É uma virtude que pertence à virtude cardial da temperança e tem por fim moderar as nossas loucas aspirações de grandezas.
Humildade vem de humus: terra. Humildade quer dizer: o que está abatido até a terra. A virtude da humildade modera, regula as tendências da alma que deseja se elevar acima dos limites traçados pela razão e pela graça.
É um conhecimento de si mesmo sem as ilusões do amor próprio. Uma luz que faz o homem se conhecer e conhecer melhor a Deus.
É o desprezo de si até o amor de Deus, como o orgulho é o amor de si mesmo até o desprezo de Deus no expressivo dizer de Santo Agostinho (1).
Enfim “a humildade é a verdade” diz Santa Teresa. É um ato da inteligência e da vontade. A inteligência que conhece a sua miséria e pequenez e reconhece a grandeza de Deus. A vontade que se abate e se humilha, enfim.
Pode-se então definir a humildade: Uma virtude sobrenatural que, pelo conhecimento que nos dá de nós mesmos, nos inclina a nos estimarmos em nosso justo valor, e a buscarmos o abatimento e o desprezo. (2)
Noverim me, noverim Te!, diz Santo Agostinho: que eu me conheça, ó Senhor, e que eu Vos conheça!
Noverim me ut despiciam me! Que eu me conheça para que me despreze!
Noverim Te ut amem Te! Que eu Vos conheça, para que Vos ame!
Eis aí a humildade.
É, sim, a verdade pura. Para ser humilde basta, pois, ser verdadeiro. Reconhecer e confessar nossas misérias, nosso nada. E, mais ainda, aceitar esta condição miserável, eis ai a dupla humildade de espírito e de coração.
Quando a alma esclarecida sobre a sua condição, se vê bem pequenina e pobre, então, pode dizer ao Senhor:
– Nada sou, nada tenho, nada posso. Só tenho de próprio a miséria e o pecado, o nada. Na ordem natural e sobrenatural nada tenho e tudo recebi de Vós.
Quando de coração se chegou a reconhecer e viver praticamente de acordo com estes sentimentos, eis a humildade.
A humildade, Mons. Ascânio Brandão, 1941.
- De civitate Dei, L. XIV, cap. 28.
- Tanquerey, Ascética e mística, II part, cap II.