QUEM VAI PARA O CÉU?
Para o céu vão todos os que morrem sem pecado mortal.
Queremos ganhar o céu, custe o que custar.
Deus é justo. No momento da nossa morte Jesus Cristo vem para nos pedir contas. Se neste momento tivermos feito tudo o que Deus manda, Jesus nos encontra com a graça santificante e nos deixa entrar no céu. Mas se não temos feito o que Deus mandou, se tivermos feito pecado mortal, então não temos a graça santificante e Jesus nos fecha o céu. Jesus nos ensinou isto na parábola das dez virgens.
Antigamente nos casamentos, o noivo ia buscar a noiva à casa dela, trazia-a para sua casa e ali fazia o banquete das bodas. Dez virgens esperavam o noivo para o acompanhar à sua casa e ali tomar parte na festa. As virgens deviam ter lâmpadas acesas nas mãos.
Jesus, falando da hora da nossa morte, contou o seguinte:
Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens, que com suas lâmpadas saíram ao encontro do noivo. Cinco delas eram tolas, as outras cinco prudentes.
As cinco tolas não levaram azeite nas suas lâmpadas; mas as prudentes levavam azeite.
O esposo demorou e todas adormeceram. meia noite de repente gritaram: “Eis aí vem o esposo”.
E as virgens se levantaram e arrumaram suas lâmpadas. E as tolas diziam às prudentes: “Dai-nos do vosso azeite; pois as nossas lâmpadas se apagam”. Mas as prudentes responderam: “Não. talvez não chegue para nós e para vós. Ide comprar aos negociantes”.
E enquanto iam, veio o noivo.
E aquelas, que estavam prontas, entraram com ele para a festa e fechou-se a porta.
Então vieram também as virgens tolas e gritaram: “Senhor, Senhor, abri-nos a porta”. Mas o noivo respondeu: “Eu não vos conheço”, e deixou a porta fechada.
Esta festa é o céu, onde o noivo, Jesus, festeja o seu noivado com a Santa Igreja Católica.
Nós somos as dez virgens: estamos esperando que Jesus venha na hora da nossa morte. Então queremos entrar com Ele na festa do céu. Mas, para isso, é preciso ter o azeite, isto é, ter boas obras.
Devemos fazer tudo, o que Jesus mandou. Por estas boas obras, fica em nós a graça santificante, a luz, de que fala a parábola. A luz arde na lâmpada, porque esta tem óleo. A graça santificante fica em nós, porque fazemos o que Jesus mandou.
Alguns de nós são prudentes. Estão prontos com a luz da graça santificante na sua alma, pois fazem tudo o que Jesus mandou, isto é, não fazem pecado mortal.
Outros são tolos: não fazem tudo o que Deus mandou; fazem pecado mortal. Assim não têem azeite das boas obras e apaga-se neles a luz da graça santificante.
De repente morremos e Jesus vem. Os prudentes, os que estão sem pecado mortal, com a luz da graça santificante pronta, entram com Jesus para a festa o céu.
Para o céu vão todos os que morrem sem pecado mortal. Os tolos, os que estão em pecado mortal e por isso sem a luz da graça santificante, nunca entrarão na festa do céu. Batem à porta do céu e gritam: “Senhor, Senhor, abri-nos”. Mas Jesus responde: “Eu não vos conheço”. Jesus não quer nada com eles e deixa o céu fechado.
Para o céu vão todos os que morrem sem pecado mortal.
Há só dois caminhos para o céu: o caminho da inocência e o caminho da penitência. O caminho da inocência é o melhor, o mais belo e o mais fácil. Inocente é aquele que nunca fez pecado mortal. Quem nunca fez pecado mortal vai para o céu.
Por este caminho da inocência, maria Santíssima, São João, São Luiz e outros chegaram ao céu.
Convém pedir todos os dias as Deus que nos ajude a nunca fazer pecado mortal.
Quem já perdeu o caminho da inocência pelo pecado mortal, pode ainda seguir para o céu pelo caminho da penitência.
Pelo arrependimento e pela confissão pode ainda alcançar o céu.
Pelo caminho da penitência, São Pedro, Santa Maria Madalena, Santo Agostinho e outros chegaram ao céu. Muitos querem ser felizes no céu, mas não querem fazer nada para ganhar esta felicidade. Não se importam toda a sua vida dos mandamentos de Deus e da Igreja, e também antes da morte não se convertem nem se confessam. E pensam que, assim vivendo, ganharão o prêmio eterno!
Estão muito enganados.
Três homens estavam doentes. todos os três tinham um grande apostema. todos os três diziam que queriam alcançar a saúde.
