora, que estão no
Céu, por nós intercedem e muito especialmente por aqueles que os veneram e ao seu amparo se recomendam.
Tudo isto rejeitam os protestantes, afirmando, com raro desplante, que a veneração dos santos é uma injustiça contra Jesus Cristo. Poder-se-á imaginar maior dislate? Acaso ofende ao rei quem lhe faz apresentar uma súplica por intermédio de um príncipe da côrte e seu amigo intimo? Como se pode, pois, pretender que ofendem a Jesus os católicos, quando recorrem ao seu trono, valendo-se dos santos? Os assinalados favores obtidos mediante a intercessão da Virgem e dos santos sobejamente provam que Deus autoriza e confirma o culto que lhes tributamos.
Mas onde e quando se deterá a insana arremetida do protestantismo iconoclasta?
Despojam estes corsários as suas vítimas, durante a vida. lnsaciáveis, porém, na sua fúria devastadora, tentam roubar-lhes também a assistência, os auxilias que teriam, depois da morte,
recebido.
Efetivamente, depois de aos seus filhos ter, em vida, solicitamente acudido a santa Igreja com os sacramentos e orações, com a intercessão valiosa de Maria e dos santos e com mil outros salutares recursos de que dispõe, não os esquece depois da morte. Socorre-os com suas preces quotidianas, seus sacrifícios, suas indulgências, quando detidos, no Purgatório, pela Justiça divina.
Pois até estes auxílios póstumos pretendem arrebatar-lhes. Negando o valor dos sufrágios, das esmolas, das indulgências pelos defuntos, blasfemando contra a existência do Purgatório, sem mais formalidades, acintemente vos proíbem orar pela alma de vosso pai, de vossa mãe, de vosso marido, de vossa esposa, de vossos filhos, parentes e amigos, e cruelmente escarnecem da vossa piedade para com os mais queridos entes que a morte ceifou. Tão desumano é o protestantismo, que até contra os mortos se enfurece!
Se houver, pois, alguém que tenha ânimo de desprezar os sacramentos, de renunciar à proteção materna de Maria, ao poderoso valimento dos Santos, às orações da Igreja e aos sufrágios que lhe aplicaria depois da morte, não hesite um só momento em dar o passo fatal: renegue a Fé católica, e desça ao protestantismo, que à Fé católica maior honra lhe advirá da apostasia de tal
monstro, por todos os títulos indigno de permanecer no seu grêmio.
A apostasia da Fé não é somente uma ruína imensa para a alma que ousa perpetrá-la; é, além disso, o maior pecado que possa um cristão cometer, porquanto, abandonando a Igreja católica, ingratíssimo se mostra para com Deus, gravissimamente insulta a Nosso Senhor e vilipendia sobremaneira a mesma Igreja.
Primeiro, o apóstata converte-se em réu da mais negra ingratidão. Efetivamente, que direito tínhamos nós de nascer no regaço da santa Igreja católica, e não no meio de pagãos ou idólatras? Se no paganismo ou na idolatria tivéssemos nascido, seria nosso quinhão uma vida lastimável, que se acabaria num lancinante desespero… Que direitos nos assistiam de receber a graça do batismo e tantas outras subsequentes, com que Deus até hoje nos tem favorecido por intermédio da sua Igreja? E se ofender um benfeitor é, no conceito de todos, uma vil ingratidão, que se deve então pensar do apóstata que despreza o seu maior benfeitor, que é Deus, e vitupera o benefício recebido, a ponto de o julgar um malefício?
Monstruosa, devéras, a ingratidão do apóstata!
Esse horrendo pecado de apostasia é ainda um gravíssimo insulto a Nosso Senhor Jesus Cristo, que aos católicos dispensa continuamente os mais suaves carinhos. Os que nasceram no protestantismo e, sem própria culpa, nele vivem, ignoram a verdade e, de algum modo, podem ter amor a Nosso Senhor; mas o transfuga do catolicismo totalmente renega a Jesus Cristo, e já o
não pode amar. Sabe, porque lho diz a Fé, que a Igreja católica é a Esposa de Jesus Cristo; conculcando, pois, a Esposa, não pode ignorar que imensamente agrava ao Esposo divino.
O abominável pecado da apostasia é também um vilipêndio atroz irrogado à santa Igreja. Sabe
o católico que Jesus Cristo entesourou na sua Igreja todos os bens espirituais dos seus fiéis, entendendo sempre fôsse nossa Mãe e nossa Mestra. Ora, quem dela se aparta, para ingressar no protestantismo, renuncia a todas as ternuras e carícias desta Mãe, a todas as santas instruções desta Mestra, entristecendo-a sobremodo e cruelmente a desonrando perante os seus inimigos, que escarnecem do seu opróbrio.
