Não tenhas vergonha de confessar os teus pecados. (Ecl. IV, 31.)
Poderá alguém dizer: mas é tão duro declarar os pecados ao sacerdote!
Eu sei que é preciso confessá-los, porque vós, Senhor, constituístes o sacerdote juiz, em vosso lugar. E como há de ele julgar, se o pecador não lhe manifestar os pecados que cometeu por pensamentos, palavras e obras? Mas ai! Todo o meu ser, cobrindo-se de confusão e vergonha, está protestando contra semelhante humilhação.
Jovem cristã! Nesse mesmo horror e dificuldade tens o princípio da satisfação, que deves a Deus. Esse sentimento de vergonha, que não teve a força de te retrair do pecado, é falso e descabido, agora que tens de satisfazer pela culpa. Não vês, que é uma tentação do demônio, o eterno enganador?
Quando te induzia a pecar, tranquilizava-te com o pensamento de que não era uma ação má; agora, que queres praticar uma obra boa, fazendo um ato de honrosa reparação, procura aterrorizar-se. Repelo pois, a tentação, humilha-te e aceita a confusão e vergonha que sentes, em expiação dos teus pecados.
Mas, que pensará de mim o sacerdote? E não vês que em virtude do seu ministério, conhece todas as misérias da natureza humana? Não sabe ele porventura quão variadas são as tentações a que estão expostos os homens? Entre todos os pecados que vais confessar, não há um só, em que ele não pudesse cair, se Deus o não tivesse da sua mão. Então, porque temes? Crê-me: a tua confissão longe de lhe causar espanto, indignação ou desprezo, só lhe inspirará uma profunda compaixão; só excitará nele um apreço por ti tanto maior, quanto maior for a sinceridade com que te acusares.
Logo que a tua confissão tiver caído no coração do sacerdote, ali ficará eternamente sepultada. E não será isto melhor, do que sentires-te penetrada de horror e vergonha, no dia do Juízo Universal, diante dos anjos e dos homens?
Aproxima-te pois, resoluta do tribunal da penitência, e confessa com sinceridade, humildade e simplicidade todos os teus pecados de pensamento, desejo, ação e omissão. Considera que o olhar de Deus perscruta até ao mais recôndito do teu coração, e que é impossível enganá-lo.
A Virgem Prudente, Pensamentos e Conselhos acomodados às Jovens Cristãs, por A. De Doss, S.J. versão de A. Cardoso, 1933.
Última atualização do artigo em 12 de dezembro de 2024 por Arsenal Católico