O primeiro doente não quis que se chamasse o médico, nem quis tomar remédio, nem fazer nada para ficar bom. Este homem dizia que queria ficar bom; mas isso não é querer.
Assim muitos dizem que querem ficar felizes no céu, mas não querem fazer nada para ganhar o céu.
Querem ir para o céu, mas não querem confessar os seus pecados, não querem ir á missa não querem crer toda a doutrina da Santa Igreja Católica, até nem se esforçam para aprender a doutrina. Dizem que querem ganhar o céu; mas isto não é querer. Nenhum destes entra no céu. Jesus disse claramente, que só os que fazem esforços, que fazem violência a si mesmos entram no céu. Quem quer ganhar o céu, há de fazer sacrifícios.
O segundo doente pediu que lhe chamassem o médico e pediu a este um remédio, mas que não fosse muito amargo e muito menos consentiu que o médico fizesse uma operação. Isso também não é querer. Pode ser que haja ainda um remédio doce para aquela doença e neste caso talvez o homem fique bom. Mas se for preciso um remédio amargo ou uma operação, está perdido; pois não quer saber disto.
Assim muitos dizem que querem ganhar o céu. Fazem também alguma coisa para ganhar o céu: dizem-se católicos, não matam, não roubam, pois isso e fácil. Até, quando não custa, vão à missa nos Domingos. Mas alguém os ofende. É preciso perdoar. Mas isso custa, isso não querem. Estão casados só civilmente. Ouvem na Santa Missão, que isto é pecado mortal. devem casar-se na igreja ou separar-se. Mas há uma dificuldade: Isto custa. Então não querem! Querem ir á missa, mas alguém faz escárnio da sua roupa. Então não vão mais à missa! Querem-se confessar, mas ficam zangados com o padre. Então não vão mais à confissão! Querem ir á doutrina, mas não ganharam um santinho. Então ficam fóra! Eles não procuram a Deus. Deus é que os há de procurar a eles.
Então nunca serão católicos que prestem. Encontrando alguma dificuldade séria, já deixam o seu dever e fazem pecado mortal. O inferno está cheio desta gente, que quis ganhar o céu, mas não quis com toda a força da sua vontade.
O terceiro doente mandou chamar o médico e pediu o melhor remédio, embora fosse bem amargo e, sendo preciso, está pronto a sofrer uma operação. O médico pegou da lanceta, abriu o apostema e o homem ficou curado.
Isto é querer.
Felizmente há pessoas que assim querem ganhar o céu.
Não há missa na sua igreja que eles não aproveitem. Outros fazem escárnio deles. Isso dói um pouco. Mas eles querem ir para o céu e continuam a ir à missa. Alguém os ofendeu muito. Custa perdoar. Mas eles são tão bons para com o inimigo, como se este nada lhes tivesse feito. Pois querem ganhar o céu. Querem também que outros ganhem o céu: convidam outros a ir à missa, à doutrina, à confissão. Muitas vezes recebem deles respostas grosseiras. Mas continuam; pois querem ganhar o céu.
Isto é querer ganhar o céu; e quem quer assim estará um dia feliz na glória eterna e muito contente de ter feito tantos sacrifícios para ganhar aquela glória.
Para ganhar o céu devemos crer tudo o que Jesus ensinou e fazer tudo o que Jesus mandou. Quem numa coisa grande não faz o que jesus mandou, faz pecado mortal e, neste estado, não pode entrar no céu. Peçamos muitas vezes a Deus: “Venha a nós o vosso reino”. Este reino de Deus é o céu.
Santa Felicidade tinha sete filhos e ensinava-os bem na santa religião católica. O governo pagão mandou prendê-los a todos. Santa Felicidade só tinha medo de que algum dos seus filhos renegasse a fé. Aquela santa mãe disse: “Meus filhos, olhai para o céu! Ali vos esperam Jesus Cristo e seus santos. Combatei pela salvação das vossas almas. ficai fiéis ao amor de Jesus Cristo”.
Santa Felicidade viu morrer cada um de seus filhos e sofreu muito. Mas o sofrimento dura pouco, e eterna é a alegria. Depois dos filhos mataram também a mãe, e agora Santa Felicidade já está há muitos séculos no céu, feliz com seus filhos.
Para o céu vão todos os que morrem sem pecado mortal.
Peçamos muitas vezes a Deus:
“Venha a nós o vosso reino”.
Explicação do Pequeno Catecismo, Pe. Jacob Huddleston Slater, Doutor em Teologia e Filosofia Escolástica, 2ª Edição, 1924.