A Paixão do Senhor: Jorrou Sangue e Água

A Paixão do Senhor: Jorrou Sangue e Água - Está consumado
A Paixão do Senhor: Está consumado (Consummatum Est) - James Tissot - Domínio Público - Wikimedia

Ao tirar a lança, jorrou sangue e água. É interminável a generosidade de Deus, quando parecia que tinha dado tudo, pois deu a vida, abriu a porta de seu coração e deu a água da viva eterna.

Segundo a tradição, o soldado se chamava: Longino. Ficou admirado quando saiu sangue e água; viu e acreditou, compreendeu quem era aquele que traspassou.

João, já idade avançada, continuava maravilhado com o mistério: Quem é o vencedor do mundo senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? Ei-lo, Jesus Cristo, aquele que veio pela água e pelo sangue; não só pela água, mas pela água e pelo sangue. E o Espírito é quem dá testemunho dele, porque o Espírito é a verdade (1Jo 5, 5-6).

Para vencer o mundo precisamos acreditar no que Jesus ensinou : a pobreza, a humildade, a esperança. Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo (Jo 1 5, 12). Vence o mundo quem segue o exemplo de Jesus, crê na sua doutrina e a põe em prática, mortifica-se para alcançar o perdão, abre-se a sua graça e luta com amor e serenidade, participa dos seus méritos e busca a vida eterna.

João Batista batizava com água; mas o batismo de Cristo lava os pecados. Na noite de quinta-feira, tomou um cálice de vinho com água; no horto suou gotas de sangue; do seu lado aberto jorrou sangue e água. Verdadeiramente é assim, pois não veio somente na água, mas em sangue e água.

Esses, que estão revestidos de vestes brancas, quem são e de onde vêm? Respondi-lhe: Meu Senhor, tu o sabes. E ele me disse: Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram as suas vestes e a alvejaram no sangue do Cordeiro (Ap 7, 13-14).

As roupas deveriam ficar vermelhas, mas o sangue do Cordeiro lava os pecados com se fosse água, como um batismo.

É o Espírito que atesta que Cristo é a verdade, porque o Espírito é a verdade e não diz senão a verdade. Com este precioso sangue somos salvos e lavados em água. Não há nada mais limpo que o sangue e água, com o qual, por virtude do Espírito, somos lavados e purificados.

Pois se o sangue de carneiros e de touros e a cinza de uma vaca, com que se aspergem os impuros, santificam e purificam pelo menos os corpos, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu como vítima sem mácula a Deus (Hb 9, 13-14).

Da mesma forma a água não tem o poder de lavar e salvar, se não for pela força do Espírito Santo. Quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus (Jo 3, 5).

Assim foi gerado o novo povo de Deus: com água, sangue e a força do Espírito. Desta forma foi estabelecida a Nova e Eterna Aliança entre Deus e os homens.

Na lei antiga, Moisés tomou o sangue para aspergir com ele o povo: Eis, disse ele, o sangue da aliança que o Senhor fez convosco, conforme tudo o que foi dito (Ex 24, 8). Depois da morte de Jesus Cristo, o Espírito Santo deu testemunho de que em Cristo se cumpria as figuras antigas, de que Cristo é a Verdade e a Nova Aliança.

Os mandamentos antigos eram duros, as promessas temporais, o sangue era de animais. Mas no tempo da graça, os mandamentos são de amor, a promessa é a vida eterna e o sangue é de Jesus Cristo.

Moisés leu o livro diante do povo todo e depois os aspergiu. Na Nova Aliança, Cristo pregado na cruz era o livro aberto, com seu sangue lavou os pecados de seu povo.

Com sua morte ficou firmada para sempre a Nova Aliança. Todos foram chamados a lavar-se no sangue do Cordeiro, a participar dos bens do Corpo Místico: os Sacramentos da Igreja.

Somente pelo sangue de Cristo se alcança a vida eterna. São Pedro escreve: os eleitos segundo a presciência de Deus Pai, e santificados pelo Espírito, para obedecer a Jesus Cristo e recebera sua parte da aspersão do seu sangue (1 Pd 1, 2).

A Trindade confirma que Jesus é verdadeiro homem e Deus Verdadeiro. O Pai, no monte Tabor e no rio Jordão, disse: Eis meu Filho muito amado (Mt 3, 17). O Verbo revelando a si mesmo: Eu e o Pai somos um (Jo 10, 30). O Espírito Santo desce em forma de pomba sobre ele (Me 1, 10).

Na terra também há três confirmações da divindade de Cristo: o Espírito, a água e o sangue, os três dão o mesmo testemunho (lJo 5, 8). O Espírito expirou na cruz, o sangue e a água que seu corpo derramou. E todos os testemunhos são um, porque Jesus é Deus. Lava-nos com a água do seu Batismo, alimenta-nos com o Sacramento do seu corpo e sangue e fortalece-nos com o amor do Espírito Santo.

Os corpos dos animais, oferecidos em sacrifício, eram queimados fora do acampamento, por esta razão, Jesus, querendo purificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora das portas. Saiamos, pois, a ele fora de entrada, levando a sua ignomínia. Aliás, não temos aqui cidade permanente, mas vamos em busca da futura (Hb 13, 1 2-14).

Saiamos do nosso egoísmo, saiamos de nós mesmos e carreguemos a nossa cruz; e se nos leva à morte, não nos importa, pois vamos com Cristo.

Não nos importa peregrinar e não ter um lugar fixo, porque estamos de passagem, caminhamos para a morada permanente, que é eterna e não deste mundo.

A Paixão do Senhor, Luis de La Palma, 1624.

Última atualização do artigo em 14 de abril de 2025 por Arsenal Católico

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