Se Jesus Cristo morreu paro salvar todo os homens, como explicar o fato que grande número de homens rejeita os frutos da Redenção, e qual o meio mais eficaz para remediar esse mal?
Já mais de uma vez explicamos que devemos admitir como doutrina certa que Cristo morreu para salvar todos os homens, conforme a palavra de São Paulo:
“Deus não poupou seu próprio Filho, mas por todos o entregou à morte”. E o próprio Cristo disse:
“Serei levantado (na cruz) afim de que todo o que crê n’Ele, tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele”. Esta verdade é repetida em muitos outros lugares da Sagrada Escritura.
De outro lado, é certo também que os merecimentos de Cristo têm um valor infinito, porque foi o Filho de Deus que morreu na cruz pelo mundo. Sua morte, sendo a morte dum Deus, tem um valor divino, um valor infinito, e portanto, mais que suficiente para salvar todo o gênero humano. “Onde abundou o pecado, escreve São paulo, superabundou a graça de Cristo”.
Infelizmente grande parte da humanidade, mesmo daqueles que são filhos da Igreja de Cristo, rejeitam os frutos da paixão e morte de Cristo, a ponto de parecer ridicularizarem tanta bondade e amor do Redentor. Como explicar este fato desconsolador? Deus chama todo o homem para a felicidade do céu, e a todo o homem oferece a graça necessária e suficiente para se salvar. Deus, porém, quer que o homem procure sua salvação livremente, e livremente se sirva da graça e dos meios para se salvar. É, por isso que Deus nos deu uma vontade que não somente é livre na escolha do bem, mas que pode também rejeitar o bem e abraçar o mal. Abusando desta liberdade, o homem se perde por própria culpa.
Como remediar esse abuso? Em primeiro lugar pela oração. Escreve São Paulo a seu discípulo Timóteo: “Recomendo-te, antes de tudo, que se façam súplicas, orações, petições por todos os homens, pelos reis e por todos que estão constituídos em dignidade, porque Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade”. pelo mesmo fim, a Igreja manda celebrar o Santo Sacrifício da Missa. Além disto, os livros litúrgicos estão repletos de orações pela conversão do mundo; e, na sexta feira santa a Igreja faz orações públicas pelo povo cristão, pelos hereges, cismáticos, pagãos e judeus para que Deus lhes conceda a graça de se converterem e se salvarem para a vida eterna. Quem não sabe que Santo Agostinho deve sua conversão às orações e lágrimas de sua mãe? E quem poderá enumerar os pecadores, os hereges, pagãos e judeus que devem sua salvação às preces de pessoas piedosas que não os conheciam?
Às nossa orações podemos unir nossas comunhões. penitências, sacrifícios e mortificações, que comovem o coração de Deus, para obtermos graças abundantes para os que vivem afastados do caminho do céu. Afinal, é o apostolado leigo sob mil formas, e de modo especial a Ação Católica, a arma poderosa com que os católicos podem estender o reino de Cristo aos confins da terra; a Boa Imprensa que espalha a semente da verdade por toda a parte. Se todos os verdadeiros servos de Deus se servissem destes meios de apostolado, quantas almas seriam salvas para cantarem eternamente a misericórdia de Deus!
Pe Guilherme Peters, C.S.S.R. no livro Arsenal Católico, 1944.
Última atualização do artigo em 20 de dezembro de 2024 por Arsenal Católico