Cabe referir aqui o que a tal respeito deixou escrito notável autor. Longa é a citação, mas oportuna e proveitosa, para desiludir os míseros transviados e confirmar na Fé os que titubeiam e
oscilam, prestes a cair na voragem fatal da heresia:
Se eu tivesse diante de mim um católico infeliz que, no seu íntimo, já estivesse decidido a passar ao protestantismo, sabeis o que faria? O que fez Agripina com seu filho, o imperador Nero. Costumava este aventurar no jogo importâncias enormes, que perdia e mandava pagar depois, sem verificar sequer a quanto montavam os prejuízos. Para lhe abrir os olhos, fez-lhe a mãe encontrar, um dia, sobre uma mesa, um montão de moedas, e ordenou-lhe que as contasse. Obedeceu o filho, e verificou então o perdulário quão elevada era a soma de dinheiro que loucamente perdera.
O mesmo quisera eu fazer com o infeliz que está resolvido a barganhar a Fé. Com que, dir-lhe-ia, queres então fazer-te protestante? Toma, pois, a pena e escreve tudo o a que vais renunciar. Renuncia à Fé que infundida te foi no santo Batismo, àquela mesma Fé que Jesus Cristo te comunicou, quando te revestiu da nívea estola da inocência. Escreve: “Renuncio”.
Renuncia ao sacramento da Penitência. Nunca mais patentearás o teu coração ao do sacerdote, teu pai espiritual. Nunca mais ouvirás aquela palavra de justificação que proferem os seus lábios, em nome do eterno Juiz, Nosso Senhor Jesus Cristo: “Vai, que estás perdoado”.
Renuncia à sagrada mesa da Eucaristia. Jamais nunca, nem sequer na hora da morte, receberás a santa Comunhão. Nunca mais te fartará com seu divino Corpo e com o seu Sangue preciosíssimo o Bom Pastor das almas. Nunca mais sentirás palpitar no teu coração o Coração amantíssimo de Jesus Cristo. Escreve: “Renuncio”.
Renuncia à proteção de tua divina Mãe, Maria Santíssima, Senhora Nossa, que, desde o berço, amaste e invocaste. Até este dia sinistro, permaneceste sob o seu materno amparo. A ela renuncia agora, e dize-lhe que já te não importa o seu carinho, já não queres, doravante, considerá-la tua Mãe. Escreve, sem que trema a tua mão, sim, escreve que renuncias a Maria e que, até o extremo alento, jamais a invocarás.
Renuncia aos santos, teus protetores: ao santo padroeiro da tua freguesia, ao santo patrono da tua família, ao teu Anjo da guarda, e dize-lhes que desdenhas a sua proteção, que já não precisas dela. Escreve: “Renuncio”.
Renuncia também a teus pais, a teus avós, a todos os teus parentes, porquanto já não queres com eles comungar na mesma Fé. A tu a religião – falsa – já não será a religião delles – verdadeira. – Zombarás do que veneram, e eles terão horror de ti, por causa da tua nova religião, ou, antes, da tua apostasia.
Renuncia a todas as doçuras dos afetos domésticas, visto não poderem esses devéras existir entre pessoas cuja união é de todo impossível na mesma feliz eternidade. Escreve: “Renuncio”.
Renuncia a todos os auxílios que terias o direito e a esperança de receber na hora da tua morte: ao sacramento da Extrema-Unção, porque este se não administra aos protestantes; à bênção especial reservada para os membros das confrarias da Boa-Morte, da Virgem do Rosário e do Carmo, porque dessas nenhum caso fazem os protestantes.
Renuncia aos sufrágios que a santa Igreja aplica aos defuntos, pois nestes sufrágios não crêem os protestantes.
Renuncia à sepultura católica talvez concedida a teu pai, a tua mãe e a todos os teus parentes já falecidos, porque são indignos dela os sequazes de Luthero e de Calvino.
Como? Tremes ao proferir estas renúncias? Pois sabe que outras maiores ainda te restam por fazer.
Ânimo! Renuncia a Deus Padre, porquanto é doutrina certa que não tem a Deus como Pai quem não tem por Mãe a Igreja, que rejeitas. Deus, portanto, já não será teu Pai, e tu serás, sim, criatura sua, servo seu; filho, porém, nunca mais.
Renuncia a Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus Padre, porque Jesus Cristo, Fundador da Igreja, não reconhece como seu membro quem à sua Igreja não pertence, e com te separar da Igreja também de Jesus Cristo te apartas.
Renuncia ao Espírito Santo, que te santificou outrora , mas contristado atualmente e rejeitado pela tua apostasia, já não quer saber de ti, visto não ter ele parte alguma com quem não é servo de Nosso Senhor.
Renuncia, pois, à Santíssima Trindade, na qual muitos protestantes não acreditam, e, por consequência, renuncia também à Encarnação, porque sem aquela esta não é possível.
