Ó Espírito Santo, revelai-me a Vossa ação na minha alma, ensinai-me a reconhecê-la e a secundá-la.
1 – Como o Espírito Santo estava na alma santíssima de Cristo para a levar para Deus, assim está também nas nossas almas; mas se em Jesus encontrava uma vontade totalmente dócil que podia dominar à Sua vontade, em nós encontra muitas vezes uma vontade rebelde que Lhe opõe resistência. Ele, então, detém-Se, porque não quer violentar a nossa liberdade. Espírito de Amor, espera que correspondamos por amor à Sua obra, que por amor e livremente abramos a alma à Sua obra, que por amor e livremente abramos a alma à Sua ação santificadora. Para sermos santos, temos de colaborar com a obra do Espírito Santo, mas como não se pode prestar uma colaboração eficaz, se não se conhece o modo de agir do promotor da obra, é necessário saber como o divino Paráclito, promotor da nossa santificação, age em nós.
É importante saber que o Espírito Santo trabalha sempre nas nossas almas, mesmo nas primeiras etapas da vida espiritual, desde o seu início, ainda que então o faça de um modo mias escondido, e por isso menos conhecido. mas a Sua ação existe, é preciosíssima, e consiste sobretudo em preparar e secundar as nossas iniciativas para a aquisição da perfeição. A primeira obra que Ele realiza em nós é a de nos elevar ao estado sobrenatural, comunicando-nos a graça, sem a qual não podemos fazer nada para chegar à santificação. A graça vem-nos de Deus, toda a Santíssima Trindade no-la dá, mas como ao Pai se atribui particularmente a sua criação, como o Filho, com a Sua Incarnação, Paixão e Morte no-la mereceu, assim o Espírito Santo a difunde nas nossas almas. Com efeito a Ele, ao espírito de amor, é atribuída, de modo especial, a obra da nossa santificação. Quando recebemos o batismo, fomos justificados “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Todavia, a Sagrada Escritura atribui esta obra de regeneração e de filiação divina, de modo particular, ao Espírito Santo; o próprio Jesus nos apresentou o batismo como um renascimento “pelo Espírito Santo” (Jo. 3, 5), e S. Paulo afirma: “Todos fomos batizados num único Espírito” e “o mesmo Espírito atesta ao nosso espírito que somos filhos de Deus” (cfr. I Cor, 12, 13; Rom. 8, 16). Foi pois o Espírito Santo que preparou e dispôs as nossas almas para a vida sobrenatural, infundindo em nós, a graça.
2 – Para nos tornar capazes de realizar ações sobrenaturais, o Espírito Santo, vindo à nossa alma, revestiu as potências – inteligência e vontade – com as virtudes infusas. Antes de tudo, Ele infunde em nós a caridade, e com a caridade, as outras virtudes teologais: a fé e a esperança; infunde também em nós as virtudes morais. Assim, pela Sua intervenção, tornamo-nos capazes de operar sobrenaturalmente. Mas a ação do Espírito Santo não se limita a isto. Como bom Mestre, continua a assistir-nos nas nossas ações, solicitando-nos para o bem e sustentando-nos nos nossos esforços. Convida-nos principalmente para o bem com as inspirações interiores e também mediante meios externos, particularmente a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja. A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus escrita pelos homens, sob a moção do Espírito Santo. Na Sagrada Escritura é, portanto, o divino Paráclito que nos fala, iluminando com a Sua luz a nossa inteligência, impelindo, com o Seu impulso, a nossa vontade; por isso, meditar nos sagrados textos é um pouco como que “ir à escola” do Espírito Santo. Além disso, o Espírito Santo continua a instruir-nos, a estimular-nos para o bem por meio da palavra viva da Igreja, pois que todos aqueles que têm na Igreja uma missão de ensino, enquanto expõem aos fiéis as sagradas doutrinas, estão sob o Seu influxo. Se aceitamos as inspirações do Espírito Santo, se, em face do Seu convite, nos decidimos a agir, Ele acompanha-nos e assiste-nos com a graça atual, a fim de que possamos levar a bom termo a obra virtuosa. É evidente que também quando a vida espiritual está ainda no início e se concentra na correção de defeitos e na aquisição de virtudes, a atividade da alma é inteiramente penetrada e sustentada pela ação do Espírito Santo. Pensamos muito pouco nesta verdade e por isso na prática, temos em pouca conta a obra contínua do Espírito Santo nas nossas almas. É preciso pensar nela para não deixar passar em vão as Suas inspirações e os Seus impulsos. “Pela graça de Deus sou o que sou”, dizia S. Paulo, mas podia acrescentar: “A Sua graça, que está em mim, não foi vã” (Cor. 15, 10).
Colóquio – “Ó Espírito Santo, Hóspede divino das nossas almas, Vós sois o Hóspede mais nobre e mais digno de todos os outros hóspedes! Com a agilidade da Vossa bondade e do Vosso amor para conosco, ides rapidamente a todas as almas dispostas a receber-Vos. E quem poderá dizer os efeitos maravilhosos que produzis onde fordes recebido? Vós falais sem dizer nada e o Vosso sublime silêncio ouve-se em toda a parte. Estais sempre imóvel e sempre em movimento, e na Vossa móvel imobilidade, comunicais-Vos a todos. Estais sempre em repouso e todavia sempre em ação operante; no Vosso repouso operais as maiores, as mais dignas e as mais admiráveis obras. Estais sempre a caminho, sem no entanto mudardes de lugar; penetrais em toda a parte, confirmais, conservais e, ao mesmo tempo, destruís tudo. A vossa ciência imensa e penetrante conhece tudo, entende tudo, penetra tudo. Sem escutar nada, ouvis a mínima palavra dita no mais íntimo dos corações.
“Ó Espírito Santo, Vós permaneceis em toda a parte donde não sois expulso, porque Vos comunicais a todos, exceto aos pecadores que não querem sair da lama do pecado, já que neles não encontrais onde repousar nem podeis suportar o cheiro pestilento que sai dos corações que desejam obstinadamente perseverar no mal. Mas repousais nas criaturas que, pela sua pureza, se tornam aptas a receber a comunicação dos Vosso dons. E repousais em mim, por comunicação, operação, sapiência, potência, liberalidade, benignidade, caridade, amor, pureza, em suma, pela Vossa própria bondade; e ao infundirdes estas graças na Vossa criatura, Vós mesmo a tornais apta a receber-Vos” (Sta M. Madalena de Pazzi).
Intimidade Divina, Meditações Sobre a Vida Interior Para Todos os Dias do Ano, P. Gabriel de Sta M. Madalena O.C.D. 1952.