Santa Escolástica († 543)
Escolástica, irmã de São Bento, grande fundador das ordens monásticas no Ocidente, nasceu em Spoleto na Itália e teve, como seu irmão, uma educação primorosa, herança preciosíssima de seus pais piedosos e tementes a Deus. Modelo de donzela cristã, Escolástica era piedosa, virtuosa, cultivadora da oração, temente a Deus e inimiga do espírito do mundo e de suas vaidades.
Igual ao irmão, nutria o desejo de dedicar sua vida exclusivamente ao serviço de Deus. S. Bento tinha fundado o mosteiro no monte Cassino e em sua companhia viviam já muitos religiosos, que observavam a regra que Bento lhes dera. A ele se dirigiu Escolástica, com o pedido de lhe indicar o caminho a tomar para realizar seu plano. S. Bento mandou construir uma pequena cela perto do mosteiro e deu-lhe uma norma de vida em seus traços principais igual à dos monges. À eremita associou-se, pouco a pouco, muitas pessoas do seu sexo, e a construção dum grande convento impôs-se como necessária. É esta a história da fundação da Ordem das Beneditinas, que teve uma aceitação tão simpática em todo o mundo, chegando a contar 14.000 mosteiros. Escolástica foi a primeira Superiora geral. Nesta qualidade não so trabalhou para a sua santificação, mas zelou também pela fiel observação da regra em todos os mosteiros.
Os conventos da sua Ordem observavam rigorosamente a clausura, sendo proibida a entrada a homens. Só uma vez no ano visitava seu irmão. O lugar onde realizavam seu encontro era em uma casa nas proximidades do monte Cassino, em companhia de alguns religiosos.
Em uma destas visitas, quando tinham já tomado a refeição da tarde, e S. Bento se aprontava para voltar a seu mosteiro, Escolástica disse-lhe: “Peço -te, meu irmão, que te detenhas esta noite aqui, para que possamos conversar sobre as coisas celestes.” S. Bento, não querendo passar a noite fora do mosteiro, não a quis atender. Escolástica pôs as mãos sobre a mesa, inclinou a cabeça sobre elas e nesta posição pediu a Deus que lhe proporcionasse o consolo de conversas sobre coisas religiosas com seu irmão até o dia seguinte.
Eis que inesperadamente enuviou-se o céu, desabou forte tempestade, e a chuva caiu em tanta quantidade, que São Bento e seus companheiros se viram obrigados a ficar. Embora o Santo reconhecesse a intervenção de Deus no efeito da oração de sua Irmã, em tom de repreensão, disse-lhe: “Deus te perdoe, minha irmã, o que fizeste”. Escolástica, porém, respondeu: “Eu te pedi, e não quiseste atender-me; dirigi-me a Deus e fui ouvida”. Tendo ambos passado a noite toda em piedosos colóquios, no dia seguinte se separaram e – para sempre. Três dias depois Escolástica trocou está pátria provisória com a eterna, entregando sua alma a Deus. S. Bento viu a alma de sua irmã qual uma pomba subir, ao céu. O corpo de Escolástica foi transportado para o mosteiro de S. Bento e sepultado no túmulo que o santo abade tinha mandado preparar para si. Escolástica morreu em 543, tendo a idade de 60 anos. No século sétimo suas relíquias com as de seu santo irmão foram levadas para Mans na França. Uma donzela que tinha morrido naquela ocasião, voltou à vida quando se lhe impuseram as relíquias da Santa.
Terminemos os traços biográficos de Santa Escolástica com a referência duma prática por ela usada, quando se achava em grandes tribulações: era fixar seu olhar no Crucifixo. Este olhar trazia-lhe consolo e coragem para vencer todas as dificuldades. “Um único olhar sobre a imagem do Crucificado – confessou ela mesma – tira de mim toda a aflição e suaviza o meu sofrimento.”
REFLEXÕES
1- Um olhar para Jesus Crucificado dava a Escolástica coragem e ânimo nas adversidades. Recorre também a Nosso Senhor e verás, como a lembrança da sua Sagrada Paixão e morte te confortará nos teus sofrimentos e te dará força para levar a cruz com resignação e conformidade com a vontade de Deus.
2. Santa Escolástica amava a solidão e fugia da companhia de pessoas seculares. Causava-lhe prazer entreter conversas de fundo religioso. Se amasses também a solidão; se tivesses mais amor ao silêncio, não perderias tanto tempo com visitas inúteis, que, além de serem inúteis, muitas vezes são causa de muitos pecados contra a caridade. “Muita conversa raras vezes é feita sem que se peque. (Prov. 10. 19). Procura mais a Deus no silêncio e na oração e mais paz terás em tua alma.
Na Luz Perpétua, Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus para todos dos dias do ano, apresentadas ao povo cristão por João Batista Lehmann, Sacerdote da Congregação do Verbo Divino, Volume I, 1928.
Última atualização do artigo em 1 de março de 2025 por Arsenal Católico