Rejeitados, portanto, todos os mistérios, abjuradas todas as verdades a que até hoje aderiste,
eis o que terás de admitir: ouvirás todas as contradições que te inculcam os teus ineptos mestres, e serás forçado a aceitá-las como se foram incontestáveis verdades. Mudarás de credo cada vinte e quatro horas, por isso que nenhuma seita protestante há permanecido largo tempo na mesma crença.
Em vez de à augusta doutrina católica, em lugar de ao Sumo Pontífice e aos Bispos, disseminados pelo orbe, obedecerás a um alfaiate, a um pedreiro, a um barbeiro, seguirás a tua própria opinião; e, em troca de trezentos milhões de católicos, serão teus irmãos um pugilo de hereges que mutuamente se digladiam, tateando sempre no vácuo sem jamais atingir o conhecimento da
verdade. Para sustentar a tua fé, já não haverá o inteligente magistério dos sagrados Pastores, sob a vigilância dos Bispos em comunhão com a cátedra de São Pedro, a qual não deslizou nunca, nem jamais deslizará, em erro nenhum. Toda a tua segurança consistirá numa Bíblia interpolada – que não entendes nem podes entender – a qual te puseram nas mãos indivíduos desconhecidos, e cuja autoridade outra não é senão a que a si mesmos se arrogaram. Essa Bíblia, interpretá-la-ás conforme o teu capricho, capricho esse a que estupidamente chamarás “inspiração do Espírito Santo”.
Conforto da tua esperança não serão as promessas feitas por Jesus à sua Igreja, porque teima o protestante em julgá-la caída no erro; não serão as boas obras, porque opina o protestante que tais obras não são meritórias; não serão os auxílios divinos, porque, com Calvino, crê a maioria dos protestantes que Deus, a cada um de nós, de antemão, decretou, sem mais nem menos, o Céu ou o inferno. Teu conforto será a fementida de um sacrílego, assegurando-te, sobre a sua palavra, que só com a fé te salvarás.
A caridade, não terás de alimentá-la, porque já não a possuirás no teu coração. Ao amor de Jesus substituirás, pelo contrário, um pouco de “humanitarismo”; e aos seus puros ardores e castas chamas, um frio sentimento de “probidade”.
A verdade é que, em tudo isso, serás condenado pela tua própria razão – a qual mil vezes te há de exprobrar as contradições que te torturam – e pelo bom senso natural, que te lançará em rosto o absurdo cometido, quando te fiaste no teu juízo próprio, de preferência ao juízo de toda a Igreja católica.
A verdade é que serás condenado por trezentos milhões de católicos, esparsos por todo o mundo, e por cem passadas gerações, cujos homens de talento e de bem aderiram, todos, à Fé que tu queres agora abandonar.
A verdade é que serás dilacerado pela tua própria consciência, que te increpará constantemente o teu desmando por teres ousado separar-te do teu Deus e de tua Mãe – a Igreja.
A verdade é que andas preparando para ti mesmo uma morte agoniada de remorsos, amarguras e desespero. Encontrarás, porém, mui larga compensação no teres vivido algum tempo sem as exigências da Igreja, dos sacramentos, dos jejuns, das abstinências, do culto católico, entregue unicamente às tuas paixões e aos teus caprichos…
Se esta compensação te basta, e te sorri tal proposta, aceita-a, atira-te aos braços do protestantismo, e ousadamente renega a Fé que te foi infundida no Batismo; a Fé que te alegrou a infância; a Fé que piedosamente enxugou as lágrimas de teu pai e de tua mãe; e faze-te protestante de vez, isto é, divorciado de qualquer religião, pois o católico que se bandeia para o protestantismo já não pratica religião nenhuma.
A Igreja, tua desvelada Mãe, chorará lágrimas de sangue sobre a tua ruína, mas Jesus, seu divino Esposo, lhe estancará o amaro pranto, concedendo o lugar que desertaste a algum pobre selvagem das nossas florestas ou de qualquer recanto do mundo, enquanto descerás tu o teu caminho e levarás a termo a tua condenação.
Se, ao revés, te sentes tomado de pavor ante a proposta que te venho de fazer; se o amor a Jesus Cristo, teu Pai; se a devoção a Maria, tua Mãe; se o respeito aos teus parentes, aos teus antepassados; se as lágrimas da Igreja; se o cuidado da tua salvação; se o temor de uma eternidade infeliz; se tudo isso tem algum poder sobre ti, ergue-te então sobre ti mesmo, arranca-te das garras aduncas dos disseminadores da iniquidade, que te cercam, e dize-lhes, uma vez por todas, que nasceste católico e que te arrancarão antes do peito o coração do que do coração a Fé. (1)
A Propaganda Protestante e os Deveres dos Católicos, Carta pastoral, Dom Fernando Taddei da Congregação da Missão, 1929.
1) P. Secondo Franco, Errori Protestanti, parte 3.8, cap. 4.
Última atualização do artigo em 7 de abril de 2025 por Arsenal Católico